Coleção pessoal de BelLima
Tu que acreditas que o tempo é o herói das mágoas vede bem que ele talvez seja o vilão de todas as coisas. Esperas que tudo se resolva e perdes o pouco que deverias tu agarrar. Lembra: Mesmo o relógio, que dele conta as histórias, se desgasta - Ele nada guarda já que tem o infinito para matar.
Viver na obrigação de ser feliz é como atar um barbante a uma borboleta e uma pedra: é querer mostrar beleza onde só existe desatino.
Um pensamento é semente já plantada, e como tal não pode ser vista sem que revolvida seja a terra em que está. Apenas quando desperta buscando o vento, o sol e a chuva é que percebemos a planta que ali florescerá.
Amar não é garantia, tampouco certeza. É arriscar o dobro em ser feliz. É voar o incerto, decolar com as asas de Ícaro rumo ao sol. É ver o abismo, sentir medo, e saltar para o mergulho esperando ter água, e mesmo assim não saber nadar - não saber mais nada.
Tantas certezas se desfizeram com o simples toque do acaso, nada é tão certo que o destino não possa dizer: estou aqui, tuas verdades são mero desatino, eu não te ordeno, mas te mostro - pensas que sabes, mas saber nunca governará aquilo que sentimos.
Não se apresse em achar a simplicidade como melhor escolha: o relógio do sol é simples, e o de pulso, complexo. Escolhemos o segundo pelo bem da comodidade.
Posso ser cúmplice, mas não assassino! As pessoas cometem suicídio em minha memória, eu apenas me livro dos corpos...
Cuidado com o que deseja! - Dizia a fábula, como aviso de que devemos ter primeiro responsabilidade antes de ousar querer qualquer coisa que não nos pertença. Sentimentos, assim como gênios, são etéreos, invisíveis; e mesmo assim materializam sonhos. O querer reconhece fronteiras, mas o sentir... Ah, esse é indomável.
A desilusão traz tantas bagagens do passado que com frequência ocupam o lugar das boas novas. Por isso gosto tanto da esperança, que visita o futuro e quando em vez, de lá nos traz excelentes notícias.
Lá, causando mais perda que danos, a inquietude de meus anseios se mostrava como bailarina; dançava sob a lua por entre as carcaças do já extinto. Lá naquele vale onde minha infância conhecera a morte, restavam aqueles grandes monstros de outrora, ossadas gigantes do que um dia foram memórias e mágoas. Hoje, fossilizados e desfigurados no solo frio, não causavam mais medo, apenas espanto; ainda eram um lembrete de que caminharam em outra época - seres que não podiam coabitar com outros sentimentos mais leves que hoje em mim se acomodaram.
Concordavas com meus soluços mais por impotência que por frieza. Descascava a intenção com os olhos, e me envergonhava de não poder calar o choro para dar alento a tua imobilidade.
Foi assim que aprendi a engolir dificuldades - como quem come uma refeição ruim calado, porque naquela casa se é apenas uma visita.
Calei meu corpo com teus gritos, tua febre insinuava minha doença. Do que bem me lembro, eras flor e eu espinho - mas éramos a mesma rosa.
O rancor não possui força alguma; é uma desculpa diminuta para continuar-se preso a convicções das quais nem se tem tanta certeza. Fortes mesmo são aqueles que dele aprenderam a não precisar porque encontraram em si uma força maior para acreditar.
O universo sempre te oferta oportunidades, só quem as aceita como conquistas é que pode ser derrotado quando elas escapam. As tenha como presentes - mesmo quando não forem o que desejas, seja grato!