Coleção pessoal de barbarabarbosa
Destes olhos escorrem vida, gotejam esperança, abrigam os sonhos esvaídos pelo tempo, um sorriso explode purpurina pelo ar, transfere a bondade de um mundo inocente, recheado de doçura e coberto de fantasia.
Lembranças acalentam a alma.
O que é a literatura senão o repouso da alma, o encontro de tantas vidas em apenas uma, a descrição mais genuína de uma realidade oculta àqueles olhos desatentos aos detalhes, uma companhia mesmo que secreta e silenciosa, fazendo despertar os mais profundos sentimentos, da tristeza a alegria, e o desalento de se despedir de um novo amigo, aquele que te ensinou tantas lições de vida, sim, é exatamente isso que o livro se torna, basta abri-lo e encontra-lo.
Um pontinho de luz em meio a
escuridão, céu estrelado. Sonhos feitos de arco-íris, dias cobertos de ternura, o afeto e a inocência de colorir o mundo mesmo estando nublado,a alegria de tocar nas nuvens sem muito esforço. São dias curtos,
fugazes, cheios de contentamento. O sabor da infância que nunca escapa dos nossos lábios e a lembrança que abraça cheia de saudade.
Saudade palavra grande como a dor de quem a sente, meus olhos opacos, perdidos no horizonte a te procurar, a te desejar o caminho de volta, meu coração saudoso a tua espera, e a vontade de te enlaçar no meu abraço, como em um casulo acolhedor, te protegendo das dores do mundo, e a alegria da tua chegada será como um bálsamo pro meu coração, esse coração tão seu que já nem me pertence mais, me fez uma parte sua.
Que a chuva caia, renovando tudo o que há de mais puro e belo, encharcando meu coração de bons frutos, levando consigo todos os dissabores e tristezas, em especial tudo o que transfere o sabor amargo ao paladar, dissolvendo as pedras no caminho, aflorando a ternura em meu sorriso. Que faça brotar flores na alma, de preferência orquídeas e girassóis, sorvendo minha vida em cores, podendo assim sorrir na espera do meu sol.
As águas continuam plácidas acalmando meu coração turbulento, deságuo poesia, me encho de esperança, enfim as estrelas cintilam sob os meus olhos sedentos de luz...
A paz branda, contente, chega de mansinho fazendo afagos na alma, mesclando as cores da paisagem, repousa os sonhos num abraço e dorme, ela está nos seus olhos, esses olhos tão tristes, renovando-se sempre após um temporal, observe que o pôr do sol faz moradia aí dentro, e a cada lágrima que cai é o prenúncio que um arco-íris irá surgir.
Escapam palavras, transcendem a vida. Anulo os quase, porém e talvez, me torno um verso inacabado e incompleto. Vez ou outra uma história bonita se desmancha sobre mim, pingando delicadeza em meu caminho, transformando em poemas as agonias, colocando mais vida nos meus dias. Nas gavetas internas permeiam apenas a serenidade, e a vontade de colocar nos sonhos um pouco mais de açúcar.
Desintegrando-se aos poucos, desconstruindo-se lentamente, na esperança dolorosa de tornar-se flor em meio a tantos espinhos.
E sua generosidade era tanta que cedeu o que tinha de mais puro, o seu coração. Se desintegrando aos poucos nutria o solo com o seu carinho, onde não havia espaço para tristeza ou amargura, e apesar de contrariado, ainda acreditava nas bondades do mundo. A cada gotícula sua era dissolvida à eterna compaixão, provando a todos que mesmo um coração sem vida pode germinar flores. O seu desejo de nos trazer luz perdurou, talvez por isso tenha escolhido ser o nosso girassol.