Coleção pessoal de asseB
Se a modernidade se esforçou para desconstruir a morte, em nossa época pós-moderna é a vez de a imortalidade ser desconstruída.
A Igreja, a Nação, o Partido, a Causa [...], todos eles viverão mais do que qualquer de seus membros, porém viverão mais, talvez até para sempre, exclusivamente graças ao esforço de cada um e de todos os membros para assegurar-lhes a vida eterna à custa da própria vida.
Os mal-estares da pós-modernidade provêm de uma espécie de liberdade de procura do prazer que tolera uma segurança individual pequena demais.
É a implacável realidade da morte que torna a imortalidade uma proposta atraente, mas é a mesma realidade que torna o sonho da eternidade uma força ativa, um motivo para ação. A imortalidade é, afinal, um empreendimento — uma condição antinatural, que não surgirá por si mesma, a não ser engabelada ou obrigada a existir.