Coleção pessoal de AMUNIZ

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⁠Ouvi Legião,
Ouvi Tim
E Djavan...
A semana inteira eu bebi saudade de você.
Morri na segunda, renasci na terça-feira
E o ciclo se fez contínuo assim,
Te odiei e te amei
Tudo ao mesmo tempo.
De vez.
Longe de você vi que tudo ao meu redor
Está manchado com seu toque.
E com as lágrimas que ficaram
Pintei um quadro de tudo que vivemos.
Queria te olhar nos olhos,
Pedir desculpas, dizer que nada disso aconteceu...
Pedir perdão por ter medo
Do que poderia vir a acontecer
Sem nem ter acontecido.
Do que poderia se tornar.
O medo me consumiu...
Medo de não querer te magoar,
Já magoando.
Nossa relação é muito preciosa
Pra arriscar com meus medos
E possíveis devaneios.
Tudo até aqui foi puro e genuíno,
Saiba disso.
Enfim,
É isso...
Você está em tudo
E preciso lutar contra mim mesma
Para arrancar o que sobrou.



Ciclos, 14 de março de 2024

Andressa Muniz

⁠Eu vejo poesia todos os dias.
Eu me envolvo no caminhar da massa de gente,
Me perco em olhares sinceros,
Reverbero ao ver abraços apertados,
Sorrio ao acordar e ver o Sol amarelinho tinindo,
E o céu azul com metade das nuvens tênues
E outras bem vivas...
Vejo bocas, vejo mãos, vejo corpos
Vejo tudo...
Eu consigo sentir prazer
No simples ato de estar vivo e me sinto grato.
Hoje, eu lembrei de você.
E queria que pudesse compartilhar das mesmas cores que enxergo,
Do mesmo ar que respiro e da mesma vida que agradeço.
Sinto sua falta...
A vida é linda e eu queria poder te dizer isso
Todos os dias.
No dia 1º fez um ano que você se foi...
E eu ainda sinto o gosto amargo da dor de perder quem a gente ama.
As lágrimas ainda escorrem,
São profundas e clamam...
“Dê flores aos vivos”, era o que estava transcrito
Em minha memória.
A lembrança saudosa que hoje me resta...
É o que faz amenizar
O correr das horas.


Para Mel, 27 de novembro de 2023.

⁠Hoje senti seu cheiro...
Senti seu cheiro na brisa do ar,
No quentinho do Sol,
Nas folhas voando, quando caem das árvores
No outono.
Senti seu cheiro no abraço carinhoso
De alguém...
Senti seu cheiro no cafézinho passado
De manhã cedo...
Senti seu cheiro nas flores da primavera
Senti seu cheiro no amor que me cerca.
No orvalho e na relva.
Seu cheiro pra mim é assim..
Doce, leve, suave
Sutil...
Lavanda e pétalas das mais belas rosas...
O amor pra quem ama, tem toque
Tem pele
Tem carne e tem alma,
E tem cheiro de rosas espalhadas no chão.
O aroma suave do meu amor
É assim e espero que jamais tenha fim.

Teu cheiro de amar / Junho 2023
(Andressa Muniz)

⁠Ontem vi
Que ela tem olhos tristes.
Os mesmos olhos que sempre
Me percorriam atentamente,
São olhos tristes, certamente.
Olhos de quem procuram
Sentido e cura.
Já a vi olhar pro horizonte
Algumas vezes...
E ali tinha um pouco de pesar.
Dores, traumas e coisas
Que ela não consegue expressar.
Quando ela me olha assim,
Sinto meu coração ficar pequeno.
Queria poder aplacar tudo que
Lhe machuca
E curar sua alma sofrida.
Se a gente pudesse mudar o passado
Que nos assombra
Faria o coração doer menos.
Hoje percebi,
Que ao vê-la sofrer,
Sinto um vazio por dentro...
Morro e revivo no mesmo sentimento.
Eu, que geralmente tenho resposta pra tudo
Nesse momento,
Me sinto impotente, inexperiente...
O frescor dos ares é vê-la sorrir verdadeiramente...
O contrário, vira brisa fria que congela o corpo
E o interior veementemente...
Hoje, a vi chorar
E meu mundo virou tempestade,
Inverno congelante,
Dos céus a terra e ao (a) mar.


Inverno, Agosto de 2023.

