Coleção pessoal de AnaClaudiaDias
Injustiça
Para você, que é alegria?
Vencer na vida, ter uma alta aposentadoria?
Seu time ser campeão ou ter conhecido Alexandria?
Viajar, se apaixonar ou escutar uma boa cantoria?
Estar com seus amigos, roubar uma charutaria?
Ser saudável ou fazer engenharia?
Receber um “bom dia”, frequentar uma cervejaria?
Comprar um carro ou nunca precisar ir numa drogaria?
Possuir um corpo bonito, não receber uma grosseria?
Trânsito tranquilo, não passar fome ou ir à galeria?
Achar uma moeda no chão ou ganhar na loteria?
Jantar em um bom restaurante, comprar um pão na padaria?
Ser a minoria ou a maioria?
Ou talvez ter uma boa pontaria
Tantas pessoas cada uma com a sua alegria
Se o mundo fosse mais justo, nada disso haveria.
Sentimentos
To cansado disso tudo
Até do meu estilo cabeludo
Eu que sempre me achei muito esperto
Mas meu peito continua meio aberto
Quero e preciso me encantar
E assim, outra vez acreditar
A preguiça tem que estar de lado
Não basta apenas ficar desesperado
Que delícia é a minha terra
Medo de qualquer tipo de guerra
Meu grande e pequeno amigo
Essa distância sempre será um castigo
O futuro breve me apavora
Parece que tudo acontece agora
No final das contas ainda sou um menino Seria mais fácil se eu fosse um cretino.
Garota misteriosa
Como a face de Deus
Imprevisibilidade do céu
Volta e meia recebo adeus
Às vezes doçura do mel
Vejo teu olhar
Não consigo perceber
Tento adivinhar
Preciso te entender
Como uma paixão inacabada
Como crime não solucionado
Não sei se estou numa cilada
Você me deixa amedrontado
Vejo teu sorriso
Risada de Monalisa
Eu fico indeciso
Minha linda poetisa
Como amor não resolvido
Não sei interpretar
Como pontaria de cupido
Seu mistério não pode acabar
Estrela
Devia ser como ela
Com seu próprio brilho
Não depender de donzela
Descobrir e seguir meu trilho
Misterioso ponto luminoso
Cada um conta uma história
Prefiro o conto amoroso
Que não sai da memória
Astro fica distante
Muda nossa sorte
Luz de diamante
Te olhar me deixa forte
Eu te vejo da janela
Não tenho meu próprio clarão
Continuo nessa cela
Preciso de você no coração
Amor não declarado
Te amo no meu canto
Sem você imaginar
Seria grande espanto
Não pretendo arruinar
Te amo bem quieto
Imagino de fora
De um jeito inquieto
O desejo é agora
Te amo da minha maneira
Do fundo do meu peito
Como graveto na fogueira
Sonho em ser o seu eleito
Ser covarde é duro
Te amo diferente
De um modo puro
Meigo e ardente
Ilusão
Pensei que entendesse a relação
Banho, cama, chão, pura atração
Pensei que estava satisfeita
Você plantou sua colheita
O que você quer,
Eu não quero te dar
Muito esforço requer
Não sei te aturar
Por favor, compreenda
Minha vida cuido eu
Por obséquio, entenda
Meu corpo não é seu
Existe algum encanto
Mas não o da paixão
Não sou nenhum santo
Sou apenas uma ilusão
OUTRO MEDO
Menino tem medo
De cortar o cabelo
Menino tem medo
É de sofrimento
Ainda te adoece
Lembrar do passado
Mas seu corpo merece
Ser logo libertado
Coração trancado
Não vive feliz
Tire o cadeado
Depois me diz
Abra os olhos
Amar é viver
Não tenhas medo
Você vai renascer.
VONTADE
Vem de dentro
Corpo e alma
Sobe e aquece
Passa e acalma
Insiste em permanecer
A vontade de ter ver
De sentir, de tocar
De ao menos conversar
Vontade que não é só minha
Aparece em suas palavras
Num eu te quero entre linhas
Vejo estrelas? Não, estrelinhas
Tudo que foi falado numa noite
Desaparece na manhã seguinte
Não envolve amor é verdade
É coisa carnal a vontade
Na vida pessoas
Entram
Saem
Marcam
Somem
Escapam
Alegram
Encantam
Mentem
Ajudam
Nascem
Amam
Morrem
Jogam
Sentem
E o mais importante
Existem
Cadê?
Queria um mundo
Onde amar ao próximo não tivesse problema
Queria um mundo
Onde todos só admirem a natureza
Queria um mundo
Onde cada canto virasse inspiração
Queria um mundo
Onde se colocam sentimentos de coração
Queria um mundo
Onde exista confiar em quem nunca se viu
Queria um mundo
Que nunca existiu
VIDA
Vida bonita
Vida pequena
Vida que se ajeita
Vida plena
Vida boa
Vida que se leva
Desde o começo
Adão e Eva
Na calada da noite
Os sentimentos me embrulhavam
Se seus beijos não me ocupassem
Minha boca teria cuspido meu coração
Na calada da noite,
As emoções misturavam - se
Minha face era expressiva
O cachorro latia
Na calada da noite,
O medo de ser apanhado
Era assustadoramente confuso
Pelo com pelo à flor da pele
Na calada da noite,
Não sabia se ficava ou se corria
Tentávamos manter o silêncio
Mas nossos corações não permitiam
Na calada da noite,
Meus batimentos eram carnaval
Os ruídos eram ali do lado
Os zumbis nos perseguiam
Na calada da noite,
Os sussurros diziam que a loucura também tem o seu sabor
A gente sorria
E os vizinhos dormiam
Na calada da noite,
A gente se enganava
Achando que podíamos controlar os nossos desejos e os nossos mundos
Na calada da noite,
Os passos eram na ponta dos pés
Os cobertores foram ao chão
E os abraços eram mantas quentes
Na calada de uma segunda de escuridão
A noite foi de primeira
Te amei
Como parte de mim
Te odiei
Como parte sem fim
Te lembrarei
Como parte de mim
Te esquecerei
Como história sem fim.
Política canalha
Típico jogo de interesse
Negociação de informação
Era bom que lhe doesse
Pelo mal que causa no cidadão
Tudo que consome
Nas custas de cada um
O dinheiro que some
Arrependimento nenhum
Acesso privilegiado
Grave corrupção
Salário inadequado
Pobre população
Com a revolta do povo
Real progresso teremos
O Brasil será de novo
O país que queremos
Bentinho? Por que choras?
Não leve a sério o que outros
Dizem de sua Senhora
Ah se eu tivesse seu amor
Não apelaria em outras auroras
Não sofras, tire esse rancor
Pois Capitu, se confiasse mais nela
Sentiria sua fragilidade feito canela
Teu ciúmes invadiu todo terreno
Como único e verdadeiro veneno
Se caso queria mesmo esquecê-la
Ajuda minha, sempre pode tê-la
Afinal Bento, por obséquio da ação
A tempo tens meu coração!
Depois que o medo passou
O menino cabelo cortou
Ficou bem mais forte agora
E fugiu para novas auroras.