Coleção pessoal de anita
vento sacode lento a rede vazia.
vitrais refletem sol
no corpo da menina
debruçada na varanda
varanda do céu
menina do mundo
a pressa não passa
quando cabelo balança
sem querer o céu.
nem nada
vento sacode a saia
embaraça os cabelos
leva embora o inverno
e o girassol.
Pra sempre vai ventar
e tudo voar.
e voar.
e voltar.
talvez ela espere.
a marujada passar
com cantigas de ninar
com a flor seca entre os dedos.
espere.
.
Eu amo isso. Eterno vai e vem, essa coisa brusca e desenfreada, que me arrasta, depois esquece… comove! complica, arde, alivia, e sempre comove! Isso que move, orienta e desorienta. Minha caneca metade cheia, a blusa grande, os pés pequenos. Faz frio, e ninguém sabe ao certo a medida do tempo.
Seu braço, meu abraço. o cheiro do shampoo, o gosto do doce e do amargo. os cds nas capas erradas, minha suave bagunça. os livros que eu nunca terminei. as folhas que eu não escrevi, as que eu fiz voar. Aviãozinho, sapinho, barquinho, chapeuzinho. eu sei. Sei mais…
É mais do que ir. é estar! sentir, ser…. vida!!!
deixar o vento levar, a voz ecoar, o sol rachar. a boca gelada, sangue quente, pulmões limpos, café, beijo, queijo, goiabada.
eu danço pra vida. e a vida dança pra mim.
vindas e idas. vai ser sempre assim.
Um dia, mais um. Desses que acontecem depois de ontem, e antes de amanhã. Começa antes do sol,e termina depois .. sabe-se lá quando termina, ainda não chegou. talvez não termine. “O fim… é belo e incerto” já dizia a música. São mais bonitas quando tristes. Assim como os filmes, ou as palavras. mas não o tempo. o tempo não fala.
E o despertador grita. relembrando que meus 5 minutos de acréscimo terminaram. A seleção não fez nada, porquê eu faria? meu patriotismo está de greve. e também o ânimo, e a fome, e a lucidez.
Depois de atirar o tempo pela janela, me virei. Decidí matar o dia. Afinal se ele começa quando acordo, termina quando durmo.
Se pudesse,
se as pernas dessem pé.
Se gritasse!
desmiolasse!
dormisse…
Se tu soubesse…
Da penitência que a vela reza. do terço
de farinha
preço do pão.
metade da ironia,
saudade suada. Molha camisa,
um olho alegria,
outro de raiva.
coca-cola com vinho.
Seco, rasgado.
Pintado de verde o muro.
Pichado de vermelho sangue.
de penitência reza.
de loucura preza.
paciência espera.
desepera!
Passa lento.
tempo pra quem conta dias.
cadarço descalço
corre, foge
fogo!
foge!
Nem se a vela apagasse
você eu soprasse.
nem que endoidasse… diria: “Te Amo!”
Porque te amo uai!
Amém
Qual sua graça?
CPF! certidão de idade! de sanidade! de cidade!
dólares em reais.
certidão de morte!
Qual sua desgraça?
Por quem você ora?
Cinco vezes vire-se à Meca.
Com quem você faz ora?
O que te alimenta?
Quantas horas?
bússola orienta!
Em quem você vota?
esbórnia desorienta!
hóstia engorda.
se é que vota.
exilada maria madalena!
Nulo é covardia.
em paredes de banheiro
Anular é dedo.
pra rir: Horário Eleitoral.
Toda bossa é nova.
pra chorar: política.
Toda prosa é trova.
Deixa tudo e vambora!
apresse tua oração
que o Futuro já foi.
sem fazer ora
no lombo do Boi.
Nunca sei ao certo. O que é certo, o que é discreto. O que é sensato.
Sei o que quero! até quando não quero. ou até mudar de idéia.
Não tenho razão, não tenho certeza. Nem anéis eu tenho.
estou certa! e não sou discreta!
por que as pessoas me irritam tanto?!
eu fico tonta se penso.
se não penso. não existo. nem fico tonta.
Bebo café sem doce. escrevo sem nexo. Jogo baralho e falo palavrão.
odeio sapatos e órdens. gosto de sorvete e do meu pai.
Fico lendo. fico quieta, fico inquieta.
fotografo o que se move. e o que nunca vai se mover.
Esqueço do livro, da órdem, do progresso, da desordem.
jogo baralho e falo palavrão.
passam. horas. pessoas. dias. passam…
e nada passa.
nem a pressa desajeitada trajada em cores.
que de meia no escuro. tropeça.
que de poesia a fotografia… fala.
tumulto. no fundo…
que bate. por quem bate…
e faz rir.
da graça mais sem graça.
porque meu time perdeu
a luz acabou.
o tempo fechou.
a vela apagou.
da reza me esquecí.
ele não esqueceu.
tudo esquecí.
até de mim.
ele lembrou.
abraçou.. e dormiu.
psiu…
é que ele é tão lindo, romântico e cafona
que eu fico boba toda
e o café esfria.
enquanto nada passa.
