Coleção pessoal de BarbaraFuganti

Encontrados 18 pensamentos na coleção de BarbaraFuganti

São tantos nãos...

Não faço tudo que quero.
Nem quero tudo que faço.
Não digo tudo que penso.
Nem penso tudo que digo.
Não amo tudo que tenho.
Nem tenho tudo que amo.
Não sou o melhor que poderia ser.
Nem posso ser melhor do que já sou.
O não poder não me entristece, já que sou o sistema sistematizado para eu ser.
Sou o que sou porque a vida me desenhou pra ser.
Não creio que a tal felicidade seja utópica, talvez ela só seja uma utopia idealizada para sonhadores como eu.
Apesar do sistema que me confronta em quase nada poder, sou feliz por ser.
E isso é a razão de minha alegria, pois mesmo com tantos nãos, não vejo razão pra sofrer.

Quem me conhece, ao menos um pouco, sabe que sou uma caixinha de surpresa. Sempre tenho novos acordares após velhos deitares. Talvez seja eu uma mutante, uma aberração ambulante, ou apenas uma sinceridade transbordante.
Não dou conta de fingir pra não ser julgada, criticada e mal falada.
O som das palavras alheias só me importa quando me acrescentam, caso contrário, faço ouvido mouco e meio como um louco sigo meu caminho sem afetação.
Pra menos sofrer tenho uma técnica de armazenamento e descarte.
Toda opinião alheia assim que processada é enviada para um de dois compartimentos.
Ou vai para caixinha de reflexão, ou para latinha de lixo.
Não costumo guardar rancores por muito tempo... Prefiro descartá-los o mais rápido possível... Só é necessária uma mísera bactéria para contaminar toda uma população.
E mesmo causando espanto fico na lembrança dos que pelo menos um pouco me conhecem, pelo fato de ser tão autentica quanto me é possível ser.

Bipolar, tripolar ou simplesmente uma polaridade incontrolável?
Tem dias que me amo com uma paixão avassaladora.
Têm outros que me repudio com um ódio mortal.
Minha guerra interna é tão divertida que por vezes eu prefiro assisti-la de longe, tal qual um espectador em uma arena de touros.
Às vezes torço pelo bicho em outras pelo homem.
Quem vai ganhar naquele entrave eu nunca sei, nem quero saber, deixo o espetáculo simplesmente acontecer.
Tentar manipular os fatos é coisa de doido, ou doido mesmo seja apenas assistir. Quem saberá me responder?
Há tempos em que todos choram e eu consigo sorrir, enquanto em tempos de riso lá estou eu a chorar.
Espanto, indignação eu provoco, mas não porque faço algo terrível, mas sim porque ouso ser terrivelmente eu.
Desculpa ai, mas não consigo ser diferente, pois ainda me vejo como gente, única, singular, exclusiva e como tal não aprecio ser igual.
A autêntica incógnita é sofrida e divertida. Disparidades à parte prefiro isso a rotina de ser a mesma coisa o tempo todo. Isso me entediaria e certamente me mataria.
Apesar de sermos seres únicos, ultimamente a maioria se assemelha tanto uns com os outros que chego a pensar que a manipulação do sistema está dando resultado.
Gado que vem... Gado que vai...

Solidão

A solidão não me entristece
Muito pelo contrário, eu bem que gosto.
Gosto do silêncio de meus pensamentos, do cheiro do meu humor e de assistir a briga que trava minha mente quando ninguém além de mim existe comigo.
Eu me suporto muito bem, obrigada.
Ao não escutar meus conselhos e contrariar minha intuição sangro a alma, porém quando abraço meus instintos mesmo sangrando tenho forças para recomeçar.
Quando a dor é lancinante sou eu quem me consola, me sustenta e me apóia. Mas o inverso é real, se decidir sofrer a valer, será minha mente quem me levara ao caos.
Sou o melhor e o pior que tenho comigo.
Nunca me senti completa com a presença do outro.
Muito pelo contrário, o outro sempre me limita.
Não porque eu me baste, ou quem sabe me baste sim, mas pelo fato do outro ser outro e não ser eu, ele sempre será diferente.
Difere de gostos, de modos, de atos. E isso tudo me entristece.
Não que eu não aceite as diferenças, são elas que não me aceitam como eu sou.
Não vou mudar e nem pretendo mudar ninguém.
Por estas e outras pra ser feliz continuo comigo.
Mesmo cercada por multidão não deixo de me notar, de me sentir e de me amar.
Admiro-me como ninguém.
Sou o que sou, e não preciso que o que sou seja aceito pra continuar sendo eu mesma.

