Coleção pessoal de AyronBarsan
Acabei de me dar conta do porquê de tão poucas pessoas fazerem o bem. Pode ser feito em atitudes tão pequenas que passam despercebidas pela vida, ou melhor, vista míope e egoísta.
Erramos em nos deixar levar à “materialização” da felicidade em objetos de consumo, equipamentos tecnológicos e as diversas prestações de serviços que nos são oferecidas, pois acreditamos ser essa a nossa única fonte de felicidade, e quando não a obtemos nos sentimos frustrados e incapazes de sermos felizes por conta própria.
As relações interpessoais são como o barro; o mesmo, esquecido ao sol corre o risco de ressecar e até partir-se; se em demasia o segurar podemos umedecê-lo, fragilizá-lo até que, em estado líquido, escorra pelos dedos de nossas mãos. O mundo é como uma máquina modular; gira sob nossos pés nos possibilitando modelarmos nossas relações.
Mascare-se, proteja-se, afaste-se subjetivamente de todo O mal, o SEU mal. Ser visto ou esquecido? Lembrado ou apagado? Solidão ou devoção? O que lhe faz bem? Julgamento ou distanciamento? Constranger-se ou compreender-se? Altos olhares ou a autoanálise? Pré-conceito ou ter respeito? Olhar para dentro? Olhar para fora? Refletir? Interagir? O que lhe faz bem? Mascare-se, proteja-se, entenda-se por dentro tanto quanto te julgam por fora.
Se o amor é sentimento como o alcançamos pela imagem? Por que um som, um gesto, uma aproximação não nos apaixona? Será amor o que sentimos? Experimentemos nos amar como seres humanos completos. Não somente pelo que vemos.
A cabeça ferve como um caldeirão. Uma bolha sobe e a outra desce, uma sobe e a outra desce. A alternância e variação conjunta das bolhas com suas peculiaridades em tamanho, forma, profundidade e consistência fazem deste movimento uniforme, garantindo assim, o equilíbrio do líquido da vida em nossa cabeça. Vai da vida que levamos, do que no líquido injetamos torná-lo mais fino ou mais espesso, facilitando ou dificultando seu borbulhar. Até que ele se seque.
Um terço de tudo que reza não rega a semente escondida na terra. A fé que move montanhas não alcança as entranhas de um simples botão. Bota essas coisas na cabeça, mas nunca se esqueça do seu coração. Pois ele, com tantos orgulhos, por pouco barulho se esconde no chão.
As vezes tenho vontade de saltar da ponta do penhasco da vida, mergulhar em meus sentimentos e abrir as asas para a imaginação.
Há alguns dias reencontrei um grande amor. Fui pego no laço, não estava esperando esse choque frontal.
Relação de longa data, mas de consistência duvidosa que, como as ondas do mar se embolam, entre idas e vindas se enchem e deságuam deixando lembranças cravadas na areia da praia.
Sabe aquele que te rouba o ar e lhe coloca no peito uma bomba relógio? Que lhe deixa um pano úmido nas mãos e percorre um seco dos lábios ao fundo da garganta? Pois é, um desses.
Amor modesto, secreto, mas ainda assim meu ponto fraco.
Quando nos vimos o tempo explodiu misturando no espaço o passado e o presente. E naquela euforia angustiante, com a voz engasgada, apoiado num caco de tempo que pude encontrar, me indaguei: “declarar meu amor reprimido ou esperar que uma onda embolada me crave na areia da praia?”.
Para amar verdadeiramente não existem segredos, mas só conseguimos quando descobrimos os nossos mais profundos.
Deus é a planta que cresce e vira árvore;
É o animal que protege seu filhote;
É o homem que pensa sem limites.