Coleção pessoal de barbaramelosiqueira
Sobre o ter e o ser
A busca incessante pelo "ter" versus a realização plena do "ser" é um dilema existencial que acompanha a humanidade desde os primórdios. Vivemos em uma sociedade que, muitas vezes, nos condiciona a valorizar a aquisição material acima de tudo. Anunciantes, influenciadores digitais e a própria estrutura capitalista nos bombardeiam com a mensagem de que a felicidade se encontra na posse de bens, na busca constante por mais e mais. Mas será que essa equação se sustenta?
A verdade é que a felicidade, a realização pessoal, não reside na quantidade de objetos que possuímos, mas na qualidade de nossas experiências, em nossos relacionamentos e, acima de tudo, em nossa essência. O "ter" pode nos proporcionar conforto, segurança material, até mesmo um certo status social, mas raramente preenche o vazio existencial que muitos de nós carregamos. A busca desenfreada pelo ter pode nos levar a um ciclo vicioso de insatisfação, onde cada nova aquisição gera um novo desejo, uma nova carência.
O "ser", por outro lado, é uma jornada de autodescoberta, de aceitação e de conexão com o mundo ao nosso redor. É sobre cultivar valores autênticos, construir relacionamentos significativos, perseguir nossos sonhos e encontrar propósito em nossas vidas. É sobre reconhecer nossa individualidade, nossas forças e fraquezas, e abraçar nossa vulnerabilidade. É sobre contribuir para algo maior do que nós mesmos, deixando nossa marca no mundo de forma positiva.
O equilíbrio entre "ter" e "ser" é crucial para uma vida plena e significativa. Não se trata de renunciar completamente ao "ter", mas de colocá-lo em sua devida perspectiva. Os bens materiais podem ser úteis e até mesmo prazerosos, mas não devem se tornar o centro de nossas vidas, o único critério de sucesso ou felicidade. Devemos buscar um equilíbrio, onde o "ter" nos sirva como ferramenta para alcançar o "ser", para realizar nossos sonhos e contribuir para o bem comum.
A verdadeira riqueza reside naquilo que não pode ser comprado ou vendido: a saúde, os relacionamentos, a paz interior, o propósito de vida. Cultivar essas riquezas internas é o caminho para uma vida verdadeiramente plena, uma vida onde o "ser" transcende o "ter" e nos conduz a uma existência autêntica e significativa. A pergunta que devemos nos fazer não é "quanto eu tenho?", mas "quem eu sou?" e "qual o meu propósito?". As respostas a essas perguntas nos levarão a uma jornada de autoconhecimento e realização pessoal, muito mais valiosa do que qualquer bem material.
A verdadeira riqueza não se encontra no que possuímos, mas no que somos.
Em meus devaneios poéticos, sempre ouço meu eu lírico dizer: _Toma mais esta dose de versos, que passa!
Um guardado de tudo,
e todos são os dias
De saudades e amores,
a vida é enfeitada
E no fim, é o belo que fica
O amor que alimenta!
Amor intenso vivido,
da paixão ao gozo sentido
Tudo é vida!
"Da minha janela eu vejo muitas coisas
mas não vejo o coração de ninguém.
Na face do outro vejo muitos sorrisos
mas não vejo coração de ninguém.
Ouço muitas palavras amigas
mas não ouço o coração de ninguém.
Recebo muitos abraços amigos
mas não conheço o coração de ninguém ".
A poesia e eu
Não nos desagradamos, claro!
Porém, tampouco nos entendemos
Então versamos em tempos distintos
Eu inerte no meu, ela a espreita no dela
E quando o relógio badalar no meu coração
E a emoção ecoar em meus pensamentos
Ela despertará, cantará comigo
E juntas dançaremos uma ciranda.
A pressa
Era tarde como de costume, quando atravessei a rua que dava acesso a minha casa. E por um momento parei para observar algo que me chamou a atenção. A casinha verde da esquina estava escura, e por alguns instantes aquilo me incomodou. Mas segui para casa, estava muito cansada.
No dia seguinte pela manhã ao sair de casa, fiquei atenta ao passar pela casa verde. Estava tudo igual, linda e graciosa como sempre, as rosas estavam reluzentes de tão lindas. Respirei fundo e segui apressada. Ao final do dia voltando para casa, outra vez senti falta de algo naquela rua, as luzes da casa verde não estavam acesas novamente. O que teria acontecido? Dona Benta viajou? Estranho. Incômodo novamente.
Na manhã seguinte, tudo normal. As flores... ah, as flores, tão lindas! Dona Benta é tão caprichosa com suas plantas! Respirei fundo e sorri, apressando os passos. Ao voltar a noite, não pude deixar de notar que ali, já não tinha a mesma alegria. Tudo escuro, e sujo em frente a casa, folhas muchas na calçada. Algo realmente aconteceu ... foi o que pensei.
Então, ao sair para o trabalho pela manhã, meus olhos já buscavam respostas. Parada olhando para aquela casinha que outrora transmitia beleza e alegria, murmurei: _ Estranho! As plantas estão murchas, as rosas ... o que houve? Meu pensamento foi interrompido pela voz do seu Evaldo, vizinho do lado, que cabisbaixo respondeu: _ Sim! Dona Benta faleceu. Silêncio, nó na garganta, e uma dura resposta. Por isso a tristeza na casa verde... _ Ah, nossa! E eu nem soube, sinto tanto! Respondi ao seu Evaldo, e saí, tomada por uma emoção inexplicável.
