Coleção pessoal de BermejoAline
É assim, um pouco disso e um pouco daquilo e voltamos para o eixo. É bom lembrar que as vezes o mundo precisa parar de girar, e mesmo que naquele momento breve e vertiginoso nos sintamos perdidos, é aquele momento e apenas ele que pode por vezes nos devolver a paz. E nos tirar do tédio e da agonia de horas insípidas, de memórias de gosto amargo. Todo mundo uma hora ou outra precisa ser resgatado, a sorte é de quem tem alguém que o resgate e a quem resgatar.
Você sabe saudade?
Aquela que vem sem avisar como um vento quente que toca a nuca, trazendo de leve o seu cheiro. Aquela mesma que é doce e molhada como o primeiro toque dos lábios num copo de água gelada no calor de meio-dia, que traz de leve o seu gosto, o doce salgado da sua boca.
É assim que não sinto agonia mas um prazer largo em te esperar, uma graça e uma alegria esperando o momento em que estes meus olhos cansados vão tocar a sua imagem e o meu coração vai disparar, eu vou te abraçar e tocar os seus cabelos. E os nossos rostos, os nossos gostos, as nossas roupas vão se confundir e não estaremos mais sós.
Ele roubou sim, roubou a calmaria das horas sem fome da minha vida. Roubou a paz das minhas tardes e sossegos dos dias de semana sem ansiedades. ele roubou na medida em que me devolveu também, um frio na espinha, um suor nas mãos, devolveu uma vontade de sorrir sem motivo, uma lágrima sentida por qualquer deslize bobo...
Nos salões do triste e do vazio, junto com a alma pálida da solidão, a bailarina dança sozinha, nas pontas de pés descalços, os seus dedos frios traçam no chão a história da sua vida que desta mesma maneira, em pontas de dedos, se tornou o que é agora. Um amor vazio, numa tarde chuvosa e cinza como esta, ela pensa em desistir e se cansar, mudar; mas é muito tarde para deixar pra lá, é muito tarde pra deixar de ser quem se é, e mesmo o orgulho ferido da bailarina é pouco, ela está atada a essa realidade assim como as fitas de cetim nos seus tornozelos.
Em preto e branco
Mais preto que branco descoberto naquele ser de olhos de fogo, olhá-lo era como olhar a noite profunda.
Existe algo que não é humano na sua composição, não pelo olhar cruel de despir a alma, nem por suas mãos pálidas, perfeitas como esculturas em marfim. É algo na dureza de mármore da sua personalidade, na aspereza do todo que é ele. Existe algo na sua postura de anjo dissoluto que eu não poderia traduzir em palavras. Como uma contínua repetição das sensações, um querer fugir como se algo me perseguisse.
Agora mesmo eu posso vê-lo a um palmo do meu rosto com os olhos flamejantes, arrematados de negro. Eu não conheço o seu cheiro tampouco senti o seu toque. Tanto que vi daquele ser era oque se pode ver olhando por cima do ombro, quando ninguém percebe.
Sobre expectativas
Hoje eu fui comprar sorvete, esses sorvetes de potinho que as pessoas vendem nas suas próprias casas nos subúrbios. Lá de dentro da casa vem um garotinho de mais ou menos 6 anos, eu pergunto:
- tem sorvete de quê?
o garotinho: tem de açaí, tapioca e de brasil.
me contive um instante, mas que diabos era sorvete de brasil?
-Vou querer o de brasil.
Chegando em casa feliz com o meu sorvete "de Brasil" em mãos, abro a tampinha do pote e dando a primeira colherada no sorvete descubro que tanto o lado verde quanto o lado amarelo eram de tapioca.
Eu acho que o "sorvete de Brasil" é um paradoxo da atualidade.
Desacorde
Eu queria me perder na imensidão azul do seu olhar
Mergulhar no brilho claro do teu sorriso pretensioso
e esquecer...
e ir...
Você está tão certo não é? Está tão claro nos ângulos do seu rosto
os traços fortes da sua personalidade, da sua graça.
Eu queria estar tão certa quanto você.
Desconcerto
eu falo, eu grito, eu canto
eu converso e me mostro
eu me pinto diferente, melhor
quando eu lhe falo tudo muda
reascende em mim um fogo-fátuo
eu tenho cor e tenho força
eu sou tudo aquilo já esquecido
ora, boba em crise adolescente
hora de graças, devaneios
ansiedade, bobagem
...
Ela agarrou a mão dele como quem segura a salvação, naquele mar de gente, numa caminhada cega. Não havia medo, as roupas molhadas pela chuva e não sentia frio, os braços ao alto “caminhando e cantando e seguindo a canção”. A força da multidão era a mesma com que seu coração batia desenfreado, louco. Esperança boba de um beijo de cena histórica, mas não havia tempo para romance era tempo de lutar, de levantar os braços e gritar. E se perderam na multidão, da mesma forma que muitas vezes haviam se perdido um do outro na vida.
Hoje eu queria deitar o meu corpo cansado no conforto do teu cobertor, apoiar a minha cabeça pesada de ideais na tua repleta de sonhos. Eu queria imaginar que amanhã não tenho que trabalhar, que não tenho grandes preocupações para a semana ou para o ano, para a década. Eu queria lembrar de quando só ficávamos deitados contemplando o ócio das tardes/manhãs das nossas vidas. Triste é saber que com meus braços erguidos, a minha voz e a minha força eu posso mudar tudo, mas não posso mudar quem és.
