Coleção pessoal de anjokaido
Amaurose
A historia que meus olhos contam quando te observam é absurda de mais para ser repetida em voz alta. As palavras que preciso dizer se perdem pelo caminho traçado por minhas mãos quando te abraço.
Seu rosto tão perto do meu suaviza com perspicácia o sabor amargo na minha boca, deixado das vezes que não pude segurar sua mão sem medo.
Fico, mas não por muito.
Me desprendo de tudo, mas ainda querendo me agarrar só por mais um minuto.E amanhã quando o sol nascer e eu estiver prestes a ir, não terei menos do que já tive ou mais do que esperei.
Então me afogarei mais um pouco em sentimentos que me assustam. Permaneço em vontades intensas empurrando meu corpo sem aviso.Invisto nas profundezas mais imprudentes, lacunas e brechas.
Esse é meu labirinto confuso de palavras jamais ditas.Mantenho perto uma carta nunca escrita, olhares e segredos sussurrados apenas para mim sobre alguém que facilmente me deixaria ir.
Dizem que a felicidade habita dentro de nós mesmos. Entretanto, quando estou na frente do espelho buscando, quem sabe, algum segredo evidente demais nos meus olhos, tudo que vejo é alguém que não posso perdoar.
Por tudo, eu acho.
Decidi que vou parar de olhar nos meus olhos através do espelho por um tempo. Foda-se.
Quero cair. A escuridão não me assusta mais, aqui é onde eu danço e nem os fantasmas podem assistir. Então eu quero cair, mais e mais, deixar que me abrace, que me beije, que me invada... profundamente, me deixe ser. "Deixe-me afundar". Falei enquanto não havia ninguém para me parar. Eu não consegui parar, não quis.
Sentada a beira do abismo, minhas mão firmes em sua decisão. Não há espaço para escorrego, apenas pulos, pensei.
Observo o vento interrompendo pela janela, uma luz sutil escapando pelas cortinas, sinto a gentileza de um sussurro tranquilo do qual não lembro se realmente aconteceu, uma caricia nos cabelos pendentes na minha nuca... sim é a noite que me convida, eu sou aquela que grita, embora nunca tenham me impedido de ir, nunca ouvi dizer que sim.
No abismo, transbordando, esticando uma mão que nunca tocou em nada, eu na escuridão, danço e danço em minha própria caixa e na melodia que as arvores cantam, sei de segredos que jamais ouvi.
Minha pele arde, embora seja tão frio, ofegante, eu não quero mais pensar. Meu corpo se estremesse enquanto cai em suas mãos, onde fiz da escuridão meu lugar, onde nada é dito, nada é visto e apenas minha voz faz pedidos, enquanto me torno parte do abismo e não há ninguém que possa evitar.