Coleção pessoal de analisedasilva
DO PORÃO À REALIDADE
Dependendo do retorno
Que se espera,
Perde-se
Anos ou seis horas.
Já havias ditado
Meu destino.
Eu teimei
Não quis ouvir.
Hoje ecoou tão forte.
Pareceu estar dito,
Desde os labirintos
Daquela casa
Rosada,
Ao final dos anos
De chumbo.
Te busco hoje e
À minha esquerda
Não estás.
Talvez
Somente eu
Tenha vislumbrado lá.
Em resposta ao teu convite
Talvez eu não deva...
Talvez...
Pois que assim de perto
Ao me virem a sorver
Pensem, talvez...
Já que toda improbabilidade é possível,
Que eu assim esteja
Talvez, e somente talvez,
Meu louro, prá te esquecer.
Tudo bem!
Talvez eu possa mentir.
E dizer que esteja assim
Pra esquecer um falso amor.
Mas tu sabes... Ah, e eu sei,
habitante do meu ser,
Que a cada gole o que brindo
É a esperança de tornar invisível
Que minha morada é tua alma;
Que meu remédio é teu calor;
Meu encanto o teu viver;
Meu drink o teu prazer.
Então, talvez...
Novamente, discreta, secreta,
E ardentemente,
Possamos nos beber.
Nosso amor
Nosso amor é lindo, porque é meu e seu.
E sendo nosso me faz uma pessoa melhor.
Quando fazemos amor, alimentamos o universo.
Damos motivo prá que a Terra gire,
prá que a Lua brilhe, prá que o Sol aqueça,
prá que a estrela cintile, prá que o homem cresça.
Quando paramos temos nos lençóis uma obra
onde as cores, as luzes, as formas e o desenho
dão uma vaga idéia de todo o amor que fazemos.
Não há lugar prá saudade, pois estamos e somos.
Sentimos a permanente presença do luar, do mar,
do caminhar, do cavalgar, do desejar, do acariciar, do deitar.
Sentimos a força e o prazer do nosso olhar.
Sentimos a vida nos perpassar.
Sem culpa, sem pudor, sem mágoa, sem rancor.
A cada calafrio das lembranças da alcova,
sentimos nossos cheiros e a mistura que eles criam,
lembramos os íntimos segredos compartilhados,
recordamos as falas, as escutas, as carícias, os calores.
Queremos mais disso!
Amamos confins ao anoitecer de ontem
sem querer voltar no entardecer de hoje.
Quando fazemos amor, fazemos!
Re-trato
Me conheces como não sou
Pois é assim que me vês
Me vês como não estou
Mas como teu amor me fez
29.03.2011
Passado e presente sem futuro
Lua.
Era assim que me chamavas.
Ex.
Foi assim que me chamastes.
Minha nega.
Foi assim que dissestes que me chamarias.
Por favor.
É assim que te chamei para que me ouvistes.
Por favor.
É assim que te chamo antes que enlouqueça.
Meu homem.
É assim que te chamarei.
OUTRA MORTE
Eu não tenho o que te dá prazer.
Nem o carro – quatro por quatro.
Teu beijo custa caro.
Lidas com a justiça e tua troca é justa.
Nem o vestido - tomara que caia.
E te vendes por tão pouco.
Nem o salto 15.
Para que se descestes tão baixo?
Nem o cabelo tingido.
Fingir ser quem não sou?!
Nem o dinheiro que sustenta tudo isso.
A falta em mim é a do dinheiro.
É o que te afasta.
O que nos separa.
Não é minha aliança.
Nem as nossas diferenças.
É que não tenho a renda que você precisa.
Não posso te pagar a arte.
Não tenho como te cobrir o torpor, nem a poesia.
Entendi as razões de não estar em teu leito.
Entendi porque não me queres por parceira.
Comigo só quando já é impossível respirar sem.
Não é comportamento.
Não é ideologia.
Não é desígnio divino.
É prata.
Prata para adornar a ti.
Prata para custear teus quatro.
Meus três.
Nosso um.
Nesse nunca tocarás.
Desse nunca saberás.
Esse nunca olharás.
Em tudo o que tocas vês o valor do metal.
É assim que entendes o escambo.
É tua criação pelo ouro.
Nunca.
Entendi.
Vá e fiquem.
Até que a morte os separe.
Outra morte.
Pois o que vives é isso sem mim.
ESPERA ARDENTE
Vem cá meu nêgo.
Te quero e é muito.
Te espero com um beijo.
Beijo bom estalado e faz anos
Te desejo e isso arde.
Ardente ardor.
Me lembra uma dor que jamais senti.
Lembra quando prendes
Minhas coxas com as suas.
Me lembra quando você diz me amar.
Diz que sou a mulher da sua vida.
A sua mulher da vida.
Parece a felicidade que jamais teremos.
Você encoxando coxas que não são as minhas.
Eu voltando para uma cama que não é a sua.
Me convenço que essa é a música.
Você se convence de que é assim que toca.
Nós nos convencemos do absurdo.
Estou com outro.
Você estará com outra.
Sermos?
Somos nossos.
Termos?
Um ao outro. Inteiros.
Pela eternidade de nossos desejos e prazeres.
Química dependência
O que mais dói nisso tudo é que
a cada vez que preciso de alguém prá contar uma coisa ruim é em você que eu penso;
a cada vez que preciso de alguém prá dividir uma coisa boa é em você que eu penso;
a cada vez que eu preciso de alguém é em você que eu penso;
a cada vez que eu preciso é de você;
a cada vez que eu penso é em você;
a cada você é o que mais dói.