Coleção pessoal de arthur_miguel_sander
"Um novo horizonte se abriu... a minha frente vejo campos verdejantes e quaresmeiras colorindo de roxo o marasmo destas horas.
Os pássaros, grilos e cigarras anunciam uma pacata manhã e eu ali sentada com minhas intensas dores, descobria um novo tempo sem você.
Senti medo ao fitar o tempo, fechei os olhos e te vi. Senti o perfume que guardarei para sempre em minhas lembranças...
terei de recomeçar...
Recomeços são quase sempre muito intensos, esse não é diferente.
Você se foi, eu fiquei nesse mundo triste e sem graça.
De repente um nó na garganta... lembranças se formam em nuvens e o pensamento surge como pedras que perfuram os pés descalço.
Você não estará mais lá a minha espera...
E eu? Eu espero o tempo passar...
Passa tempo para eu me lembrar somente do amor que dentro do meu peito ficou".
"Mas entre tantas gentilezas e amor, seremos sempre açoitados pela brutalidade de quem não aceita o amor real compartilhado.
Que possamos falar do amor revolucionário e real sem que sejamos questionados ou acuados por dividi-lo com alguém que tem a alma livre e faz com liberdade as palavras sobrevoarem sobre cabeças tão duramente pensantes".
"O olhar vago, inseguro, triste, procura abrigo...
Abrigo nas palavras alheias, abrigo no silêncio impostor.
Na claridade imposta pela brancura das paredes e dos lençóis os olhos vagueiam a procura de um sentido para tanta dor.
O pensamento é atormentado pelas incertezas e deixa escapar dos olhos a tristeza represada.
O tempo guia e ensina que a leveza da vida está no olhar... olhar aprofundado, livre de lentes que cegam.
A brancura do lugar mesmo que venha de um ambiente que guarda a dor e o medo entre seu lençóis, pode trazer a oportunidade de ressignificar e perceber que um único momento é permeado por inúmeras facetas e todas transitórias, cíclicas e cabe a nós encontrar um ponto de fusão.
As paredes, os lençóis e a luz branca que adentram a janela são estopins de um tempo finito....
Quando a luz que adentra a janela se esvai, com ela a esperança também, e dá lugar a incerteza de noites intermináveis.... mas logo surgem branca e finda as luz outra vez....
Entre esperanças e incertezas lá se vai a vida no seu tempo".
"Hoje só quero me apagar feito uma estrela que já cumpriu sua hora. Hoje só quero sair correndo de tudo que foi.
Hoje tive sono, senti frio, medo, saudade...
Meus olhos resistem em ficarem abertos, minha mão está gelada. Estou sozinha e ainda não sei o que fazer.
Tive vontade de me embriagar de opioides e não mais acordar, mas a coragem de foi com um profundo suspiro.
Hoje a vida se mostrou rancorosa, escura e triste.
Na garganta sinto o nó que ata sem pudor.
Sinto a cabeça bombear e a cada bombeada um fragmento de minha vida se transformam num caos sem fim".
"Não há o que dizer. Hoje faltou palavras.
Palavras mesmo só para dizer da falta do que dizer.
O silêncio é meu amigo, as vezes me leva a um outro mundo... o mundo em que consigo ouvir minha própria voz.
Não há o que dizer. O silêncio as vezes é vazio, triste e sem esperança.
Não há o que dizer... mas acabei de dizer. Parece que as palavras conduzem sempre ao inesperado.
Parece que há sempre o que dizer, mesmo que falte as palavras".
“Hoje ao acordar, senti a cabeça pulsar e pesar. Fechei os olhos para encontrar um ponto de equilíbrio, não tive sucesso.
A cabeça é sempre um pretexto para dizer de algo que venha incomodar....
A cabeça dói porque o peso do meu ego abrupto quer invadir o minha alma livre e impor limites. Sempre acontece...
E quando a cabeça dói o ego ganha a batalha e eu fico ali paralisada...
aí penso, porque não tomar um produto do ego para aliviar o peso do ego... funciona as vezes tomando um analgésico.
Mas se a dor persistir aprofundo mais no que ela quer me dizer... sempre dá certo!
Esse cuidado é diário. Corpo e alma se completam numa fusão que transcende os limites da consciência”.