Coleção pessoal de AmyMOTP
* Quando tento de ti me aproximar em sonhos, é que acabo surgindo em outros lugares, cada vez mais distantes de onde quero estar. Pergunto-me o porquê dessa indesejada distância e, antes de terminar o questionamento, eis que te visualizo a uma distância enorme, que eu não saberia quantificar.
* De muito longe, passo a acompanhar com os olhos o rumo dos teus pensamentos pelo céu escuro de estrelas escondidas pelas luzes de postes e prédios. Eles chegam até mim e desviam no último momento. Sobrevoam, dão voltas ao meu redor, sopram sussurros pela minha nuca, mas nunca encostam em mim. Fogem ao meu toque, escorregam por entre meus dedos... teus sonhos não são meus.
* A madrugada avança até que um desses espectros pára de repente ao meu lado, e me chama pra passear. Dentro do teu sonho, voando na velocidade da luz até o teto do teu quarto, onde pairo a centímetros da tua face, respirando baixinho pra não te acordar, eu fecho os olhos.
* O telefone toca me acordando, fim do meu sonho. Não é ninguém. Estou muito mais perto de ti, agora, mas entre nós ainda existe uma centena de paredes, uma dezena de dúvidas e uma só saudade.
Muitas vezes perdemos a possibilidade de felicidade de tanto nos prepararmos para recebê-la. Por que então não agarrá-la toda de uma vez?
Feliz é a inocente vestal!
Esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida.
Brilho eterno de uma mente sem lembranças
Toda prece é ouvida, toda graça se alcança
Tira os tênis. Estamos caminhando sobre nuvens. A gente não pode ouvir nada daqui de cima, além dos nossos sussurros. E, mesmo quando escurece, a gente sabe que não importa para onde a gente aponte. Vai ser sempre céu, e seremos sempre nós.
“Por quê choras, meu anjo?
Está triste.
Conte-me o que acontece contigo.”
E a menina anjo apenas chora.
“Não tenha medo. Não contarei teu segredo, anjo.
Me diga o que aconteceu.”
E o pequeno anjo me dá um sorriso de confiança e eu a abraço.
Dias se passam... “Por onde anda meu anjo?”, me pergunto.
E encontro a menina anjo, sorridente.
“Está diferente, meu anjo. Está feliz.” Digo a ela com um sorriso.
E ela não sorri de volta. Ela apenas se vai.
Por quê ela não sorriu como da última vez?
Não há mais tristeza.
Não há mais medo.
Mas o que nela restou?
“Por onde anda meu anjo?”, me pergunto mais uma vez.