Coleção pessoal de baraldovisk

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ABRA AGORA SUAS JANELAS

As coisas não mudam porque as pessoas têm medo de sair. Ficam fechadas nas suas casas, no seu velho e confortável mundo, alheias à tempestade que arrasa quarteirões no bairro vizinho. São fortes apenas quando estão no controle de tudo, pelo menos imaginam que sejam invulneráveis com suas muletas de cortiça. Mas tudo não passa de um grande equívoco, pois cedo ou tarde as paredes caem e você vai ficar de frente com a tormenta sem saber o que fazer porque nunca aprendeu a lidar com ela. O mundo é um lugar estranho, as pessoas riem, choram, dizem sentir algo que parece amor, mas quem é capaz de amar verdadeiramente alguém sem antes abrir as janelas da própria alma? Amor no sentido mais amplo da palavra. Abra as janelas, escancare as portas e deixe a luz entrar. Aprenda com as tempestades a manter o seu equilíbrio e encontre sempre uma forma honrada para reerguer sua vida e continuar firme no caminho da sua própria história.

ATÉ CHEGAR MINAS GERAIS

O vento carrega as folhas das lembranças como as cirandas de crianças que na vida vi passar. O vento sopra indolente com seu riso quase inconsequente as velhas folhas que ajudei a desenhar.
De rabisco nos braços o tempo passo a passo mostra as cicatrizes que vieram meu corpo marcar. Companheiras de jornada seguem juntas pela estrada alertando onde não mais posso errar.
Então, bate aquela saudade das primeiras amizades de um tempo sem culpa onde o dorso da morte jamais ousa se arriscar. Tempo de brincadeiras pueris, de histórias e sonhos inocentes. Sonhos que se tornam sementes, onde algumas vingam outras não. Algumas dão frutos, outras jamais darão.
Mas a vida é assim e segue seu curso mesmo quando o dorso se avizinha. Afinal, para domar a fera da morte não há herói que se alinha, mas com um pouco de sorte e conversa fiada quem sabe a fera durma um pouco mais e a estrada prossiga até chegar Minas Gerais.

Plante sementes de amor e faça nascer florestas de luz para colher lindas estrelas e seus milagres.

A LUZ DO POETA

Na silenciosa escuridão, resta solitária uma pálida lua vigiando os portões da noite. De longe um coração descontrolado chora aos soluços por uma desilusão, afogando o pranto em pensamentos que cheiram a álcool e nicotina.
Na velha janela, do mesmo quarto da pensão de quinta, a caneta e o papel são os velhos companheiros da agonia. Contadores da dor e do amor, deles nascem palavras chorosas que contam experiências de um platonismo de dar pena.
O poeta, então, recluso e trespassado pela realidade encontra forças sabe-se de onde e arde como uma estrela em plena revolução nuclear. Subitamente, a pena apaixona-se pelo papel envelhecido e tudo é luz. Anjos e Deuses sopram flores, sonhos e amores e no minuto seguinte colhem os mais belos versos.
A mágica se fez. A Luz interminável do poeta fecundou a realidade mais uma vez, transformando a poderosa escuridão na luz das estrelas.

UM DIA DESSES

Um dia desses seu sorriso encontra uma resposta.
E tudo porque você lutou vai fazer sentido.
Todos os espinhos, toda angústia e dor.
Um dia desses todo esse vazio vai passar
como a chuva que abençoa o chão do deserto
A vida vai se fazer cada vez mais forte e bela.
Um dia desses esse frio vai passar
no abraço de um amor que é para vida inteira.
Um amor que poucos creem, mas que existe.
Há coisas que não precisamos ver para saber que existe!
Basta sentir e serão verdade!

ALMA QUERIDA

A inutilidade corrói. Mutila todas as potencialidades do nosso ser. Liberte-se dessa prisão, alma querida. Ordeno que levante e vibre com toda força a energia divina que existe em você. Chega de querer ser fagulha. Porque não mereces ser brasa, mas ascender vossa chama para o Alto e iluminar como farol toda a extensão do vosso universo. Levante alma querida. Leve ao chão toda essa crosta limitadora. Derrube todos estes obstáculos inúteis para iluminar, vibrar e transcender tua essência.

Há nações que só precisam de um discurso inflamado de verdades para se levantar contra o crime, a injustiça e a opressão. Outras, como o meu país, demoram uma eternidade para perceber o crime, a injustiça e a opressão. Quando percebe já se acostumou com eles e tudo continua como sempre. Numa "normalidade brutal e bizarra.

FIM DO DIA

Fim do dia.
A noite espreita ainda tímida.
As pessoas fazem planos.
A vida parece repetitiva.
A música é sempre igual.
Desejo mudança.
Quero provar o novo.
Ser um protagonista imortal.
Mas no fim do dia o caminho não muda.

É sujo, escuro e imoral.

Com a delicadeza de uma alma imaculada, repleta de luminescências intocáveis, o ser humano desce ao inverno de si mesmo, para no frio cortante e na escuridão que cega buscar os segredos que guardam os tesouros da luz eterna. Cada qual tem seu caminho, mas a joia é da mesma grandiosidade e esplendor e está depositada no coração de todos.