Coleção pessoal de borbolla
"Pare e faça uma reflexão sincera. Você não estaria exageradamente centrada em sua dor? Você não estaria forçando um pouco as coisas, pessoas e acontecimentos à sua volta, a girarem em torno de você? Observe, acima de tudo, se você está feliz e se está promovendo a felicidade de quem convive com você…"
É uma forma [o complexo de vítima] muito dissimulada de você fugir à responsabilidade e preguiçosamente não se esforçar para resolver os próprios problemas, permanecendo, assim, infantil, dependente e, por consequência, impotente.
Esforçar-se para sair de si e dedicar-se ao serviço ao semelhante. É a melhor forma de esquecermos e curarmos nossas dores: tratar as dos outros. Quanto mais nos concentramos em nossos problemas, mais eles se avultam, inclusive os orgânicos. E quanto mais saímos de nós mesmos, para oferecer uma palavra de conforto, um momento de atenção, um gesto de amor, mais nossas dores diminuem, até sumirem de todo. Eis por que Chico Xavier, sempre tão doente, continuou trabalhando pelo próximo, carregado e praticamente mudo, até os 92 anos de idade.
Nascemos para a glória da cocriação com Deus! Somos seres autopoiéticos, artífices de nosso futuro, construtores do nosso e dos destinos de nossos entes amados e da humanidade como um todo. Cabe-nos o crescimento ininterrupto rumo à autotranscendência, à autorrealização, à plenificação de nossas consciências, com o contínuo desdobrar de potenciais, no fluxo constante da inspiração vocacional, do autogerar-se um pouco todos os dias, em direção ao infinito e à felicidade…
Não desista do que seu coração lhe pede, não abra mão de viver sua vocação, sua felicidade, não deixe de amar sem medidas, de fazer o seu máximo pelo bem do semelhante. Hoje é o dia de você declarar seu amor a seus entes queridos. Hoje é o dia de você fazer o que seu ideal lhe inspira. Hoje é o dia de você ser feliz! Que importa o que pensem ou o que digam? Será que a preocupação com as aparências deve ser maior que a dor da alma que se violenta, que se oprime, que se massacra, que se consome no vazio de uma vida sem sentido?
Nada há de graça nesse mundo lamentavelmente ainda coalhado de dores. Não por acaso o nosso primeiro texto publicado, em 26 de abril de 1990, foi intitulado “A Dor”. Isso digo com toda autoridade de quem propõe a felicidade como dever e compromisso para a vida de todas as pessoas. A questão, entretanto, é que muita gente quer uma vida fácil, isenta de desafios, incertezas e fracassos, como se fora possível evoluir sem errar, sem adquirir experiência.