Coleção pessoal de antonia_pierina_maroste
(( 020 ))
SENTENÇA...
Jenário de Fátima
Tudo que fizermos, fazemos e faremos.
As coisas de grandes e de pequenos montas.
As coisas que lembramos e as que esquecemos.
Haverão de cobrar-nos, pra acertar-se as contas.
Não haverá de mais e nem tampouco de menos,
Das nossas injúrias e das nossas afrontas,
Das nossas infâmias e dos nossos venenos.
...De nada se aumenta...de nada se desconta!
E diante do maior de todos os juízes,
Sem que se haja erros, enganos ou deslizes,
Tudo será revisto, medido e pesado.
E que passou a vida, vantagem tendo em tudo,
Ouvira nesta hora, bem cabisbaixo e mudo,
Um duro veredicto o acusador;- Culpado!
Jenário de Fátima
( 018 )
COM QUAL CARA EU VOU?
Duas caras dependuradas
com qual delas vou sair?
Com a que está emburrada?
Ou com a outra a sorrir?
Tenho opinião formada
e não vou nunca desistir
se saio e vou pra noitada
e não pretendo dormir.
Eu levo só a cara alegre.
Nisso, quem quer me segue,
Inda me indica um atalho.
Porém não disfarço:
Levo a cara emburrada
Quando vou para o trabalho!
Jenário de Fátima
( 017 )
COMPARAÇÃO -
Entre Florbela Espanca e Jenário de Fátima
Graciley Vieira Alves
Um dia ao comparar-te com Florbela
De leve, enfim, mais pude perceber
Poesias que falavam dentro dela
Vi... sintonia clara com você!
Os mesmos sentimentos, tão avulsos
Os quase, mesmos versos espalhados
Qual doce declinar, tão orvalhados
Das gotas de luar sobre os arbustos
Qual mão que se coloca sobre a outra
Qual pouso de uma ave que se aninha
Num toque em timidez como um Sol posto
E quanto mais, teus versos eu relia
Fechando meu olhar me convencia
Ver nela o mesmo ser, em outro rosto!
( 016 )
AO MESTRE COM CARINHO
( Homenagem ao poeta Jenário de Fátima )
Um dia ele segurou em minha mão
Pra me ensinar fazer lindos sonetos
Fiz de sua companhia um amuleto
literalmente tirei os pés do chão...
Sei que por Deus sou um ser eleito
Um anjo bom caiu no meu jardim
Exalando um cheirinho de jasmim.
Trazendo rimas em versos perfeitos
Sorristes ao ver, quão boba eu ficava.
Quando a ti mostrava esses versos soltos
Versos livres, de tão livres eram tortos...
E de olho bem abertos eu sonhava
Aprendendo que nesse mundo virtuoso
Uma tela fina separa corpo e não alma!
Joelma Maia
( 015 )
Jenário de Fátima
ARCO - ÍRIS
Pus a escada na parede
Pro Arco-iris pegar
Tive que tirar a rede
E o ferro de engomar
Como estava com sede
Bebi antes Guarará
Mas agora olhe vede,
Onde o Aro-íris está?
Sumiu e escafedeu
Fugiu com o Deus Prometeu
Pr'algum reinado distante.
Quem sabe pra Grécia Antiga
Onde pequena formiga
Morde o pé de um elefante.
Jemário de Fátima
( 014 )
Jenário de Fátima
ALGO NOVO
Tu despertas em mim coisas estranhas.
Que estavam há muito adormecidas
Guardadas...sepultadas escondidas...
Lá bem no fundo de minhas estranhas.
E agora já não tenho hora vãs...
Me apanho em risadas descabidas
Ou meio as canções indefinidas
Que vivo a cantarolar pelas manhãs...
Aonde isso vai dar não sei ao certo
Só sei que neste estranho riso aberto
Me sinto criança com novo brinquedo...
E já não mais vislumbro céus escuros
Há tantas estrelas, tantas sobre os muros
Demolindo um a um meus velhos medos...