Hoje não é dia. nem de dia é dia. porque pulou pra fora do calendário.
e ninguém viu. o dia fugir ontem a noite.
então eu fico comendo brigadeiro e vendo amélie poulain.
dublado mesmo. porque isso não me chateia hoje. nem desgosto. de gosto.. só o do brigadeiro. outras vezes nem isso.
As vezes é muito tempo. em câmera lenta. legendado. disfarçado. amaldiçoado.
Tudo que eu cozinho queima.
todos os dias meu café esfria. minha saudade mata. meu silêncio grita.
minha gaita enferruja. meu travesseiro sonha. minha fome come. meu menino some. por trás do allstar verde.
mas deixe. que tudo da cozinha se queime. que a geladeira fique aberta. que o dia fuja. pra onde não existam relógios.
ainda tem brigadeiro. e amélie poulain.
Gosto do gosto. do cheiro. do tato.
me faço em pedaços. te faço. rasgo. bebo. inebrio. e esqueço.
prego com ima de padaria na porta da geladeira. pra lembrar.
de ligar. e comprar pão.
gosto to gasto. do ralho. do falho.
te desenho. escrevo. prego. penduro. estudo. e nem assim entendo.
são tantos números. e nunca me dei bem com eles.
a razão da equação não me cai bem.
e a noite cai.
pra quem é de noite. ou entende matemática.
Gosto do gasto. do braço. do abraço. de bom dia. do cheiro. do café. das fitas coloridas.
dos outdoors nas avenidas. do íma. das rimas. de ti.
que não está na minha geladeira.
pinta menina.
borda. troca de roupa.
toca o sino.
corre menina…
o sol já vai se pôr e você nem percebeu…
porque ainda tinha champanhe.
e eu que tinha tanto a lhe dizer.
hoje não sei.
mas vê se entende..
que o mundo é grande demais pra caber na sua janela.
.
ah meu coração… que nem vermelho é mais.
nem branco. nem preto. bate assim… listadinho!
e bate tanto…. eu tenho uma arquibancada dentro de mim. tenho um estádio, um hino. alguns refrões tolos e lindos…
Tenho o Willy Gonser, o Alberto Rodrigues e até o Galvão Bueno dentro do meu coraçãozinho listradinho. Já perdi a conta dos palavrões e dos galateios que destinei-os.
Ah… quando as buzinas tocam. quando os meninos gritam. quando as bandeiras sacodem… quando eu asseno e quase choro.
Quando eles dizem aos prantos: “sooobe galo”. e eu sinto tanto orgulho dos que rasgaram a carteira de torcedor, e no outro dia voltaram roucos de tanto cantar o hino preto e branco… como se pedissem desculpa pela heresia.
Eu me encanto, e não me canso de encatar… por toda essa gente preta e branca, que dorme na fila, que grita, e chora, e canta, e luta, e acredita!!!
Já vi atleticano chorar e enxugar as lágrimas na bandeira… Já vi atleticano com as mãos juntas e os olhos fechados dizendo “ave atlético cheio de graça”… já ouvi promessa, mandinga, novena, simpatia. Só nunca vi atleticano calar. Porque esse povo tem eletricidade, raça, expressão. Tem garra! e por mais que eu faça, por mais que eu diga, ninguém nunca vai entender o bater preto e branco do meu coração.
Porque eu posso até votar no Lula, virar homossexual, vegetariana, evangélica… mas não deixo meu galo, nem se ele voltar a ser um time de fundo de quintal.
Porque eu tenho essa tal de “raça” que dizem por aí.
Enquanto houver uma camisa preta e branca pendurada no varal durante uma tempestade… eu vou estar na lá…
torcendo contra o vento.
A coisa mais linda...
minha família!
Minha vó, minha prima.
Até minha tia que irrita…
Barracos inesquecíveis!
Abraços hereditários.
Primos incríveis…
Heróis imaginários.
Programas de índio,
até sessão da tarde.
Banho de rio…
e boteco da esquina.
para pouca verba
e muito verbo.
Tudo combina...
e vira tinta.
Na cara de quem não se cansa,
nem descansa.
Só de pirraça.
pra quem tem a raça..
de ser do carvalho!
vinho tinto.
seco. rasgado. suado. molhado.
desce cortando. sangrando.
uma dose. duas. três.
mão na cabeça.
encrenca.
hoje não.
a taça que caiu da mão.
alí.
no chão.
agora não.
ainda sangra.
enquanto entorpeço.
e esqueço.
um brinde.
então!
peço-te, entre tanto…
que não me cuide.
hoje…
juntar-me-ei à taça.
é que você não dorme
nem acorda.
não fuma esse cigarro.
nem joga fora.
não tem prece. só pressa.
as vezes não tem…
outras jogando truco com o verbo, pronome e artigo “o”.
nunca sei…
só que não gosto da ênclise.
de você eu gosto.
até do gosto e do gasto.
um dia eu aprendo..
aonde começa o sim e termina o não.
Seiscentos e sessenta e seis
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ª feira...
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente...
e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.