Coleção pessoal de AUZEC
Escuta
Ó Deus, escuta o clamor do meu ser,
Um grito perdido que insiste em doer.
Que fiz nesta vida ou em tempos passados,
Pra caminhar só, pelos vales calados?
O véu da escuridão cobre o meu olhar,
E tudo é vazio, é difícil enxergar.
Sem rumo, sem fé, sem mão que me guie,
Por que, ó Senhor, minha alma se oprime?
Será que errei sem saber o caminho,
Ou pagam meus passos um preço sozinho?
Ó vida insana, ó dor que persiste,
Por que tua essência se mostra tão triste?
Clamo ao silêncio, ao tempo, ao além,
Que tragam sentido pra dor que me tem.
E, mesmo na sombra, persisto a buscar,
Um sopro de luz que me faça voltar.
A.C
A solidão de um quarto
A solidão de um quarto,
Entre paredes mudas e frias,
Uma cama que guarda o silêncio,
E o dia que lentamente se esvazia.
A vida escorre entre os dedos,
Como areia que o vento dispersa,
E o tempo, implacável em sua dança,
Deixa apenas o vazio como herança.
O que esperas, alma perdida?
Que eco buscas nesta clausura?
Será que a solidão te define,
Ou és mais que essa vida tão dura?
Procura além das paredes cinzentas,
Além do vazio que te consome.
Há mundos que clamam teu nome,
Há luzes que dissipam tormentas.
A.C
Feliz 2025
É chegada a hora da celebração,
De “Feliz Natal”, “Feliz Ano Novo” em profusão,
Mas nem sempre há alma, nem sempre há fervor,
Apenas palavras ditas, sem real amor.
É tempo de festas, mas vale pensar,
Se o que desejamos é mesmo doar.
Mais que um “Feliz” na ponta da língua,
É preciso verdade, é preciso ser íntegra.
O Natal celebra o menino Jesus,
O Ano Novo, só um marco que nos conduz.
A mudança real não vem do calendário,
Mas do coração que escolhe seu itinerário.
São nossas metas, sonhos e missão,
Batidos no compasso do nosso coração.
Com perseverança, amor e força de vontade,
É que moldamos o que chamam de felicidade.
Então, que 2025 seja repleto de luz,
De caminhos firmes, que o bem nos conduz.
Que lutemos com garra pelo que queremos,
E que em cada passo, o melhor oferecemos.
Feliz 2025, de dentro pra fora,
Que o amor e a verdade estejam na aurora.
A vida é assim.
O mundo segue,
anos acabam,
anos iniciam.
As mudanças não estão
na troca de uma simples
folha do calendário.
Elas acontecem
quando há transformação
dentro de nós,
quando queremos, de fato,
fazer diferente.
Que o ano novo
seja repleto de saúde,
de paz
e, sobretudo,
de transformação interior.
É isso que torna
cada ano único,
verdadeiramente diferente.
O enredo do amor
Cada história desenrola um enredo singular,
De um indivíduo que não soube cultivar
O apreço, o desejo, o saber que é amar.
Tudo envolve pensamento,
Emoções e o momento
De poder recomeçar:
Uma vida, uma história,
Um prazer que vira memória,
De um amor que há de voltar.
Para isso acontecer,
É preciso união,
Dois corpos que se fundem
Com prazer e paixão.
Fluidos se misturam,
Num desejo insano,
De amantes quase loucos,
Perdidos nessa sofreguidão.
O beijo não dado
O beijo não dado,
A palavra não dita,
O dito esquecido,
Tudo faz parte da vida.
O tempo perdido,
Na ilusão do que se quer levar,
Passa à deriva,
Como um navio vazio a afundar.
Ligeiramente
Quando eu morrer, me enterre ligeiramente,
Não quero ser o sofrimento de ninguém.
Deixe que o vento leve o que sou,
Que a terra guarde o resto de quem fui.
O que eu queria era ser
O mundo de alguém,
Mas o tempo passou
E eu fiquei refém.
Procurei nos dias,
Nos cantos e mares,
Um olhar que dissesse:
“Fique, não vá embora jamais.”
E quando eu partir,
Sem alarde ou lamento,
Que reste só o silêncio,
E um suspiro ao relento.
Porque o que eu queria era ser
O mundo de alguém,
Infelizmente, não consegui
Encontrar ninguém.