Coleção pessoal de bibis17
Enquanto reclamas de tua mordomia, teu irmão sonha com um pedaço de pão.
Enquanto dormes em berço de ouro, teu irmão se deita em trapos imundos.
Mas como somos egoístas e nos dedicamos em vão,
Todos vivemos em buracos profundos.
Sabemos que existe diferença entre o bem e o mal.
Mas por que a diferença entre ricos e pobres?
Será que este mundo é de certo modo animal,
Onde prevalece a lei do mais forte?
Queremos um mundo melhor,
Mas melhor para quem?
Para o que sobrevive de seu suor,
Ou para o que só pede e depois diz amém?
Devemos ter caráter e determinação,
Pois sem isso não construímos nada.
E aí, realizaremos tudo em união,
Ou deixaremos a sociedade toda atrapalhada?
peso do mundo
eu sei como é cansativo carregar o peso do mundo. e como é difícil ser essa pessoa que sente tudo, como se qualquer relação fosse te sufocar. como é difícil se manter razoável, quando amar alguém requer coragem e você nunca soube ser menos do que intenso.
eu sei como é cansativo deitar a cabeça no travesseiro à noite e pensar em quantas pessoas você já deixou ir embora por medo de que vissem sua honestidade; por medo de sentirem sua sensibilidade e fugirem.
você antecipou o fim pra que elas não te enxergassem como humano e quão destrutivo isso é? aceitar que o outro não te enxergue como aquilo que você nasceu pra ser: inteiro e imenso
eu sei como é cansativo lutar pra mostrar menos pra não assustar pra não ser demais, porque ser demais, às vezes é ruim. então à noite, pouco antes de dormir, você se esconde atrás de todo o choro e dormir, pra não ter que pensar.
eu sei como é carregar a culpa se saber da própria intensidade. quando descobri que meus sentimentos eram mais intensos do que amenos, eu chorei. perguntei à minha mãe se era justo comigo que todas as sensações do universo me habitassem.
e ela me respondeu, sorrindo, que eu era aquilo que deus me criou pra ser.
e eu era muito, demais.
eu sei como é estar cansado de si próprio e das cobranças pra ser menos.
eu diria a mim mesmo: dessa vez você vai amar na medida, dessa vez você vai amar com cuidado, dessa vez você não vai assustar.
mais si que razão e emoção não dão as mãos e não caminham juntas.
e então eu tive que entender que nem tudo sairia da maneira que eu gostaria. e essa era a maior dor que poderia dormir sobre meus ombros.
e tem dormido desde então.
eu sei como é difícil não admitir que se é gigantesco porque acredito que você seja igual a mim: coração imenso, vontades violentas e entregas absurdas.
eu sei como é se segurar pra não correr atrás e pedir: volta, por favor, volta!
e se segurar pra não desmoronar na frente de decisões inesperadas - ele vai embora pra nunca mais voltar.
o peso do mundo são nossas mãos tentando abafar a dor da partida.
o peso do mundo é a sensibilidade sendo colocada dentro do armário pra não machucar ou importunar alguém.
o peso do mundo são as vezes que decidimos nos doer a ter de cobrar alguma coisa.
porque a gente entendeu, finalmente, que se não for pra ter alguém ao nosso lado que consigo olhar no olho da nossa entrega e admirá-la, não há motivos pra ficar.
não há motivos pra seguir.
e então seguimos
sozinhos