Coleção pessoal de aparecidogalindo

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⁠Os artistas costumam atuar no campo das emoções, quem faz Arte, no campo dos sentimentos.

⁠Alguém pode escrever, tocar ou cantar sem que para isso seja reconhecido como um artista. Quanto ao artista, este pode se abster de toda e qualquer arte, nunca de seu público.

⁠Então chega o dia em que um descobre que não será lido. Daí que, longe dos seus, do público e da crítica, ele assume a responsabilidade de fazer arte.

"⁠A burguesia fede”, que bobagem! O odor é único para cada indivíduo, um traço da personalidade, algo que o burguês não tem porque tudo o que faz emula os hábitos e interpretações de mundo da elite.

⁠MPB (Música Pequeno Burguesa), para desfrutá-la é necessário uma longa habituação, talvez de berço, ou o desejo profundo de ser reconhecido como um burguês.

⁠O que faz um(a) cantor(a) ser da MPB (Música Popular Brasileira) não é a música, mas sua capacidade de comungar dos mesmos valores e crenças da burguesia, principalmente de seu habitus cultural.

⁠Ao ler um(a) escritor(a) da classe operária, o faça por respeito, nunca por indulgência.

Os que se veem como superiores, são indulgentes, os que se percebem como iguais, respeitosos.

⁠Para alguém ser reconhecido como um artista, trata-se mais de participar ou não de confrarias, do que de Arte.

⁠O tédio sempre foi um privilégio das elites. O proletáriado, vivendo entre a opressão de um trabalho desumano e o medo de perdê-lo, nunca pode usufrir de semelhante luxo.

⁠Música: o mais próximo que o Homem chegou da Eternidade.

⁠Quem abre um livro, físico ou digital, na solidão do transporte público, ou em casa, e que não sabe o que é “cronotopo” é mais digno da Literatura do que os mercadores literários e escreventes de teses “copia/cola” acadêmicas.

⁠Aquele a quem costuma-se chamar de “Artista” é na verdade alguém dado as aparências que tem por objetivo alcançar e manter certa relevância no Mercado Cultural. O Gênio Artístico ocupa-se da Arte e isto lhe basta.

⁠Viver é narrar.

⁠Falar em Arte Marginal é redundância, porque a Arte só pode existir à margem, tudo o que se encontra no centro já é Cultura.

Não há nada mais saudável para um gênio artistico do que uma boa dose de ostracismo.

⁠A Arte é um ancoradouro instável e de difícil acesso, já a Cultura é um porto seguro: provido de mapas, farol e rotas pré-estabelecidas.

⁠Ninguém exige que o Médico seja um excelente Poeta, ou de um Químico o desempenho de um Romancista. Mas, pasmem, ainda há os que defendem que o Escritor domine a sua Arte e de lambuja, sane todas as mazelas do mundo.

⁠A metáfora está para a metonímia como o salto está para o voo.

⁠Mas o que seria o nosso rosto a não ser uma perfeita máscara? Que a aperfeiçoamos com o passar do tempo, até que por trás dela não exista mais nada.