Coleção pessoal de biahs
Todas as manhãs
o amor pousa,
delicadamente,
sobre a minha janela.
Estendo as mãos,
tentando alcançá-lo
- exercício diário.
(Todos os dias vejo o amor
qual pássaro faminto
à procura de sombra
e de sementes.)
Já tinha fechado as janelas da minha velha casa
para não ver quem fosse por ela passar.
Mas ao ouvir o som dos teus passos tímidos
olhei pelas frestas
e vi os teus pés
espalhando pétalas pelo caminho.
(Então te escrevi aquela carta de amor
em que eu te dizia
que a minha letargia paralisara os ponteiros.)
Hoje, meio-dia de um dia inteiro:
tempo de deixar as portas destrancadas,
me debruçar na janela
e te esperar.
Procuro um pedaço de terra
onde a ternura encontre espaço
para florescer
- e adormecer - despreocupada.
Procuro este jardim em potencial
onde as palavras -
borboletas cansadas -
possam deitar suas asas
e dissipar as dores
de sua breve existência.
Procuro um jardim
onde se possa plantar e colher
sentimentos não-sintéticos.
Procuro flores de verdade
para abrigar os sentidos,
adornar os meus dias.