Coleção pessoal de Barbossa

Encontrados 3 pensamentos na coleção de Barbossa

⁠Andarilho.

"Jardineiro, plantei flores coloridas no Jardim, do eu e você." Spotify. Maldito spotify.
Agora, à beira do sono, ouço essa música e lembro que tu escolheu ela pra ser da gente - E eu aceitei. Mas, neste instante penso: será que colhi as mesmas flores que eu plantei? É difícil, inapropriado e antiético mensurar a dor do outro, mas será que não mereço uma segunda chance? O que eu fiz, amor, foi grave; eu sei. Mas será que não mereço? Eu sei que eu deveria ter seguido os teus conselhos, ter me controlado, talvez seria tão mais fácil acabar com tudo isso, mas eu não fiz. Não consegui!
Tá sendo tão difícil, eu não esperava, mas eu sei o motivo: eu errei. Essa foi a primeira vez, sempre era eu que estava no teu lugar, e hoje, não sou mais. Hoje eu sou o Judas, o que traiu. Eu não queria ter semeado tantas flores. Eu não queria ter cuidado tanto desse solo, eu não queria. Eu não queria ter dedicado um tempo nisso, ter suado como um bom agricultor faz, pra deixar tudo morrer por não atentar à uma praga. Um pequena praga que parecia inofensiva e destruiu todo o meu jardim, permitindo que caísse na lama todas as minhas flores, contaminando-o meu solo, deixando-o infértil, fétido e sem vida - o perfeito retrato da degradação.
Mas, ainda sim, ergo minhas mãos sujas rumo aos céus, fecho os meus olhos tristes e lacrimejados, busco um resquício mínimo de fé em meu interior, e peço um dia de chuva. Sei que apenas um dia chuvoso seria capaz de germinar as poucas sementes que ficará enterradas ao solo, que essas poucas sementes produziriam as mais belas flores, portadoras dos melhores perfumes e que acompanhadas de um xícara de café, me fariam ter as melhores lembranças, enquanto eu estaria sonhando com meu mundo favorito, onde o sol tocava a minha pele, nas manhãs de tons azuis.

⁠Suposições.

Era um embate todas as vezes que tu me pedia pra fazer isso, e eu nunca consegui, confesso. Era muito surreal pra eu conseguir pegar, no ar, os pensamentos de outra pessoa que eu estava começando a conhecer; que eu não tinha me conectado por inteiro, mas que eu estava gostando pra caralho e buscando todos os meios para conseguir.
Agora, tô deitado, ouvindo _Baiana_ do Emicida e supondo. As suposições ganharam espaços nos meus pensamentos. Eu, sem escolhas, tento aprender a conviver com elas. Vozes e mais vozes ecoam por cada lugar vazio na minha cabeça, levantam questões novas, reacedem questionamentos que eu já havia resolvido, e eu fico nessa sina incontrolável de pensamentos. Supor. era sobre supor.
Supor sobre teus sentimentos é uma das piores coisas. Por hora, diz que não está bravo e que não sente raiva, mas será possível não cativar sentimentos ruins de quem traiu e te decepcionou? Ainda no caminho de supor, será que o "seguir em frente", por ti orientado, deve ser realmente seguido? Será que devo regar o sentimentos de um dia ter algo contigo, se tu mesmo já pediu pra não o fazer. Será que tu fomenta, daí, do outro lado do celular, sentimentos opostos ao meu, em que busca a cura e o esquecimento de que um dia sentiu algo por mim? Ora supor.
Emicida canta: " Tá no teu sorriso, meu juízo perde o pé. minha cabeça ficou louca
Só com aquele beijinho no canto da boca, Louca, louca, louca, louca." Eu já cantei isso pra ti, e cara, é nessa mesma loucura que minha cabeça está agora; nessa mesma loucura que minha cabeça continua. E cada linha, cada palavra, cada intenção deles é a mesma que eu tenho para ti. Nessa mesma loucura!
Supor era prazeroso pra ti, meu caro. Supor se tornou meu calvário.

⁠Tanta coisa

Eu sinto vontade de escrever tanta coisa. Tanta coisa que talvez tu nunca irá ler e que já não há importância pra ti. Tanta coisa que eu deveria ter falado e que me segurei para não demonstrar o quão apaixonado eu estava. Tanta coisa que eu ainda quero e sei que é errado querer, pois daqui, deus, não vai ter volta. Tanta coisa que eu sei que preciso parar de fazer, como por exemplo: Escrever, parafrasear ou te enviar versos, crônicas, poesias e músicas que eu tanto gosto. Tanta coisa que eu já mandei e não deveria ter mandado, mas que já foi enviado e apagar seria mais doloroso do que esquecer. Tanta coisa que eu queria compartilhar contigo, tanta coisa que aconteceu e que tá acontecendo, tanta coisa aleatória que eu queria discorrer sobre. Tanta coisa, amor. Tanta coisa. Ah, se eu soubesse que aquela seria a nossa última vez, eu teria dito o quão te amo. Agora, como Dorgival, eu lamento por morar tão longe de ti e não poder te ver, nega.