Coleção pessoal de atordepapel
No pátio vários gritos ecoavam pela grande fortaleza de pedra. Alguns ferreiros batiam nos ferros incandescentes fazendo o tipico som repetitivo de metal com metal que para os guerreiros há de ser um gênero musical.
Os guardas andavam para lá e para cá em cima da muralha fazendo suas armaduras tilintarem, completando a canção como um instrumento de fundo.
Cavalos relinchavam de hora em hora, impacientes.
Havia também mulheres, As que acalmavam os homens de forma generosa e cara e as guerreiras que recebiam olhares mal encarados de brutamontes por suas ascensões no exército.
Rurik, observando tudo por uma janela retangular de pedra, se retirou e seguiu caminho para um cômodo da realeza. Sua armadura, embora fosse de um metal extremamente brilhante e raro, fazia o mesmo som que a dos soldados no pátio.
Bateu na pesada porta de madeira com a mão direita e com a esquerda ficou segurando seu capacete encostado na cintura onde ficava sua espada cheia de títulos.
Alguém lá dentro gritou para entrar.
- Meu lorde - disse Rurik, prolongando o "lorde". Um homem alto de cabelos pretos, quase grisalhos, e com a armadura mais ornamentada do Reino estava atrás de um espelho fazendo alguma prece - seu exército está pronto.
O lorde pareceu fazer uma última prece.
- Mande soar as trombetas.
O clima estava agradável. O grande agradável daquela região.
- Que região?
Não importa.
Ele só sabia que estava em alguma parte do mundo.
Tudo estava calmo e ali ele sentia ser o último homem.
O último homem:
com seu pensamento.
a ter sua perfeita bitonalidade.
a usar o argumento.
de uma beldade.
O último homem a escalar o mundo.
Mas ele não era e nem tinha nada disso.
Ele era apenas um contemplador solitário.
Cujo vento levava seu sorriso, espalhando alegorias.