Sou feita
do silêncio
que precede
o grito,
do vazio
que habita
o espaço
entre o verbo
e o tempo.
Eu sou o eco
do que deixei
de sonhar,
mas
também sou
o som que insiste
em existir.
Se não souberes
onde ir,
busca o que te faz
sorrir.
Sou mais
do que olhos
podem ver,
menos
do que o tempo
pode dizer.
Depois
de uma longa jornada,
aprendi a ser
a minha própria casa.
Cada saudade é um amor
que aprendeu
a permanecer sozinho.
Às vezes,
o ato de escrever
é só uma forma de existir no tempo.
Às vezes,
é a arte que me lembra
o que é viver.
A poesia da vida,
quando me impacta,
atravessa como vento,
e eu,
como resposta,
por vezes, sou folha
e, muitas vezes, raiz.
A vida, na verdade,
não é um destino,
mas uma jornada
sem mapa.
Às vezes,
o encanto vem
silenciosamente,
como um vento suave
que não pergunta
se estamos prontos.
As poesias
são vestígios etéreos,
gravadas
nas margens da alma,
onde o silêncio
se dissolve lentamente,
como um rio que sussurra
os seus segredos
ao vento.
Entre o ser
e o tornar-se,
há a insegurança
que nos desafia
e a coragem
que nos define.
Ser assim é o meu jeito de viver em mim.
Sou, quando muito, um anseio poético que respira.
É contramão
o destino
que não faz
poesia
em mim.
Eis uma verdade: serei sempre essa mistura de reticências e de pontos finais.
As coisas não ditas também têm o seu propósito.
A coragem fomenta pontes e passos.
A maior magia que existe é ainda ter, apesar de todos os pesares, fortes esperanças espalhadas por aí.