Coleção pessoal de betobiernath
A montanha está aí, bem à frente! Quem tem coragem de escalá-la? O caminho inicial é longo e sinuoso, exige a mais difícil das etapas: a aceitação em esquecer tudo que se tem e que conquistou até aqui. Aceito o desafio, é preciso cegar-se ao passado. Serão dias e noites ao relento obscuro da solidão; não há ninguém para conversar sobre as descobertas nessa trajetória, tudo o que se ouve são vozes vinda do longe, que ridicularizam a subida; é bom acostumar-se à críticas destrutivas! Olhar para cima mostra alguns que a aceitaram o desafio e dão dicas valiosíssimas, mas o seu caminho é de responsabilidade sua! Há momentos em que é preciso entender que você nada sabe e ninguém é, pois tudo aqui é novo e depende da aceitação que você não teria se ainda fosse o mesmo do início da subida. As tortuosas trilhas tornam-se cada vez mais presentes, testando ao máximo sua humanidade - insanidade, eu diria. Liberdade não faz parte da subida, tampouco ajuda. Pés descalços, mãos calejadas e pele esfolada testam sua resistência. É preciso esquecer os cinco sentidos e deixar-se levar pelo sexto, pois os atalhos estão dentro de si mesmo; ensinamentos desabrocham o que você já sabia, tudo está intrínseco ao interdiscurso presente em sua mente. Por vezes, não conseguirás sair do lugar e lhe parecerá ser plausível voltar, mas é aí que você descobrirá o que tem em si. Desafio aceito? Vende os olhos, tape os ouvidos, abdique do seu paladar, esqueça o tato e rompa com seu olfato.
Ensejos na escuridão da noite
Que contrastam com a solidão frente às luzes artificiais das máquinas
Que se opõe à popularidade virtual
Mas que tomam conta de seu ser
Tudo o que vê são vultos e sombras
Que lhe despertam sentimentos de penumbra
Que lhe remetem ainda mais solidão
Mas que lhe fazem discernir a realidade
O silêncio natural esforça-se, mas inexiste
É quebrado por ruídos de teclados e alto-falantes
Diferencia-se dos empolgados sorrisos desconexos de alguns
Mas escondem suas fraquezas e tristezas
Segue assim a noite
Segue assim a vida
Soa como um encontro com a superficialidade
E das virtudes uma despedida
Talvez arrancar um sorriso sincero do outro não seja uma boa, pois parece ser melhor arrancar uma risada por uma piada; talvez abrir o coração e mostrar quem você realmente é não seja uma boa, pois parece ser melhor vestir uma máscara que o enquadre como um sujeito normal; talvez expor todas as suas crenças e ideologias não seja uma boa, pois parece ser melhor aparentar ser só "mais um" comum; talvez mostrar seu verdadeiro 'eu' interior não seja uma boa, pois parece ser melhor prender-se no superficial que atinge, seduz e conquista. Talvez eu é que não goste, não sou ou não prefira as coisas certas, e aí eu é que devo rever meu próprio ser, mas tudo no talvez...
E essa modernidade tecnológica tão presente em nossas vidas, em nosso cotidiano? Ela que 'substitui' a companhia da pessoa quando ligada na tomada; ela que representa alguém presente no quarto quando viramos para o lado à noite e estamos com a televisão ligada; ela que influi em nossas vontades e desejos através de 'novas notificações'; ela que transmite som, ilumina, entretém, distrai a hora e o momento que quisermos, mas não substitui a ternura que sentimos ao receber um abraço, ao afeto presente em sentirmos a presença de uma pessoa real por perto; ela que, a cada dia mais, toma controle das nossas vidas, mas não preenche o vazio de afagos que o ser humano sente; ela que nos deseja boa noite todos os dias, mas sem um beijo; ela que traduz sentimentos em bytes, palavras brotadas do coração em textos formados com certa apreensão... Digo isto como um refém da tecnologia que sou, mas não fechado totalmente à ela, e sim buscando uma trilha que me afaste da selva tecnológica que engole cada vez mais humanos.