Jenário de Fátima
( 013 )
Jenário de Fátima
ANJO MORTO
Cuidem você que aí estejam fora
O vento impedir de bater a porta
Cá precisamos silencio agora
Na casa tem uma criança morta
Um fio d'agua em cada olhar aflora
Todo ambiente pesa e desconforta
Quanta tristeza à volta se incorpora
Nesta que a vida já tão cedo aborda
E diz a mãe, em todo desespero
"Por que meu Deus eu não fui primeiro
Do mundo agora, nada mais importa."
E cabisbaixo, circunspecto, mudo
Também um pouco, morro em meio a tudo
Sempre que vejo uma criança morta.
Jenário de Fàtima
( 012 )
CANTIGA PARA LIANA
Jenário de Fátima
Um riso infinitamente puro,
Na mais perfeita obra de Deus fez.
Como o sol que cortando o escuro
Vem clareando a terra em alva tez
Você é qual a estrela sobre o muro
Que mesmo em tão distante pequenez.
Tem um pulsar constante mas seguro
Igual o amor que vence a insensatez.
Ó pequetita e doce LIANA
Que vida que lhe chega venha plana
E sempre seja tépido o seu ninho
E que lhe cubra de força e coragem
Pra superar agruras da viagem
Que está no marco zero do caminho.
Jenário de Fátima
( 011 )
RESUMO
Tudo, tudo, o que nos sempre vivemos,
Pelos rumos que tomaram nossas vidas
Na insônia das noites mal dormidas
Na quebra das promessas que fizemos.
No rosto dos amigos que perdemos,
Nas canções que ouvimos repetidas
No gosto das saudades escondidas
De amores dos quais nunca esquecemos.
Tudo isso, faz parte de nossa história.
História que escrevemos dia a dia,
Editada em um livro na memória
E a minha, pra lhe ser sincero e franco,
Dá- me um aperto, uma angústia, uma agonia
Quando olho tantas páginas em branco.
Jenário de Fátima
( 003 )
Casinha Branca
Uma casinha branca ao pé da serra.
Onde o poente enegrece mais cedo.
Um sabiá cantando no arvoredo
E um bezerrinho que distante berra
E quando o dia a pálpebra descerra
E a lua vem bater nos lajedos
Posso eu sentir pelas pontas dos dedos
Toda energia que emana da terra...
Num canto assim quero findar meus dias.
Tirar da terra meu próprio sustento
E meio as manhãs de alvoradas frias.
Pelo interior deste simples abrigo
Bem mais que a neblina que carrega o vento,
Eu tenha alguém que amo comigo.
Jenario de Fatima
AO MENOS MINHA DOR
Claudia Dimer
Eu procurei, por toda a vida, atenta.
Como, um filho perdido, a mãe procura.
Uma gota de paz na alma sedente,
Felicidade achar, na desventura.
Como a mis linda e cara vestimenta
De fino pano, de melhor textura,
Não me serviu o bem, e na tormenta
Eu desisti de uma alegria pura
As vezes, possuir felicidade,
Atrai inveja, a roubam por maldade,
E disputá-la assim, sequer convinha...
Possuo a dor! Ninguém a quer por nada!
Comigo está segura e bem guardada...
Ao menos minha dor é sempre minha!
Claudia Dimer
Quem se atreve...
Quem se atreve?
Impedir que venha chuva
Ou então fazer cair neve?
A eternizar o tempo
Dessa existência tão breve?
Ou então colorir o vento
Ou deixar o ar mais leve?
Quem se atreve...
Quem se atreve?
A calcular o valor
Que a pobre vida me deve?
( 009 )
Balanço
Jenário de Fátima
Tudo passa, enfim tudo é passageiro.
Passa o tempo e as vezes nem percebemos.
Que as rugas que nos cobrem, que nós temos
São as provas de que o tempo anda ligeiro.
Vai dezembro, vem ai novo janeiro,
Repetindo a dança d tantos anos.
E de novo o mesclar de tantos planos
Nos confunde em o que fazer primeiro.
Entretanto, quando olhamos lá pra trás.
Ao saber que o que passou não volta mais,
No produto entre o que foi choro ou riso.
