Coleção pessoal de anaCrisOliveira
Solidão
Novamente caminho sozinha por estas ruas prosaicas e sem expressão.
Os beijos e toques sem emoção, continuamente me fazem companhia...
Sinto-me no açougue e eu carne desejada apenas para saciar a fome.
Meu sabor perdeu-se como o ar puro... tão raro em nossas poluídas cidades.
Sou um um anjo sem asas e sem aréola à procura neste planeta terra da minha perdida graça
Refletir sobre o que tanto queremos da vida não é tarefa difícil... o difícil muitas vezes é a forma com a qual tentamos fazer com que este "tanto" se torne uma realidade
SALA VAZIA
Lembro bem da tua voz
E das sórdidas promessas ao vento
A penumbra presente da noite
E o vazio da sala
Me fazem querer gritar
Nem sempre uma noite de sono
Resolverá meus lamentos
É fato que o dia se vai e a noite cai
E com ela a vem o tormento
E na sala vazia a vontade de gritar
A televisão sem controle remoto
Não me faz parar de trocar os canais
Emanando assim todo o meu tédio
Dentro da sala vazia
Contendo por dentro em agonia a vontade de gritar
E assim tem sido alguns dos meus dias
Dentro da sala vazia
Com a ânsia, nostalgia e a vontade de gritar
Me retendo em agonia
Por saber que meu grito ninguém irá escutar
Idade
Mais um ano se inicia em meu vital calendário.. Quase três décadas de vida... Ainda tenho muito à contemplar
LAGRIMAS
A primeira lágrima caiu e nem era noite
A canção já não mais ecoava aquela bela sintonia
O sol se punha e eu extasiada com minhas vãs iras
Os pássaros buscavam refúgio nas copas das árvores
A lua tímida saia refletindo assim a minha incerteza
Se mostrava cheia e eu mostrava-me a ela incompleta
Qual o cheiro do vento?
Tão salgadas são minhas lágrimas
São líquidas e não consigo saciar minha sede
Sem lenço enxugo-as em minha camisa
Como criança agora me vejo por este ato
Mas com uma inocência já não tão real
LAMENTO
Tantos são os sonhos perdidos
Rostos sem sorriso
Que de tanto presenciar isto
A minh'alma chora
Lembranças boas de outrora
Com o vento se esvaiu
O beijo doce, amargo tornou-se agora
O toque nunca mais este corpo sentiu
Os bons sentimentos estão ficando escassos
A falta de amor e de desejo um eterno fardo
Com grades estão as portas do meu pensamento
Restando-me agora escrever este lamento
Sem sonhos minha vida não vinga
Oh triste dia, triste vida, triste sina
Há anos choro sem lacrimejar
Por esta vida, meu triste pesar
MEU SOL
Tão belas são as palavras que deveras fala, como uma necessidade, de minha boca também ecoam palavras de amor... aquelas que instigam o prazer na primeira sílaba. Como o sol, você surgiu, tão lindo como a alvorada em minha casa, quente e forte a preparar-se para o crepúsculo e resplandescente a saciar minha sede de luz.
Tão lindos seriam os versos que sem cessar eu escreveria traduzindo assim toda a alegria, que em tão poucos dias me fizeras sentir.
Por dias fui mulher, amiga e namorada, confidente e por você amada, dormia nos seus braços e acordava com seus beijos... sua boca em minha boca suas mãos, pés, meu desejo... me farão sempre lembrar de você, da sua caminhada nesta longa estrada
CHOREI
Como é difícil expor nossos sentimentos sem caneta e papel em mãos... para quem nem alvo é de meus delírios, nem tampouco inspiração de meus sonhos... mesmo assim chorei... quando para um estranho descarreguei tudo que engasgado estava em mim... tudo o que me entristecia antes, tudo o que me faz sorrir hoje e chorei...
Já sem lágrimas a acariciar o meu rosto agora penso... o que leva uma pessoa a tal reação. Sempre encontrei facilidade em expor-me por palavras escritas e não faladas... aquelas acompanhadas a olho nu, então vejo-me embriagando os ouvidos de outrem com os meus sentimentos... sinto a garganta travando a cada palavra que digo, olhos inchando, no rosto nem mais um sorriso... lágrimas a acariciar o meu rosto...
Novamente chorei
SENTIDOS E SEMBLANTES
Em sua voz, senti saudades
Em suas mãos trêmulas
Espasmos de felicidade
Sinto um frio na medula
Satisfazendo assim
Todo meu desejo momentâneo
Era quase dia
Quando ainda entrelaçados
Estavam nossos corpos
Suados... ainda sedentos
Suas mãos ainda tremiam
Quando o sol nasceu
E feliz estava o seu semblante
Ao ver feliz o semblante meu
A DANÇA
Sopra o vento e as árvores balançam
Até parece comigo querer dançar
Com seus galhos envoltos em meu corpo
E suas raízes no chão à fincar
Gotas de chuva caem tornando o céu cinzento
Encobrem as estrelas: jogo de luz natural
Trazendo então uma sintonia
A cada toque na terra já arada
E começo a dançar em círculos
sentindo a folhagem tocar meu rosto
Molhando meu corpo já suado
Com a chuva forte que cai
Trovões e raios riscam o céu cinzento
E em círculos continuo dançando aquele som estonteante
Cada vez mais rápido giro e sinto as folhagens
Daquela bela árvore... que me convidou à dançar.
TRANSCEDENTAL
Quão bela é a sensação de prazer envolta em meus suspiros. Meus olhos agora já suportam ver a imensidão à minha frente...
O sangue circula tornando-me viva, dentro de mim um grito ecoa!
Jamais fenecerei enxangue, minh'alma transluz através de meus olhos, toda a alegria existente.
Tornarei a levantar meus braços saudando assim a beleza da vida.
O vento agora sopra a meu favor.
Flutuarei por entre suas correntes de ar, tocarei a lua e ao amanhecer, dançarei saudando assim o sol.