Coleção pessoal de andressacunha
Às vezes esperamos que alguém abra os braços e te aconchegue, que segure tua mão só por um minuto. São desejos rápidos e simples que por vivermos tão cheios de nós esquecemos que é difícil viver sozinhos e só nos damos conta da falta que faz quando não encontramos.
E nessa sua tentativa em me trazer pra perto, você tira minha concentração em desviar das coisas que tentam me atingir, e me faz sorrir quando encosta minha mão e me puxa pra junto. Mas ai vem uma coisa de surpresa e me acerta em cheio, e eu sangro novamente, choro. E vou pra longe de novo, e você sorrir e acena, enquanto se ilude que eu vou voltar e segurar sua mão.
Eu que antes de vidro, como tu mesmo já mencionasse, agora só o pedaços cortantes de quem eu já fui. E você querendo cuidar da mesma forma, se aproximar da mesma forma, mesmo sabendo, ou melhor, tendo a certeza que eu iria te cortar, e eu fiz.
Sabe, não é por uma questão de gostar ou não. De querer manter barreiras ou não. É uma questão de se entregar, e eu não estou pronta.
Preciso que seja fácil mesmo quando eu estiver difícil. E que fique calmo quando eu estiver histérica. E preciso de cuidado, de cuidar, de saber que ainda podemos funcionar. Da pra desistir sabe, parar de remar contra o dilúvio, da pra voltar atrás e jogar tudo de lado, viver sozinha sendo um pedaço de quem eu já fui e eu poderia, mesmo!, mas não quero tentar. Não agora.
Vou esquecer-me dos seus braços envolvendo meu corpo, da sua voz falando baixinho, dos seus dengos e carinhos. Da forma convincente de me fazer tentar e tentar outra vez. Vou ser minha, pra mim, inteira. Mas não agora. Não ainda.
Acho que talvez por não ser tão positiva, sempre enxergo que a metade pode dar errado e esqueço da outra metade que poderia ter funcionado. E me agarro a essa metade negativa a transformando em lei. Pronto, não tem mais jeito.
Se eu tivesse o dom de mudar o mundo, não mexeria em muita coisa, apenas em você. Mas não quem tu és, mas no que tu andas a sentir.
E não vou contar nossa história pra ninguém, porque ela é nossa, e ninguém entenderia além de nós. Seria apenas gastar palavras que seriam mal interpretadas por tolos que ainda não conheceram o amor.
E lembrei de você fazendo planos e promessas, dizendo como seria bom lembrar de tudo que passou, que la na frente seriamos fortes e que tudo era real. E foi.
Aquelas lembranças que não me deixavam desprender de você, são o que me fazem suportar a realidade de não te ter mais.
E agradeço a todos os romances que eu pude viver, cada pessoa oposta a mim que acreditou que unidos seriamos mais, e fomos. Não lembro de nenhum romance que tenha acabado assim, com uma tragédia irreparável , agradeço a cautela de ambas as parte, ou até mesmo um perdão posterior. É difícil entregar a vida assim na mão de outra pessoa e esperar que ela te faça feliz do jeito exato que você deseja, por isso surgem as insatisfações, mas eu agradeço por superar as minhas insatisfações diariamente e poder criar novas para superá-las (ou não).
Ele vinha, ela ia. Eram opostos que se esbarraram na estrada da vida, e sonharam, planejaram. Ela buscava sempre de forma fria ser realista, e ele lindamente sonhava. Eram bons um com o outro, e sabiam andar de mãos dadas, mesmo que os caminhos nem sempre fossem os mesmo. Ele calmaria, ela furacão. Louca, paciente. Ela era noite, ele dia. Eram sorrisos, noites sem fim, depois calmaria. Eram danças e deitar na grama, sorvete e azul do céu. Ela sempre amarga, ele mel. Ele beijo molhado ela abraço apertado, ela escandalosa ele calado. Eram amigos e confidente, mas nem sempre viviam contentes. Tinham problemas, mas quem não tem, até que num desses chega o desdém. Ela vinha, ele ia. Não mais juntos, porém mais unidos. Eram cúmplices e muito amigos. Existia amor, e devoção, e a inexperiência os deixava no chão. E assim seguiram, pelo caminho. Mas jamais soltaram as mãos.
Muitas vezes nossas certezas são o que nos prendem , o que nos tornam infelizes, o que nos impede de trocar por um emprego melhor, um novo amor, nos faz desistir de viagens, nos faz abrir mão de tentar o novo por medo do que a vida nos guarda fora dos nossos parâmetros de ‘absolutividade’ . Mas sim, precisamos de algo para acreditar, de fé para tentar e de esperança para não desistir. Lembrando que a maior certeza que temos é que o amanhã é incerto demais.