Coleção pessoal de areopagita
Não são as épocas turbulentas, em si, que formam nossa personalidade; é a resposta que damos aos temores que nascem em nossa alma frente às desordens da vida que, em grande medida, determinam que tipo de pessoa iremos nos tornar.
Fazer o que nos dá na telha é um claro sinal de servilismo ao que há de mais baixo e vil em nossa alma.
Onde os tontos veem um retumbante fracasso, os astutos veem a possibilidade de um inestimável aprendizado.
Toda vez que nos sentirmos derrotados, lembremos que foi a funda de Davi que fez o soberbo Golias derrubar sua espada e perder a sua cabeça.
A esperança é uma determinação heroica da alma. Repito: uma determinação heroica. Por isso, toda vez que o desespero bater na porta da nossa alma, lembremos que é preferível morrer com a luz da esperança nos olhos do que viver comodamente à sombra da sua ausência.
Todos nós, em alguma medida, nos vemos submetidos ao poder da opinião pública e, ao tomá-la como principal referência de orientação de nossas vidas, estamos nos entregando de corpo e alma a mais cristalina sujeição canina, nos sujeitando aos ditames de um feitor cruel e sem face. Feitor esse que, algumas vezes, apresenta-se com os paetês da grande mídia e, noutras tantas, se veste com os andrajos da massa ignara, massa essa que acredita estar bem informada por repetir, caninamente, o que é ecoado pela grande mídia.
Um covarde, por definição, é aquele carniça que dá o tapa e esconde a mão, a mesma mão que, um dia, usou para afagar o ombro daquele que, hoje, ele malha covardemente, sem dó, com seu libambo.
Todos nós, em alguma medida, somos ao mesmo tempo sinhô e escravo. Todos nós, sem exceção. A questão é sabermos o que será o nosso senhorio e, é claro, o que iremos subjugar em nossa vida. A resposta a essas indagações, gostemos ou não, indica a real substancialidade da palavra liberdade em nossa alma e, o quanto, de fato, somos senhores de nós mesmos.
Aproveitar bem a vida não consiste, necessariamente, em saber se divertir, mas sim, em aprender a resistir a tudo aquilo aparecer em nossa jornada para dela nos desviar.
O silêncio, em muitíssimas ocasiões, fere muito mais profundamente, e com aquele xucrismo eloquente, todas aquelas almas sebosas que, em suas matilhas histéricas, berram ensandecidas qualquer groselha para chamar a atenção de todos e posar de vítima.
Confessar uma religião significa professar a crença num determinado conjunto de valores; não confessar religião alguma também.
Qualquer um que fale a respeito da importância da dita cuja da educação, descartando a necessidade imprescindível da correção e da disciplina, e projetando um rótulo infame sobre a possibilidade duma reprovação, definitivamente, não sabe do que está falando. Não mesmo.
A educação é um bem precioso que, goste-se ou não, os meios para encontrarmo-nos com ela são acessíveis; muitos podem, se quiserem, conquista-la; podem, porém, pouquíssimos desejam realmente aventurar-se por este caminho.
Se você acha um absurdo que uma pessoa, que um filósofo, utilize, uma vez ou outra, um punhado de abençoados palavrões, saberia de uma coisa: Nosso Senhor Jesus Cristo, o Mestre dos mestres, usou muitíssimos palavrões em suas preleções. Isso mesmo floquinho de neve limpinho. Se você lê-se diuturnamente os Santos Evangelhos, se procura-se conhecê-los de forma apropriada, saberia disso e pararia com essa mania boba de ficar arrotando moralidade feito um sepulcro caiado.
Um insulto torna-se libertador quando é dito com bom humor, sem ódio. Agora, quando um xingamento é proferido com raiva no coração, este acaba se tornando mais um grilhão que nos manterá a ferros nas masmorras de nosso orgulho ferido. Por isso, antes de falar um belíssimo e abençoado palavrão liberte sua alma da tua vaidade sem noção. Obrigado. De nada.
Todos sabem que não devemos chorar o leite derramado; mesmo assim insistimos em derramá-lo pra depois, inutilmente, chorar por ele.