Coleção pessoal de BERNARDOSIQUEIRA
Todos os dias no Brasil, pedras são arremessadas contra mulheres, em todo país, quando deixam seus filhos em casa para enfrentar o mundo dos homens. Muitos podem pensar que é exagero tal afirmação, porém estes pedregulhos impalpáveis ferem o orgulho e a moral da mulher dia após dia. A desvalorização da mulher perante o homem no mercado de trabalho e a visão da mulher como objeto de consumo são apenas uma lasca de pedras cultivadas desde os primórdios da história da humanidade, o que de certa forma perdura até hoje.
Celulares pingam sangue em todos os cantos do mundo, enquanto vozes e vidas de muitos são silenciadas por calibres. A tecnologia cobra em vidas inocentes o preço do avanço. Em buracos escuros de minas de exploração na África, a mais de cem metros do chão, é cada vez mais difícil enxergar a luz da esperança, em um ambiente tomado pela escuridão de estupros, escravidão, e guerra.
Quando surge um grito de esperança, percebemos que vale a pena acreditar em uma mudança e que ela está mais próxima do que imaginamos. Estes gritos ecoam todo dia em inúmeros berçários espalhados pelo país e talvez neles esteja a última gota de esperança do povo em conter suas lágrimas e deixar de esperar.
Dizem que o Brasil é gigante por natureza, porém acredito que o pensamento de muitos que aqui vivem não é tão gigante assim. Em plena época de Natal em que a solidariedade deveria estar aflorando no coração de todos, é possível perceber o sentimento individualista desabrochando em grande parte da população. Empresas até fazem campanhas para que crianças carentes possam ter literalmente um feliz natal. Mas será que isto é o suficiente para resolver seus problemas? É claro que não, pois o Natal passa e a fome e a miséria não, duram o ano todo.
O Brasil é um país muito grande e rico em todos os aspectos, o que não seria a justificativa para tamanha desigualdade social. No entanto, continuamos com vontade de evoluir, sem nada fazer, apenas com vontade. Talvez seja atitude o que nos falta. Atitude em olhar para o lado, em pensar no outro, deixar de pensar apenas no grupo que estamos inseridos e começar a pensar no todo.