Coleção pessoal de BrendaOliveira
Quis pausar o tempo no sorriso
Vendo os lábios tocados no não-toque
Respiração sentida mesmo que distante
O ofegar,
A pressa e a vontade de demorar
O disfarce sem querer disfarçar
O partir querendo ficar
Nunca me disse não
Mas nunca me deu o sim que desejei
Quis transformar o não em sim
E me perdi de mim
Confundi expectativa com realidade
Saudade com talvez
De vez em quando com final feliz
Até não suportar mais o meu
Eterno autoengano
Até me obrigar a aceitar
Que não seria mais a sua escolha
Estranho querer falar quando só me resta o silêncio
Estranho esperar sem saber até quando
Estranho te sentir mesmo não estando
Estranho o que essa falta sussurra, ou melhor, grita aqui dentro
Estranho ser o contrário do que desejo
Estranho a falta dos minutos nossos
Estranho o que permanece sem nunca estar aqui
O verbo das minhas entrelinhas
O silêncio que ensurdece
A calmaria da minha loucura
A ebulição dos meus pensamentos
Não foi a vibe, foi a letra.
Foi me ver nas entrelinhas.
Foi rever sensações.
Eu nunca tive medo,
Mas você não parece ser bem um lugar seguro...embora eu quisesse.
Eu só me libertei de você quando percebi que nosso desejo de proximidade tem motivações totalmente diferentes. Eu destemida, querendo tudo e arriscando demais para poder te ter por inteiro. Você reservado, esquivo, monossílabico e achando suficiente me ter em partes e somente às vezes. Desejos iguais, intenções diferentes.
Estranho te revisitar, mas isso é algo que ainda faço, por motivos distintos, às vezes, mas quase sempre são pelos mesmos. Estranho pensar no que não passa, no que não some e nas coisas que insistem em pulsar, mesmo que o tempo não tenha sido nosso melhor amigo. Estranho ter conversas estranhas com você, estranho querer sempre mais, estranho não querer parar, embora saiba que preciso. Estranho o que não foi e mais ainda, o que ainda é.
A dor de perceber que o jeito que você escolhe permanecer perto de mim é justamente o que me afasta de você.
Esse quase do que não foi
Esse talvez do que não aconteceu
Nada além de estranhezas
Ainda mais estranho quando
O que te aproxima de mim só me afasta de você.
Uma porta entreaberta
De onde contenta-se em me espiar
Nada além, nenhum passo a mais
Nem se tranca, nem se escancara de uma vez
O jeito mais estranho do quase
A mistura mais triste do talvez...
Ela adora quando você decifra suas linhas e entrelinhas, quando entende mesmo quando ela não fala, quando sente o seu querer inconfesso.
O que fazer quando ela pulsa aqui dentro?
Em quais caminhos ela não está?
Como silenciar sua inquietação?
Existe uma forma de não permitir que
ela bagunce os meus sentidos?
Perdida em você
Dançou com todos os sentidos
Brincou com sua sensualidade
Experimentou o movimento
Sentiu o suave toque mesmo que distante
Desejou a ardência da mistura
Quero que você me leia
não para mudar o que foi
ou deixou de ser,
mas dividir com você
todas as versões de nós
que eu pude conhecer
até hoje.