É, diz minha mente de forma incessante, enquanto alunos estudarem para passar de ano, enquanto homens e mulheres relacionarem-se casualmente para manter a "moral", enquanto a superficialidade representada pela aparência for mais valorizada que a terna essência do ser humano, seguiremos como atores coadjuvantes nesse espetáculo teatral a que estamos submetidos; ora somos escalados para algum papel, mas sempre seguindo o roteiro pré-definido; ora estamos na platéia aplaudindo o show em cartaz com um indigesto e espúrio sorriso.
Mesmo parecendo que nunca encontrarei meu espaço, sei que um dia ele surgirá; mesmo que eu tenha dificuldade em crer nisto, minúsculas células do meu corpo acreditam firmemente que sim, acharei meu canto; mesmo que o desânimo prevaleça, a limitada esperança ainda não se extinguiu por completo; e enquanto eu não tiver a completa certeza da derrota, alimento em mim possibilidades imaginárias de acerto, êxito.
Tenho um grande amigo que vive dizendo ser um cara apaixonado, mas por uma mulher que ainda não conhece! Quando a razão o questiona sobre isso, ele diz que seu romantismo é forte e latente demais para alguém que não guarda amor suficiente para dois em seu coração; questiono a ele se o que ele sente é amor, de fato, e ele me responde que tem uma quase certeza disto, pois o sentimento que ele guarda tem requintes de paixão, pois isso ocupa seu ser de tal maneira que ele nem liga para encontros casuais, e também tem ingredientes de amor verdadeiro, pois isso que ele sente já vem de longa data e tornou-se parte integrante do seu ser; entre um gole e outro de chá-mate, o instiguei a relembrar seus antigos romances, na expectativa de que ele resgatasse algum romance antigo, mas ele dissera que seus antigos relacionamentos, embora intensos, ainda não atingiram o que ele idealiza e sonha; então, com tais afirmações dele, asseverei que talvez ele alimente algo que possa nunca ocorrer, que talvez ele espera demais do outro, e ele me assegura que guarda isso em seu infinito pessoal, mas que na hora certa revelará a alguém e tem a certeza que seu solitário e deserto infinito pessoal deixará de ser habitado por um único ser. Surpreso com tais constatações, pergunto se ele não teria receio em contar isso, e ouço a resposta de que vergonha é criar uma identidade falsa para esconder o que pensa ou sente. Após o último gole em meu chá, levanto da cadeira, dou uma última olhada no espelho, deito na cama e busco o sono que me leva ao meu mundo.
Deito em minha cama, acosto-me junto ao meu travesseiro, dou uma longa respirada de alívio e faço a auto-reflexão inerente ao meu dia; fecho os olhos, ajeito o cobertor e tento esvaziar minha mente para dormi, mas não consigo! Algo está presente em meu pensar, impossibilitando meu sono; então viro, tento me concentrar novamente e até consigo cochilar, mas meu inconsciente me desperta alguns minutos depois, mas o que será que tanto me prejudica? Será um sentimento de fracasso? Será um incômodo por não conseguir quebrar as amarras que me prendem ao meu passado? Ou será o medo do futuro? Não, não, talvez seja a eterna saudade do incerto, do dia não-mecânico, não-programado! Parece que só ele é que me proporcionará um momento gratificante para esvaziar minha mente o suficiente para me render ao descanso diário, que talvez hoje eu não mereça...
O tempo passa diante dos meus olhos como se fosse um incessante meteoro que viaja na velocidade da luz; diante de minha percepção, o tempo passa lenta e vagarosamente, como se fosse uma tranquila e serena ampulheta que completa 1 hora em 1 mês, 1 ano; e nessa confusão entre espaço-tempo em que vivo, já não sei mais a que lugar pertenço, a que lugar vivo, quem conheço realmente; preciso me achar, voltar meus pensamentos ao rastro do meteoro e meus sonhos ao sabor da velocidade da lenta ampulheta...
Sou constituído por minhas vivências e experiências; alguma boas, várias ruins; faço dos meus dias um processo de evolução, mas com profundas marcas do passado; a lamúria faz parte do meu ser, e com ela devo aprender, viver; se olho pra trás, vejo uma grande e flamejante dose de alegria; se olho para a frente, vejo a incerteza que toma conta do meu pensar, porém, acho que não devo temer! Não me entrego ao padrão de comportamento ideal, pois não quero me esconder; amanhã será um novo dia e novos pensamentos surgirão ao alvorecer... Talvez meu pensar poderá se diferenciar, mas sempre em evolução.
