Coleção pessoal de AnaGracia

Encontrados 10 pensamentos na coleção de AnaGracia

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Meu bem, é primavera dentro de mim e eu disse que te amo, mas você agiu como se fosse nada e eu percebi que as folhas secas e amarelas no meu coração são sua culpa. Você traz o outono e suas folhas mortas para meu ser primaveril.

E eu te odeio por isso.

Mas, o outono é tão belo. Ele traz um ar de calma, de que tudo vai acontecer, vai nascer e vai morrer, ele traz uma sensação de conforto.

E junto com as folhas amarelas você traz tudo isso para o meu peito.

E eu te amo por isso.

Eu te mostrei todo o meu jardim, eu o entreguei de presente para que você pudesse escolher se continuaria cuidando deste ou o deixaria morrer.

Mas você o matou só com o seu olhar.

Matou.

Queimou.

Arruinou todas as rosas.

Margaridas.

Orquídeas.

Girassóis.

E eu?

Eu chorei e usei as pétalas que restaram para escrever poemas que você não vai ler.

Porém, no instante seguinte você me abraça; fala que me ama e eu não sei mais como interpretar isso.

E mesmo contra a minha vontade, sinto sementes de flores desconhecidas sendo plantadas em meu peito.

Lista de como ir embora de uma vez:
1. Não se despeça.
2. Não diga adeus.
3. Não escreva uma carta ou dê justificativas para alguém.
4. No dia seguinte não sinta culpa, só o alívio de se encontrar em paz consigo mesmo, sem ter vozes alheias atrapalhando sua conversa com si próprio.
5. Vá embora rápido, correndo e sem olhar para trás.
6. Não pense em voltar.
7. Não se preocupe em ligar.
8. Ou avisar que está indo, uma hora eles notarão e você já estará longe demais para que tentem te trazer de volta.
9. Um passo seguido por outro, vá embora.
10. Não acene.
11. Não mande beijos ou chore.
12. Vá embora com a certeza que não deveria mais continuar parada.
13. Vá embora com a certeza que não há motivos para ficar.

Obs: E se caso você não cumpra qualquer um dos itens acima, talvez você não deva realmente ir embora.


Eu não conheço o amor
Não faço a menor ideia do que a paixão é
Não entendo os mecanismos de romancear

Você também não

Mas eu te conheço
Mas você me conhece

E eu conheceria todo o resto contigo

Sua mão seguraria a minha
Você andaria ao meu lado
Meus dedos enlaçariam os seus
Meus olhos te fariam companhia

Criaríamos o nosso próprio amor
Decidiríamos o que é o fogo da paixão
Faríamos o nosso jeito de romancear


O Amor chorou.
O sangue sujou toda a parede branca
Nem sabia que ainda tinha parede branca naquela casa

Bem, agora não é mais branca
É manchada

O Amor soluça
Alguém sabe por que essa menina fez isso com ela mesma?
O sangue tá escorrendo na parede ainda

Vermelho
Demasiadamente forte
Forte demais para ela talvez

O Amor se afogou
A menina tá lá deitada
Com os olhos fechados

Na sua mente
Ela explodiu dentro de casa
Espirrou sangue
As paredes sujas

Alguém acalma o Amor e fala que não é de verdade?
Calma, calma
Ela não morreu, gente

Tá só pensando

Sabe quando a gente tá muito cheio e parece explodir
Ela tá assim, sabe?
Mas como não pode explodir aqui fora
Ela explode lá dentro

Na casa que criou na própria cabeça
Para fazer tudo
Que não faz aqui

Todos os quartos são pintados e mobiliados

O Amor ainda tá assustado
Não tava preparado para a menina

Ele resolve chegar perto da parede branca
Respingada de vermelho
No exato momento em que a menina se cansa

Não adianta muito essa sujeira toda
Transformou a parede branca suja de vermelho
Em um jardim de rosas brancas com algumas vermelhas

Às vezes é
Melhor um jardim para se perder
Do que um quarto para se encontrar


Eu queria te ver, realmente te enxergar e entender. Não sei o que vê em mim ou o que espera de mim.

Eu sou poeta e me desculpe se isso não te basta, suas palavras me enchem mais que seus beijos e suas promessas me manterão mais acordada a noite do que as suas mãos.

Eu não quero fazer com você o que posso fazer com qualquer outro, quero te amar como não se ama mais ninguém.


Ela me disse que sua cor favorita era laranja e eu quis transformar o universo todo em tons laranja.

Quis fazer um dia inteiro de pôr-do-sol e uma semana toda só com o sol nascendo.

Quis tornar do mel o doce mais visto na boca das crianças.

Quis fazer da abóbora o fruto proibido de Adão e Eva e eleger a laranja como fruta mais saborosa do mundo.

Desejei que Mao Tse-Tung tivesse escrito o livro laranja, e não vermelho, que o Toda Poesia do Leminski virasse a nova Bíblia.

