Coleção pessoal de APacheco

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Dizem que esta carta foi deixada no tumulo de François de La Rochefoucauld.

Aqui jaz, Duque François de La Rochefoucauld, que viveu na França até sua morte em 1680.

Caro Senhor Duque, venho de longe solicitar a sua atenção junto à esta carta.

Todas as qualidades, nobreza e virtudes lhe foram dadas pelo povo da França. Sei que o senhor retribuiu tudo isso em livro e reflexões que ecoam até hoje nas mais altas Academias de Letras muito além das fronteiras da França.

Uma, de muitas citações sua que mais admiro. "O amor é como fogo: para que dure é preciso alimentá-lo"

Também sei que o duque foi um militar que lutou pela democracia ao limitar o poder real e discutir abusos cometidos pela Corte, enquanto vivo. Assim sendo, o senhor sabe que um dos maiores pilares da democracia é saber conviver com opiniões contrárias.
E esse é o ponto:
Frase sua, duque... frase que discordo.

"O verdadeiro amor é como os fantasmas. Todos falam nele, mas ainda ninguém o viu"

Ninguém o viu? Então, prezado duque, escute com atenção!
Sim duque, muitos dizem e fingem que amam. Esses, com certeza nunca viram o amor.

Hoje, em meu tempo, o amor infelizmente pode ser comprado, estragaram o amor, fizeram dele igual a produtos nas prateleiras. Coisa comum. Simples de achar. E pelo preço certo, podem até comprá-lo.
Porém, gostaria de testemunhar o que eu presenciei sobre o amor.
O senhor disse que "o verdadeiro amor é como um fantasma...ninguém o viu".

Bom! Não sei como são os fantasmas, mas afirmo ao senhor que o verdadeiro amor, esse eu vi sim! Só não vi, como me apaixonei, toquei, beijei, senti, me declarei e chorei por ele. E morreria por esse amor! E não era um fantasma, era tão real quanto você e eu, meu caro.
Se o duque pudesse ver de quem estou falando, e de que amor estou me referindo, não tenho dúvida de que o senhor nunca teria escrito aquela frase, pois teria o mesmo sentimento, que eu tive, só de olhar pra ela a primeira vez.
Vou tentar descrever ao senhor como é esse amor que o duque diz que ninguém viu:
Acomode-se aí meu caro duque! Feche os olhos (desculpe a ironia), e tente imaginar o que eu vou descrever. Ela é assim... Só que mais bela!

Seus olhos são lindos como o mar, mais bonito que o céu azul, mais bonito que qualquer cristal, diamante ou minério desta terra, mais bonito que as estrelas, mais bonito que qualquer outro astro. E é assim que brilham os seus olhos.
E o sorriso duque! Tudo nele é bonito, o mais belo, mais perfeito, o mais lindo que já vi. É como uma estrela brilhando bem forte no céu a noite, e nada o detém! Esse sorriso seria capaz de deixar de joelhos o líder mais tirano de um império.
Os cabelos são como as ondas do mar refletindo o brilho do sol em todo seu esplendor. A noite, são como o brilho do luar, puro encantamento e elegância! Macios como a mais pura seda.
Sua voz é doce e alegre, meiga...
Não a nada igual! É voz que acalma, cativa e estremece. Arrepio e alegria. Ânimo e paixão. São coisas que sentimos quando ouvimos a sua voz. Simplesmente um som inesquecível!
O corpo. Ah! o corpo, caro duque!
Esse detalhe, infelizmente não poderei descrever ao senhor. Não porque não quero descreve-lo, mas porque simplesmente... não há como.
Para isso, eu teria que buscar inspiração nos mais verdes vales e nas mais altas montanhas que existem no céu! Sinto muito meu caro, farei isso um dia, mas espero que não seja hoje.

Encerro, caro Duque François de La Rochefoucauld, lamentando que talvez o senhor tenha acabado seus dias como um pessimista desencantado com a humanidade, e que tivesse tido uma visão distorcida do que é o verdadeiro amor, - hoje, no século XXI - eu lhe daria toda razão. Mas o amor que eu vi existe meu caro! Tem nome, forma, e endereço (Em Tupi. Braço de um rio caudaloso, separado do curso principal por uma ou várias ilhas). E sofro todos os dias por ela estar longe.

E ela é linda de morrer, duque! (Novamente me perdoe a ironia).

Cordialmente, Alexandre Pacheco.