Fui apresentado à ela há alguns anos, tempo suficiente para conhecer sua essência e saber do que ela era capaz. Com o passar do tempo, fui me acostumando a ela, o que não quer dizer que ela tenha mudado minha vida para melhor, pois nem sempre o hábito a algo é benéfico. Nos últimos tempos, a sinto mais próxima, cada vez mais junto ao meu ser. Hoje, após alguns anos a tendo em minha vida, consigo senti-la o suficiente para discernir sobre ela e descrevê-la: SAUDADE! Mas do que, de quem, de quando? Essas respostas ainda não tenho, mas creio que as terei em breve.
São tantas situações vivenciadas, tantas lições aprendidas, tantos casos e acasos, encontros e despedidas;
Perco-me em meio a tudo que vi, ouvi, senti e aprendi;
Não sei como me achar no meio disso, não sei se serei capaz de agregar experiência suficiente ao meu ser para nunca mais errar;
Se errar, justifico meu erro com o velho discurso de que "sou humano", erro como todos;
Mas a verdade é que eu não soube assimilar meus aprendizados ao longo do caminho que trilhei até aqui;
E se errei, é porque meu sentimento foi mais forte que a razão... Espere, há algo mais humano que isso? No dia em que eu não cometer mais erros por parar de sentir, deixarei de ser humano, deixarei de existir!
Percepções pessoais absolutas são tão efêmeras quanto o envolvimento que sentimentos com um sonho que tivemos pela noite.
Simples como viver, é a arte de entender que amigos você conquista com sua real essência de ser, bens você conquista com seu ‘proceder’ e imagem você conquista com seu amadurecer; desses, quando seus bens e sua imagem nada puderem fazer, recorra aos leais e fiéis amigos, pois o sentimento entre vocês lhe socorrer! (Chega de “er”; basta ler!)
Lá, há uma chuva que começa fina;
Ganha forças à medida em que o tempo vai passando;
São lembranças que trazem arrependimentos;
Até mesmo as boas lembranças contribuem com a formação de uma chuva torrencial;
Apesar disso, essa chuva lava os caminhos por onde escorre;
Há um breve momento em que ela diminui de intensidade, como se fosse possível um breve respiro de alívio;
Mas logo volta a maximizar a água que cai, e com ela novamente toda aquela melancolia;
Entretanto, ela não será eterna;
Ela terminará no momento em que tudo estiver apaziguado, renovado;
E assim renascem as esperanças de um caminho melhor e sem tantos percalços;
E a chuva chega ao seu fim;
Então limpo meus olhos vermelhos;
Respiro aliviado e esperançoso;
E assim termina meu pranto que 'lavou'
minha alma e escorreu meus sentimentos ruins...
A vida do ser humano, salvo raríssimas excessões, dá-se por um emaranhado de altos e baixos; há dias em que nada parece dar certo, parecemos inferior a tudo e todos, porém há dias em que o esforço e dedicação são reconhecidos - por vezes, até de forma inesperada - e recompensam todos aqueles dias em que nada parecera bem! O importante é saber que dias bons sempre existirão para aqueles que o buscam, independente dos percalços!
E se o passado se tornasse uma dimensão acessível, você faria diferente? É bem verdade que, graças ao erros e deslizes, adquirimos experiência e aprendizado, portanto, talvez os erros não sejam de todo maléficos! Mesmo assim, não há quem não sinta saudade do passado, de determinadas situações vivenciadas e períodos marcantes! Não há como não pensar nisso ao passarmos, por exemplo, sobre uma mesma calçada que já passamos há uma década, e aí vem o pensamento "mas e se eu tivesse virado à esquerda ao invés de seguir em frente?"; pois bem, a chance não será dada, não há como voltar atrás e desistir do já feito, mas há, sim, como não alimentar arrependimentos e acreditar que sempre é possível melhorar!
Não há como sair imune de uma situação de adversidade no que diz respeito à formação da personalidade e caráter de uma pessoa; tudo, absolutamente tudo, refletirá em nossa formação/percepção acerca de tudo que vivenciamos! Talvez o melhor conselho seja aquele que diz: "relaxe, não leve em consideração e não remoa sentimentos negativos".