Desejei mil e uma coisas, para ver se desse modo ela desejava um pouco mais a minha alma, que não é laranja. É roxa, como uma uva, como o sangue estancado de uma pancada, como um rosto sufocado sem ar.


A violência dos teus beijos

Quanto mais se é difícil de esconder
demonstra a necessidade de se mostrar
Se o hematoma incha, ele precisa de cuidado
Se a ferida seca, ela precisa ser esquecida

Ignorar as manchas roxas
só a farão durar mais
Tirar as cascas da ferida
e cutuca-lá, só fará inflamar

Eu aceitei em silêncio todas
as pancadas dos teus beijos em mim
Os seus olhares que me deixavam
tonta e seus lábios que mantinham
minha pele roxa e inchada
Então você partiu e abriu um corte
um corte entre nós e um corte na minha pele
e eu cutuquei esse corte
o inflamei, infectei
Todas as vezes que sarava
arrancava a casquinha

Eu não queria te deixar ir
Me apaguei demais as marcas que deixava em mim

Só não percebi que toda vez que reabria a ferida
não era a sua marca que era refeita
Era eu mesma
Aumentando e alastrando
minhas feridas antigas


E logo eu que sempre amei metáforas, vi todas elas fugirem ao pensar em como escrever sobre minha vontade infinita de beijar seu sorriso.

Não só pelo sorriso, mas por tudo que ele representa.

Não se admira um único bater de asas de um beija-flor, mas sim o seu voo inteiro.

E ali eu me vi, tentando segurar o seu voo inteiro com meus dedos finos e tentando fazer meus lábios encontrarem o que é tudo isso que revira meu peito, que faz meu furacão no estômago perder a direção e meus cabelos parecerem bagunçados demais.

Mas eu não sei explicar tudo que se amontoa em meu pensamento ao te ver, todos os textos que fazem minhas mãos tremerem e todas as palavras que se engasgam me fazendo não falar nada, como se todas as penas de um beija-flor invadissem meu nariz e fosse impossível respirar e não sentir o teu perfume.

E quando finalmente eu o vejo seguindo para outra flor ou para o jardim de onde veio, eu mesma me descubro beija-flor e me enxergo voando em direção ao seu sorriso-flor.

​As coisas aqui sempre passaram rápido demais e longe do meu controle. A paisagem que eu vejo é só um vulto, não por que eu estou correndo por ela, mas por que ela está correndo por mim- ou de mim, ou para mim, ainda não consegui descobrir.

E então você apareceu e toda a sua rapidez fez a minha paisagem se parecer com um quadro de biblioteca e os meus passos de leopardo se transformaram no caminhar de uma joaninha comparado ao correr frenético do seu relógio.

Mas isso nunca pareceu te incomodar, você segurava a minha mão e apesar dos meus pensamentos seguirem o seu ritmo, minhas pernas se embolavam ao tentar te alcançar.

Eu sempre pensei demais antes de agir e talvez isso tenha me tornado na covarde que você sabe que sou. Você também é um covarde, mas sua covardia nada tem a ver com pensar demais e agir pouco. Você age muito e tem medo de ser deixado sozinho na pista, dançando sem ninguém ao seu lado ou ao menos ouvindo a mesma música.

Só que, meu bem, eu nunca aprendi a dançar a dois e a sua velocidade me fazia sentir que a música acabaria rápido demais.

E se ainda me sobram 20 segundos, a você sobram 10 e mesmo com a minha covardia gritando para que eu saia da pista, meu corpo não obedece e minhas mãos ainda se enlaçam na sua.

​"Deslumbrante" você disse, e eu calei.

Calei por ter perdido todas as minhas palavras bonitas e por você com certeza não merecer meias-palavras-quase-não-feias.

Então, minha boca se calou e a sua ainda disse muito. Meus olhos transbordaram e os seus seguiram o curso dos meus rios que desembocavam no oceano do meu coração.

D E S L U M B R A N T E

Você disse e me resumiu em 12 letras, enquanto eu que sou poeta e deveria tão bem entender as palavras, não consigo te resumir em 12 páginas. E realmente, não sei se deveria, você é tanto que um única palavra não te resumiria.

Talvez essa só seja a desculpa de uma escritora sem palavras, mas que mesmo assim se sente tentada a escrever sobre o menino que mantém o coração dela vivo mesmo fora do peito.

É que, em total honestidade, além de deslumbrante você se apaixonou por uma covarde.

E talvez por medo de errar ao te descrever, por não ser boa em certezas ou em exatas, prefiro a subjetividade em falar que você é tudo e nada.

Você é meu, se me permite dizer, e mesmo preferindo números pares, essa palavra monossílaba de três letras pareceu representar bem que para mim você é mais que um deslumbre e que isso pode representar tudo para mim e nada para os outros.

Você é real, é meu e tudo isso já me é bastante para te amar.