Coleção pessoal de whoisadecio
De uns tempos pra cá, venho perdendo meu sono, puxando memórias nos mais profundos e obscuros becos que compõem meus pensamentos, acontece que a minha ida foi o suficiente para me fazer perceber o que eu tinha quando estava com você, ao seu lado. A maneira de como eu fui embora ainda chicoteia o que sobrou do meu consciente, até hoje. Foi quando os seus cabelos claros dançaram ao ritmo dos ventos que eu percebi que você era especial, quando nos perdíamos em conversas que só nós dois conseguíamos entender. E eu não queria ter ido, mesmo tendo eu te expulsado e sendo o causador da nossa tempestade. Eu sinto falta da maneira de como você chamava meu nome, dos apelidos que você colocou em mim, da maneira de como você ficava corado quando eu dizia que te amava, era tudo tão raro, tão único, tão singular. Eu só queria ter percebido isso quando ainda éramos dois. É egoísmo meu querer te dizer que me arrependo, eu sei. Eu só espero que você ache alguém que te ame genuinamente, assim como eu nunca fui capaz de fazer.
Há dias em que eu não sinto o que pulsa dentro do meu próprio peito. Há dias em que eu não consigo distinguir o que é respirar e o que é suspirar. A luz que, um dia, revestiu todo o meu ser, hoje, não passa de trevas cobrindo o que um dia fora Alvorada.
Eramais fácil na época em que eu corria para o sofá da sala ver desenhos. Às 5:30 da manhã. Na época em que eu via meus pais como anjos que me abençoaram com o sopro da vida. E hoje, minha caminhada consiste, apenas, na presença de demônios. Criados e cultivados, aparentemente, por mim, dentro de mim.