Muitas dúvidas ainda permanecem.
Pois os nossos valores sempre crescem
Quando na soma do amor há prejuízo
(( 006 ))
Mesma Moeda
Nunca diga um "Eu Te Amo" sem amar.
Nunca expresse um "Eu Te Quero", sem querer
Nunca fale um "Eu Te Gosto",sem gostar
Nunca queira amor dar, sem amor ter.
Amor não é coisa para se brincar,
Pra se divertir ou se entreter,
As marcas que um amor pode deixar
Perduram pelos anos sem morrer.
Ao se brincar com sentimento alheio,
E se fazer cair choro inocente
A vida traz em seu bojo, em seu meio
Historias de revanche e de castigo.
O que fazes a outro certamente
Alguém um dia irá fazer contigo.
Jenario de Fatima
( 008 )
MOMENTOS
Jenário de Fátima
Muito mais que momentos excitantes,
Que ousamos trocar todo momento.
Muito mais que este deslumbramento,
Tão comum à loucura dos amantes.
Muito mais que o delírio dos instantes
Que me ocupa e me toma o pensamento.
Muito mais que os sonhos delirantes
Que passeiam pelos versos que invento.
Muito mais que isso tudo que me toma.
Isso tudo que adere, gruda, soma,
Ao desejo que aflora entre nós dois
É a certeza do que conta é o presente.
Porque o resto assim, pura e simplesmente
Simplesmente a gente deixa pra depois.
(( 005 ))
INTIMIDADE
... Um quarto-sala n'algum prédio antigo...
uma geladeira, uma escrivaninha.
E na fruteira maça, pera, figo
mais a certeza de saber que és minha!
No pouco espaço deste nosso abrigo
há no banheiro uma esticada linha
que um prendedor segura sem perigo
a minha cueca e a tua calcinha.
nesta intimidade em forma crua
é tudo feito tão naturalmente
que até parece que no ar flutua
alguma coisa estranha, diferente...
dando a impressão que até mesmo a lua
tente descer para vir tocar a gente.
.
Jenário de Fatima
(( 004 ))
FINAL DE SONHO
Jenário de Fátima
Um sonho de amor quando finda, termina.
Deixa sinais e nítida evidência,
Que devemos olhar com mais prudência,
As coisas que a mente descortina.
Pois quem ama quase sempre imagina,
-Talvez levado por doce inocência
-Que no amor existe sempre coerência,
Mesmo se é uma linha é tênue e fina.
Quando termina então um dia tudo,
Um coração calado assiste mudo,
Ao peso de uma dor sem ter remédio.
Mas em nosso peito dolorido e frio,
O lugar do sonho nunca esta vazio,
Logo é tomado por tristeza e tédio.
· 20 de outubro de 2012 ·
( 002 )
FANTASIA
* Jenário de Fátima *
Um Poeta, quando fala às estrelas
Elas atenciosamente escutam.
Não questionam e jamais refutam
O que o poeta tem para dizê-las.
Conta, que o poeta pra entretê-las
Usa seu mais forte argumento,
Aqueles versos cujo encantamento
As lágrimas não há como contê-las.
Por isso, quando a noite envolve o mundo
E vemos numa fração de segundo
Luzes vindas do céu em linha reta.
Se crê que estas luzes simplesmente,
São lágrimas de uma estrela inocente
Que vive namorando algum poeta…
Jenário de Fátima
( 001 )
· 23 de setembro de 2012 ·
PÁGINAS EM BRANCO
Jenário de Fátima
Tudo aquilo que nos sempre vivemos,
nos rumos que tomaram nossas vidas,
pelas noites de insônia, mal dormidas
Ou na quebra das promessas que fizemos.
lembrando bons amigos que perdemos,
ou canções que já não mais são ouvidas
Chorando as tristezas escondidas
de amores dos quais nunca esquecemos.
Tudo isso faz parte de nossa historia,
Historia que vivemos dia a dia
Editadas em um livro na memória.
E a minha, pra lhe ser sincero e franco,
Dá-me um aperto, uma angústia, uma agonia,
Quando olho tantas páginas em branco.