Coleção pessoal de anonyme

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Reconstrua-se a cada dia. Molde, em si, um novo manto em cada amanhecer. As mudanças são significativamente necessárias, e por mais dolorosas que aparentam ser, saiba: não só você, mas o Universo ao seu redor também agradecerá por tê-las feito.

Noitadas de Fazenda

Era noite, e o gato, esgalgado, andava na porteira.
O homem trêmulo, despercebido, deixara cair o café
A lua graúda, digna de horizontes; de leves marés
O pampa escorregadio, brilhante, encostava-se à madeira.

O gotejar das folhas no curral deixava-o barrento
E o bezerro recém nascido estremecia-se ao frio.
O vento cortante vagava, ao som de assovios
E o pobre animal do campo, lá; Lamento!

O nevoeiro entrelaçava-se à friagem e madrugava às manhãs
As rochas do riacho, embebedadas, porém sãs!
E os arbustos – de mata molhada – ali presentes, serviam como fronteiras.

Por ali o dia passava, em singelo repouso
O Sol abrangente, mas, ora, piedoso!
E o entardecer alaranjado suavizava as retinas alheias.

Ardor e Arte

Fale-me mais, fale-me o que te arde à alma,
O que dói, o que lhe quebra os ossos!
Vaga-te em corpo, abrange tua calma
Queima o teu, o meu; o nosso!

Impõe fragilidade, enforca-te o pescoço.
Marca-o na pele; assemelha-te a um escravo.
Ris de ti, pisará em teu calo; jogará-te ao poço!
De varões livre e singelos à varões bravos!

Abraçará e afagarás – comportará em teu ato,
Pois, com dó também ficarás; sensato!
Será digno de encanto e também de perfeição.

Com fogo iluminará: vermelho forte!
A confiança não cessará, mesmo à beira da morte!
E a serenidade, amigo, confortará teu enorme coração.

Indagações

O porquê de sentimentos serem expostos em obras
O porquê de uma sombra de árvore ser tão afagadora
O porquê de o corpo humano ter uma beleza tão rebuscada
Questiono-me.

Questiono-me o porquê da vida
Questiono-me quais os ingredientes de uma felicidade plena
Questiono-me quantas pessoas sorriem por dia
Questiono-me.

O porquê de haver palavras tão bonitas
O porquê das manhãs de domingos serem preguiçosas
O porquê de borboletas voarem tão fragilmente
Questiono-me.

Questiono-me se há vida em planetas próximos
Questiono-me o porquê de envelhecermos
Questiono-me o motivo de haver despedidas
Exageradamente, questiono-me.