Coleção pessoal de arise_casagrande
Nisto erramos: em ver a morte à nossa frente, como um acontecimento futuro, enquanto grande parte dela já ficou para trás. Cada hora do nosso passado pertence à morte.
Toda vez que você me beijava
Era necessário encher os meus pulmões
Pois sabia que ficaria sem ar
Sentia uma flecha que atravessava desde as costas
E saía no peito
Era uma tremenda emergência
De estar
De abraçar
Te beijar
E se tem uma coisa que não consigo entender
É o porquê de achar
que já conhecia você
Antes mesmo de te encontrar
E ao pousar no seu olhar
Senti explosões cósmicas ao nosso redor
Como se ali tudo fizesse sentido
Como se todo o resto do mundo fosse menor
Do que nós dois.
Um bom lugar para ficar...
Um bom lugar para amar...
Eu olhei pra você
E me pareceu como uma fruta maravilhosa e suculenta
Mas na primeira mordida pude ver
Que era podre.
Eu ainda sou capaz de criar
Cenas em que estou com você
Você era ouro
Eu era daltônico
E agora vivo agonizando em meio a ficções e lembranças de nós dois.
corpo descartável
mente vazia
apego carnal
caraminholas na cabeça
nada
e tudo
dois extremos
onde está o equilíbrio?
As folhas nas árvores fazem ritmo ao bater do vento
a água que corre sobe pela minha pele
o cheiro de terra preenche meus pulmões, me lembrando onde pertencer
terra, fogo, ar e água, tudo se conecta na morte e na vida.
vindo de geração em geração, a violência, o descaso
tudo isso fica gravado na memória daquele que não teve um afago
só pedras nas costas, direitos tomados
presos, mortos, calados
o show tem que continuar, é A lei da vida
mas quem é que vai se salvar no meio de tanta maldade envolvida
no olhar de quem não quer resolver o problema, só quer eliminar
bang bang bang, mais uma mãe a chorar
Eu, a bailarina muda e pequenina, encima da cômoda de sua mãe. E você, um gigante pra mim, com os olhos e o sorriso mais sinceros que pude conhecer.