Coleção pessoal de andre_fernandes_3
O que me liga a você?
Não sãos os verbos e nem os pronomes
Nem rimas com, ou sem nomes
Somos poetas de sobrenomes
Somos desígnios das nossas ideias
Não são regras com particípios
Nem questões de termos princípios
Nem saber escrever o seu tema
É deixar a escrita na pele ser o seu lema
O que me liga não são sonhos
São devaneios de amigos sinceros
São as humildes garrafas do seu versejar
E a simples palavra de saber amar
E o que me liga? Soa deveras miserável!
Não ligo para me abastar de elogios
Ligo para ser a alma da felicidade de poetas
Se eu sou fácil de ler... Sou fácil de sorrir
André Fernandes
O que eu faço de melhor
“O que eu faço de melhor é ser poeta”
Faço meu amor virar a melhor poesia
Meu sentimento rimar com alegria
Minha dor não ser desilusão
De um pobre coração
Faço meu maior desejo de poeta
Escrever minha fome com emoção
Ao saber que é lida e dirigida
A todos os leitores de plantão
Faço cada palavrinha, uma história
Cada sílaba um destino e uma promessa
Que a maior poesia lhe toque
Como ela toca a quem lhe escreve
Faço a imaginação virar realidade
Mesmo que apenas rimas de paixão
Leitura terna a cada verso escolhido
Faço o meu melhor virar uma linda criação
Há dias não escrevo sequer uma linha
E não me falta inspiração
Nem ao mesmo, dedicação
E essa poesia há de ser a minha...
Melhor composição!
André Fernandes
O prazer, soluço e sussurro...
Entre soluços e sussurros o prazer!
Despretensioso usurpador do fato
Eis que a cama a batalha, seu lazer
O momento único... A chama o ato
Entre gracejos e dizeres a certeza!
Cuja palavra revela somente ais
O seu par sussurra a sua grandeza
E o soluço da moça não para jamais!
Ah! Entreabertos ou fechados, qual?
A dança dos corpos... Feito pintura
O suor lânguido nos dois sem igual
Precede o grito a fala! É partitura
O tom, semitom, a nudez fenomenal
Soluço e sussurro, prazer! sou lisura.
André Fernandes
O Lácio
Não hão de destruir ou menosprezar
A língua do poeta é a arma do autor
O Lácio cuja região formou deleitar
A formosura que forma sair do amor
Não há de se tornar morta, pois fala!
Escreve, canta, supera e nos dedica
Não há de se tornar extinta, não cala!
A flor, a ternura da palavra não abdica
E passa o tempo ainda existe a dádiva
Pode esquecer, mas não irar perecer
Enquanto os mestres usarem essa diva
Sóis agradecidos pelo imenso bel prazer
Aqui despeço brioso, poeta de alma viva!
O Lácio em mim vive!... Ela é meu ser...
André Fernandes
Inspirado no poema de Olavo Bilac "Língua Portuguesa"
Fingidores
Se teu verso finge perfeitamente
Todas as dores que sente
Se teu verso nos atinge calmamente
Lá na alma ele vem serenamente
Se teu verso é cria do teu fingir
Como fingir o amor que sente
Como disfarçar em palavras o sentir
O sentimento nosso e inerente
Se tua rima fosse não só disfarce
De todo o teu sentimento
Fosse tua prova mais eloquente
Magnitude amor sem mais no momento
Se tua verve mais nobre me calasse
Quando lesse do teu fingimento
Serei eu o mais! De todos os fingidores
Todas as dores! O meu nobre... Lamento!
André Fernandes
(parafraseando Fernando Pessoa – Poema Autopsicografia)