.Vítima.
somos a melhor história de caso perdido de que eu já ouvi falar. Nossos encontros são sempre desencontros, os nossos acertos nunca são concretos mesmo porque nessa relação louca que vivemos não existe nada concreto. Somos de todo imaginário e a maior parte fui eu, sozinha, que imaginei. Eu não quero mais ser vítima dos seus caprichos, mas acima de tudo eu estou cansada de ser vítima de mim mesma. Eu quero acordar e pensar nas milhares de coisas que me preocupam e que você não seja mais uma delas. A verdade é que eu estou extremamente cansada de você ser sempre você. Triste é que mesmo nessa última frase ainda guardo esperança de que você mude de ideia e se dê conta, antes que seja tarde demais.
Eu uso o sentimento para escrever, eu não escrevo pra desabafar. O desabafo nunca me ajudou em nada, estou acostumada a resolver os meus problemas (mesmo os imaginários) sozinha, ou deixar que o tempo em toda sua glória transforme as cores vivas daquelas lembranças em meros borrões e manchas sem dor. Falar oque me move nunca me ajudou e nem mudou os rumos das minhas decisões.Eu uso o sentimento para escrever, eu não escrevo pra desabafar. O desabafo nunca me ajudou em nada, estou acostumada a resolver os meus problemas (mesmo os imaginários) sozinha, ou deixar que o tempo em toda sua glória transforme as cores vivas daquelas lembranças em meros borrões e manchas sem dor. Falar oque me move nunca me ajudou e nem mudou os rumos das minhas decisões.
Foi naquela manhã de um dia quente de junho, quando ainda de olhos fechados ela sentiu aquele corpo quente envolvendo o seu, num abraço tão amado e familiar que ninguém poderia dizer que abraçava igual.
Conforto de cobertor e dedos dos pés enroscados
Abraço de cintura e pescoço
Mãos dadas, enlaçadas
Cheiro na nuca, cabelo de mulher
Nebulosa como um sonho a noite foi vivida em tons e cores tão fortes que embora acordados, eles ainda se sentem sonhando. Naquela manhã ela decidiu que a sobriedade do seu beijo era muito mais fácil e terna que as horas perdidas em que por vezes passaram a falar e repetir palavras bêbadas sem nada acrescentar aos seus pobres seres.
Eu acho que está na hora de trocarmos o :
"Me ame..."
por:
"Me acompanhe...".
Afinal estamos todos cantando que almejamos o amor e sermos amados, mas oque queremos lá no fundo, lá no quarto sentados na beira da cama sozinhos com uma revista velha nas mãos, é o conforto morno de uma boa companhia.
Sempre ouvimos o discurso "aprenda a dizer não!" e quando finalmente entendemos o quanto isso é valioso e indispensável para uma vida adulta saudável, nós adultos saudáveis nos perdemos no nosso mar particular de nãos.
Não e não, definitivamente estamos certos, ora já vivemos muito disso e sabemos!
Acho que aquela felicidade que tanto aguardamos (se é que ela existe desse jeito) deve estar escondida nos sims que não dizemos. Devemos reaprender a dizer aquele bom e velho, sincero e despretensioso SIM!!!
"Ás vezes o amor não é muito mais que partilhar uma vida ociosa, dividir um momento bobo, tomar café de tarde e comer pupunhas cozidas. Essa vida simples e sem fortes emoções pode parecer sem graça, mas definitivamente o amor que aprendemos vendo filmes de tarde nos canais abertos nunca vai ser próximo da realidade, não se pode viver em constante aventura, é tolo aquele que acha que o amor correspondido vai mudar para sempre a sua vida, trazendo tudo oque achou que faltava aos seus dias. O amor consiste em ter uma boa companhia, uma boa conversa, um abraço quente para dormir; é ter alguém para te apoiar e te abraçar beijando a sua cabeça quando você está só e se sente perdido. Aquele amor que você menospreza meu amigo, é apenas continuar vivendo a sua vida sabendo que existe alguém com quem você não tem nenhum laço sanguíneo, com quem você não cresceu e há pouco tempo não conhecia que viveria tudo por você, que seria os seus degraus e os seus olhos e o seu braço direito. Mas você quer aventura? Pegue a sua mochila e vamos embora manhã!"
"O facebook é o divã da vida moderna, você enfrenta seus monstros particulares externando seus sentimentos de tal modo que não faria se fosse cara a cara com as pessoas. E além do mais é saudável porque estamos ocupados demais sentados em frente ao computador pra sairmos com armas em punho pra cometer assassinatos."
"O seu pedido de desculpas fechou o último ciclo na nossa história, O nosso filme finalmente acabou e as letrinhas já podem subir. Eu esperava isso há muito tempo, só nunca imaginei que aconteceria. mesmo desta maneira torta e mal estruturada, o seu pedido é válido e eu estou em paz!"
"Imensa é a paz que se sente quando recebido um pedido de desculpas de alguém que nunca achou que te devia desculpas."
Ela estava sentada pensando naquele homem, como era bom tê-lo em seus braços e entre suas pernas, como era intensa e bonita e grandiosa a dança dos amantes entre eles. Ela disse a si mesma que não era apenas isso e não se tratava de danças ou de gozos, mas se tratava de algo maior e mais vital. O mundo particular que era constituído apenas de duas pessoas: ela e ele, era quase como respirar.