Coleção pessoal de andresaut
O que existe de maior em mim é o erro, apenas o erro no desejo de acertar, de fazer, realizar, eu erro e erro muito. No querer fazer um mundo melhor sem ter o mínimo de aptidão para isto. No tentar não magoar, tentar fazer os amigos sorrirem e causar tristeza apenas pela ausência. Não querer escutar brigas só risadas, quando o certo era transformar brigas não em acordos, mas em soluções. Achar que consigo transformar sementes em alimentos, mas descubro que plantar é fácil, cuidar da planta até chegarem os frutos é a tarefa difícil, a missão mais importante. Dar um casaco, uma camisa ou um sapato é apenas tentar afagar a consciência pois não tenho ideia do número do sapato ou de quanto é necessário o casaco que as vezes em vez de cobrir apenas encobre uma intenção sem propósito. Eu erro em querer abraçar com braços curtos de amor ou carinho. Erro em correr a um objetivo sem preparo e cansar antes de chegar. Mas o maior erro e correr sozinho, pensar sozinho, amar sozinho e não pedir ajuda para o equilíbrio que uma outra mão ou mãos te dão. Ouvir, ouvir e ouvir e quando achar que ouviu tudo, ouvir mais. E depois de ouvir, pensar, planejar e fazer. Que seja acompanhar o crescimento de uma plantinha ou abraçar uma ideia até que ela se realize, até que ela exista e assim fazer que eu e você existamos também.
Uma vez Pinóquio um sujeitinho cara de pau, alias virado em madeira e com um coração de igual material, mas ao contrario do que pensavam, não era oco. Quando batia dava até eco, mas não era oco. Um dia uma cupinzinha linda se aproximou do Pinóquio, foi amor a primeira mordida. Ela sentiu o cheirinho de um pot-pourri de madeiras diferentes, pois ele era feito de diversas experiências, tinha carvalho, pinheiro, dedinhos de mogno, enfim tinha experiências de varias vidas, centenas de primaveras, verões e até invernos. E ele viu nos olhos dela nela o brilho de alguém especial, ela parecia ver além da superfície e ele assim, se apaixonou. Mas foi um amor que logo foi consumido, corroeu ele por dentro e ela só via ele e foi fundo na relação não via mais nada, não fazia mais nada. E por mais que ela o amasse as mordicadinhas do dia a dia, destruíram ele até que lá no coração que até então não era oco, foi ficando e ali ela, conformada, fez morada. E um dia aconteceu, aquele coração um dia parou de bater, até tinha vida dentro, mas o som era oco...não tinha mais amor...nem o cheirinho de mogno que outrora encantava as pessoas. Assim como uma fábula qualquer a moral vem depois, concluída em verso, prosa ou até numa rima pobre como um amor de um boneco de pau por uma cupinzinha querida que acabaram confortavelmente até felizes, mas sem vida. Dos amores que a vida presenteia não fique com todos pois as vezes o melhor é que todos fiquem com ele.
De certa forma, feliz é o cachorrinho vira-lata de rua que quando ele recebe um carinho, aproveita o instante, pois é quase certo que será um carinho de momento e provavelmente a pessoa está de passagem e se encantou com o olhar doce e alguma atitude amigável. Então ele abana o rabinho, coloca a língua de fora,as vezes até se expõe colocando-se de costas e com a barriguinha para cima, mas quando levanta a pata é só pra dar um tchauzinho, pois não tem nenhuma esperança que a passageira da calçada, irá segura a sua patinha.