Pérolas entre pedras
Caminhando no meu mundo cinzento qualquer resquício de alaranjado faz toda diferença.
Um ínfimo facho de luz transmuta a escuridão em penumbra.
Alegro-me, mas logo me decepciono.
Neste insulamento vejo que a escuridão ainda existe, apenas jaz camuflada.
Sigo em frente e sinto pedras sob meus pés.
Pérolas em meio a pedras logo são notadas, apreciadas e cobiçadas.
Mas a vida tem percalços plantados por mãos imprudentes, dementes, inconsequentes.
Recolho todas que me são possíveis carregar.
O caminho é longo, árduo e cansativo.
O peso do tesouro me atrasa, fatiga e desanima.
O caminho que precisa ser percorrido me espera, me confronta e faz-me decidir.
Descarto o que, apesar de belo, me sobrecarrega.
E as pérolas permanecem em meio às pedras.
Se as pedras preciosas fossem talvez não me entristecesse tanto deixar as pérolas pra trás.
Mas cascalho que é cascalho não se presta a iludir, fingir ou camuflar.
Pedra foi, pedra é, pedra sempre será.
E como uma ironia do destino que teima em me afrontar, a vida me mostra dia após dia que até mesmo as pedras se adornam com pérolas que eu não posso carregar.

A verdade
Às vezes, quando estou seguindo por meu túnel escuro, vejo ao fundo um feixe ínfimo de luz...
Confesso que isso me assusta mais que a própria escuridão.
A luz é boa, ajuda e conforta, mas algumas vezes ela ilude, dissuade e aprisiona.
Já me habituei a seguir em frente com a certeza que o desconhecido é real, que o destino é austero e que nada esperar é sinônimo de menos sofrer.
Tenho convicção de que a decepção dói mais que a desesperança.
O fantástico repentino é delicioso de ser sentido, já o desapontamento dilacera não só o sonho, mas também o sonhador.
Acredito em dias melhores, mas não me detenho à espera deles. Se for pra acontecer, acontecera, caso o melhor no caminho conseguir me alcançar.
É por estas e outras que sou pé no chão demais pra me iludir com possibilidades abstratas.
Pessimista?
De jeito nenhum, sou realista, me visto com a capa do cotidiano, calço os pés com a possibilidade de que tudo pode não acabar tão bem, mas a fé de que aconteça o que acontecer eu irei continuar, e por fim protejo-me com o chapéu do tudo passa, porque tudo passa nesta vida. Inclusive a vida.
Assim vivo o dia a dia. E deixando a hipocrisia para os hipócritas, vivo feliz, feliz comigo, por ser quem consegui me tornar, sabendo que um dia eu chego lá.

Quando a vida estiver tão agitada quanto um mar enfurecido, relaxa, pega sua prancha e tire uma onda...

Definitivamente amor não é paixão...
Paixão é calor que consome, sufoca, arde e acende a carne, mas como fogo que é com o tempo se apaga...
Já o amor é singelo, danadinho que só, chega quieto, bem de mansinho e vai tomando conta de tudo,
O amor cuida, finge que é cego, as vezes é surdo também,
com certeza o amor sofre de Alzheimer, pois sempre esquece algo que o feriu...
o amor é aceitação, companheirismo,
é estar junto mesmo se estiver longe,
é segurança e esperança...

As vezes sinto uma vontade doida de voltar a ser criança,
de não ter vergonha de dançar no meio da rua,
de chorar alto quando me sinto incomodada,
de bater os pés no chão e pirraçar quando estou revoltada,
sinto falta de colo,
de desculpas esfarrapadas,
de escutar história pra dormir,
de tapar os olhos e acreditar que estou invisível,
e de comer doce sem medo de engordar...
Coisas simples, que se fizer agora já adulta
serei julgada como doida varrida.

Só me calarei diante de suas injúrias e julgamentos,
depois que eu tiver a certeza de que
você se ajoelhou e orou por minha vida
não uma, mas setenta X sete vezes.
Aí sim...
Aí você pode colocar pra fora toda peçonha que te sufoca!

A vida sem fé em um Ser Supremo é como um livro em branco que só serve mesmo para a fogueira.

Maquinações que temperam a face da desconfiança
escondem-se entre o silêncio e a agonia.

Estimulada pelo vento das mentiras que açoita as certezas,
dúvidas farfalhavam irrequietas pelos labirintos da mente.

Não ser uma rocha inabalável
não é vergonha...
Temer é humano, porém, retroceder não passa de covardia.

Diagnosticar o perigo é uma arte,
que carece de cuidado, disciplina e dedicação.
Com certeza a desatenção é o mais mortal dos inimigos.

Pureza na infância é coisa do passado.
Criança deixou de ser sinônimo de inocência
A droga mudou completamente os paradigmas.
Por sendas oblíquas a violência urbana tornou-se doméstica,
transformando a maldade em corriqueira patologia.
Filhos fruto da droga tornar-se-ão os usuários do amanhã.

Nestes dias mormacentos dormita a voz do sábio dos sábios que adverte: Maldito o homem que confia em outro homem.

Em situações sem saída,
Mergulhar em fugaz hipnose alivia a alma.
Retardar o inevitável conforta,
mas quando a verdade submerge da letargia mental,
a situação torna-se insustentável.
Dor dilacerante é a de enfrentar
o monstro alado e profano chamado fracasso.
Ah fracasso...
Sentimento malévolo que assassina os sonhos,
Solidão num mar de desesperança.
Certeza da incapacidade...
Aceita-lo é um processo lento e doloroso
que rasga as certezas, destrói a fé e confunde os planos futuros.
Deixar para trás toda história de uma vida,
aventurando-se numa novidade de incertezas
torna-se um martírio que poucos conseguem suportar.