Que droga de vida é essa? Essa correria que não nos deixa perceber ... Sempre tive vontade de parar e conversar com dona Benta. Sempre a vi como uma senhora distinta, e tão educada! Trocávamos bom dia, e boa noite tão calorosos! Mas a conversa ficou apenas em meus pensamentos. A correria nunca deixou, ou eu me deixei levar por ela.
Desacelerei de verdade agora. Estou sem pressa nenhuma. Meus 47 anos, estão exigindo que eu viva intensamente cada instante, cada momento. Não posso perder de vista meu amanhã, e nem poderia deixar de viver e sentir o agora, que é urgente, mas o vivo sem pressa. Deixando que meu corpo e minha mente, sintam a paz do respirar, do sentir o ar nos pulmões, do calor de um abraço, do beijo ardente ou maternal, do sorriso na face do outro, e do riso que amo sentir brotar de mim. E assim, dentro da minha serenidade necessária, a paixão pela vida é fogo ardente em mim, vivendo o hoje, na certeza de um amanhã sempre feliz.
Entenda que nem sempre as pessoas estão preparadas para lidar com nossas fraquezas. E na verdade, dependendo da situação, nem são obrigadas. Afinal, todos têm seus próprios dilemas e incertezas. Portanto, aquela força capaz de nos reerguer, deve ser buscada em nosso interior, na fé que existe em nós. Não esperar muito, ou tudo do outro, é evitar cair no abismo da decepção.
Tudo depende do meu ponto de vista, de como processo o esperado, ou o por acaso. Posso sentir por um tempo o poder do desespero do por acaso, mas logo o mesmo se aproxima do esperado, e o que é dor, torna-se aprendizado, fortalecimento. Então eu rio por dentro, e em minha face floresce um sorriso tímido, para em seguida resplandecer em meus olhos a alegria de um sorriso maroto, mais gracioso e realmente feliz. Enfim, entendi que o meu tudo sou eu, e que a felicidade reside em mim.
Controvérsias
Há controvérsias no que diz respeito à distância
Porém, essa saudade me consome
Sufoca e me faz viajar até teus beijos
Tão logo, e tão certo como as horas que passam
A saudade cresce, e eu te desejo mais!
É dia agora ...
Um novo dia, e o Sol já despontou lá no alto. Os desacertos de ontem, ficaram para trás. As lições, você as segura com força. E vamos seguir. Neste novo dia tudo será novo, se você quiser. Basta ter alegria no olhar, positividade no pensar.
...
a vida é feita
de momentos,
tempo,
movimento,
circunstâncias
distintas.
Por isso não sou.
Estou.
A intenção é a raíz de qualquer ato. É nela que surge a escolha, colocando a prova o que é prioridade. Portanto, a ação, o ato em si, é na verdade consequência de uma escolha. Por fim, uma traição não se concretiza apenas no ato.
Há tempo para início e tempo para o fim. Começos e recomeços. Estradas percorridas, pontos de partida, e pontos de chegada. Em um tempo que corre em muitas direções. Enquanto nós, os passageiros do tempo incerto, nos tornamos incógnita, mistérios para o próprio homem, mas nunca para Deus.
Quando cala o poeta
Mas um dia o poeta cala
O que fica são seus versos
Como folhas ao vento
ou um mapa aos corações
Que perpetuam o amor
universo de emoções
Quando cala e escreve
leva amor aos quatro ventos
Mas um dia ele se cala
em um mar de sentimentos.
Quando olho pelo retrovisor da vida, sinto que devo trocar de marcha, meter o pé no acelerador, e seguir em frente. Quem irá me acompanhar? Definitivamente não sei, mas uma coisa é certa, eu devo e preciso prosseguir.
É verdade, que entre o meu eu lírico e eu, abriu-se um abismo. E na tentativa de nos entender, percebemos que há também entre nós, um moinho. Este, alterna-se com o abismo. E entre a distância -entre nós, e o moinho que nos mistura, estão os mais eloquentes versos.
Liberdade
E essa tal liberdade
que todo mundo quer.
Que é tão cobiçada
se não a tem
te falta ar
te deixa sem fôlego.
Se há excesso
te tomo o fôlego
até causa embaraço.
Se...
Se fosse possível, eu daria aquele abraço de despedida
Diria tudo aquilo que não pôde ser dito no último encontro
Aquilo que por algum motivo, ficou preso em minha garganta.
Ah, se eu podesse, se soubesse que era o fim da sua caminhada...
Faria você saber o quão foi importante ter você em minha vida
O quanto você é especial, para os seus que aqui ficaram...
Se eu podesse eternizaria em mil fotografias aquele sorriso
Gravaria o som daquela risada, especialmente sua.
Ah, se fosse possível, se eu soubesse que era o fim da sua jornada..
Com um forte abraço, tentaria diminuir as dores da tua alma
Falaria de amor, do bem que você fazia, e da saudade que sinto todos os dias.
Adoece quem não ama, quem deseja mal ao próximo, quem não sorri, quem guarda amargura no coração, quem comete injustiça!
Quem comete essas coisas prejudica aos outros, mas principalmente a si mesmo!
Faça o inverso, e seja feliz!
O mal que eu não quero pra mim, não devo desejar ao próximo. Essa deveria ser a regra básica da vida, e para vida.