Coleção pessoal de ana_cruz_3

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⁠Há um vazio
Um eco de silêncio
Há um grito mudo
Um nó na garganta
Uma dor no peito
Há um ardor no coração
Não há plenitude
Nem a voz doce
Não há prozas até amanhecer
Nem os beijos
Não há o fogo do desejo
E nesta desconcertante proximidade que nos afasta...
Já pouco resta de nós
Amanhã estaremos apenas sós.

⁠Ai que mataram a esperança
Prematuramente
Ai que mataram,
Permanentemente
Que se escondam os sorrisos
E os olhos brilhantes
Que não se encontrem mais paraísos
Nem se encontrem amantes
A esperança morreu
Morreu do descrido dos homens
E do teu e do meu
Morreu dos sonhos não sonhados
E de todos os que foram abandonados
Morreu porque beijos não foram trocados
Abraços não foram dados
E dos apaixonados
Ninguém mais ouviu falar
Morreu porque não quiseste amar
Morreu de tédio
Ou solidão
Morreu de amor
Morreu em contra mão
Ai que mataram a esperança
Que mais ninguém dance esta dança
E que mais ninguém saiba
Como é viver ... sem esperança.
Neste mundo meu
Agora que a esperança morreu
Morri Também eu!

⁠Se os sorrisos começam nos olhos
Os teus são nascentes
Nascentes de sorrisos gritantes
Que chegam além dos meus prantos
E que entoam no meu coração
Que tocam a minha alma
E que a preenchem de paz
Que chamam pelo meu nome
E me embalam enquanto a noite se desfaz...
Ai queria eu, esse olhar roubar
E tê-lo para mim,
Para meu coração acalentar
Sempre que o meu olhar despertar
Mas quis a vida que o fado
Destes olhos encantados
Fosse encantar os meus
Com os dias contados
Já não vejo os teus olhos sorridentes
Apenas posso sonha-los
Resta-me a Gratidão por terem eles sorrido para mim
E ao fechar os olhos... alcança-los.

⁠Gratidão também a sinto
Nem de outra forma poderia ser
Teus olhos, têm um brilho
Que fazem os meus florescer
Não fiques triste
Anjo dos olhos brilhantes
Que olhos meus são errantes
E no dia em que faltar
O brilho nos olhos teus
Nesse dia já não os quero para meus
Porque pessoas como eu,
A quem o fado é a descrença
E a carência corrói desde criança
Só olhos de amor conseguem cativar

⁠Vós que carregas o peso do mundo
Lembrai-vos que sois vossos os ombros
Vós que tendes esse grito mudo
Lembrai-vos que só Vós o escutais
Vós que ambicionas a paz
Lembrai-vos que só no teu coração a encontrarás
Vós que tendes o passado cravado na alma
Lembrai-vos que só perdoar, acalma
Vós que tendes tristeza no olhar
Lembrai-vos de...
Esquecer

⁠E do tempo?
Que dizes tu do tempo?
Que dizes tu desta
Frágil,
Doente
E falsa sensação de imortalidade,
Que se encurta a cada hora?
Já vivemos meia vida ...
Ou será meia morte?

⁠Nascemos filhos de sangue
Crescemos filhos do mundo
E morremos filhos de ninguém!

⁠É da sede,
é da sede de vida, do sonho e do acordar
Que me vem da alma
Este arrepio na pele
Que me faz sentir
Cada toque
Cada palavra
Cada som
Com a grandeza dos mundos
E a ti
Com a grandeza do universo
Nascemos filhos de sangue
Crescemos filhos do mundo
E morremos filhos de ninguém!

⁠Não te sei decifrar
Estou perdida entre o antes e o "nós"
E a minha vontade de voar
Faz-me voar é tudo o que te peço
Faz-me perder o medo das alturas
Faz-me sentir que não vou cair
E dá-me a segurança da tua mão se precisar de me levantar
Faz dessa serenidade que tens na voz uma constante
E ama-me
Ama-me como se fosse a única mulher que merecesse o teu amor
Permite-me o poder de te tirar o chão
E caminharemos juntos em caminhos infinitos
Porque se me souberes amar...
Onde não houver chão... voaremos

⁠Princesa do nada,
Filha do vento,
Cheiro de madrugada,
Corpo de alento...

A ausência só mata o amor quando ele já está doente na data da partida.

Entrou na minha vida sem eu dar por isso e nunca mais vai sair.

"Nunca sabes o que queres e vives tão perdido nas tuas dúvidas que nem sequer consegues perceber o mal que podes infligir aos outros."

Está a fazer-me bem e só por isso já merecia o mundo.

⁠Oh poeta
De palavras doces
De alegres fantasias
E gestos precoses

Tivessem os Deuses te enviado
Numa outra altura
Não destilava eu certamente
Agora esta amargura

Oh poeta dos olhos brilhantes
Olhos que falam
Olhos gritantes
Quisera eu perder-me neles um dia
E desde então,
Existo nesta agonia
De não saber existir

Oh poeta, doce poeta
Que em mim vês a salvação
Não vês que minha alma doente
Em busca de absolvição

Renegará mil vezes o prazer
Pois na esperança
De merecer um dia mais conhecer
Este é meu fado
Meu jeito triste de ser...

As tantas rosas que os poderosos matem nunca conseguirão deter a primavera.

Quem abandona a luta não poderá nunca saborear o gosto de uma vitória.

O medo dos poderes invisíveis, inventados ou imaginados a partir de relatos, chama-se religião.

No fundo, morrer não seria nada. O que não suporto é não poder saber como terminará.

O homem não é a soma do que tem, mas a totalidade do que ainda não tem, do que poderia ter.