⁠Ontem vi o vento dançando
Com as árvores
E, lembrei de você.
Lembrei do som da sua risada e de como
Gosto de dançar acompanhando-a.
Gosto particularmente
Daquele sorriso seu
Que é acanhado...
O que te faz sorrir com os olhos.
Sei decifrar todos os seus sorrisos...
Só os seus olhos que
Confundem minha mente.
Às vezes não sei o que eles querem dizer.
Na mesma proporção que acompanham
Minha boca, eles se afastam
Como se quisesse evitá-la por medo.
Eu danço como o vento nas árvores
Quando você molha a boca
Entre uma fala e outra
Com a língua entre os lábios.
Me faz querer te beijar sem fim.
O som do vento, as árvores,
O entardecer, tudo... tudo!
Absolutamente tudo, me lembra você.


O vento, 08 de setembro de 2023

⁠Pra você, mesmo sem saber.

Sim, ainda vejo beleza aqui
Ainda vejo no que está escondido a maestria
Ainda vejo vida no sorriso,
Na poesia, na sua alma
No seu ritmo.
Ainda me apaixono todos os dias pela mesma sintonia
Pela mesma sincronia,
Pela mesma melanina.
Ainda há cuidado, ainda há carinho
Ainda há essência.
Ainda me encontro perdido na mesma pessoa
Todos os dias.
Ainda há cordões que precisam ser rompidos
Como os quando você se cala,
Quando passa dias ausente,
Como se nunca existisse e em seguida
Me invade como se fosse a primeira vez.
Ainda sinto o coração pulsar
Como quando pulsou a primeira vez
Que te olhei veementemente.
Ainda sinto sua falta nos fins de semana
E anseio pelas sextas todas as vezes.
Gostaria de te dizer, mesmo sem dizer
Que ainda de admiro, invisto e insisto.
Mesmo que meu papo pareça chato, extenso
E indexado e você durma no meio do caminho,
Não ligo, eu sorrio.
Porque ainda me sinto vivo
Só pelo simples fato de poder te sentir e viver.
E de tudo e todas as coisas me levaram até você.

Outubro de 2022, Pra você.

⁠Tem uma árvore lá na frente de casa
Que me lembra você.
Ela morre em Agosto pra renascer em Setembro
E ela revive linda, com o ar da primavera.
Ela me lembra você.
Quando imagino que toda vez
Que te ferem, você se blinda, se cura pra crescer mais forte.
O que me deixa triste muitas vezes
É ver-te colocar sempre a necessidade dos outros
Na frente das suas.
É você querer resolver todos os problemas do mundo
Por se compadecer
É te ver abraçar causas que não são suas
E se machucar por não ter o retorno correto que devia
É te ver implorar calada por um amor
Mais recíproco, que te reconheça, te assuma
E invista em você com sintonia.
Mas apesar de tudo, eu gosto de te ver árvore
Quando as folhas caem, e o coração se agita
Você relaxa, respira e internaliza que vai passar.
E aí quando te vejo morrer inteira,
Você renasce mais forte e mais bela
Pra ser o Sol do mundo
Pra que eu te veja florir inteira
Na próxima primavera.


Renascimento, Novembro 2022.

⁠Hoje acordei, coloquei requeijão no meu pão e comi. O engraçado da história é que eu nunca gostei de requeijão antes, mas hoje é diferente. E assim é a vida. Somos mutáveis e que bom que permanecemos assim. É animador quando a gente se interessa por outras coisas, outras possibilidades e outras pessoas. Não tornando quem é importante na nossa vida, como alguém cíclico, mas agregando os novos. Dizem que amar de verdade é assim: descobrir o novo no outro todos os dias e amar como se fosse a primeira vez. Não sei se posso classificar você como o meu requeijão da manhã, mas você sempre esteve ali e eu não soube ver a beleza, a delicadeza, a inteligência e a composição maravilhosa que você é. E agora, agora chegou o momento de reconhecer que te ter é bom. Te olhar é bom, te sentir é bom, ver seus olhos castanhos pousarem sobre mim, é bom, te tocar é bom, falar de você pra outras pessoas, é bom. Te ver fazer questão de mim é bom, te analisar de longe é bom, te ouvir falar com tanta sabedoria é bom, te ver sorrir é bom e ver nisso a possibilidade de te amar é bom, é muito bom, sim.

Somos mutáveis/ Setembro 2022

⁠É fácil ter inspiração pra escrever.
É só eu me lembrar de você.
O jeito que você sorri,
O jeito que você fala,
O jeito que se aproxima,
O jeito que embala...
O jeito que me ganha só por ser você.
O jeito que me deixa feliz
Só pelo simples fato de existir.
Existem coisas que
Queremos manter constantes
Sua presença na minha vida,
É uma delas.
Eu que não sorrio há um tempo,
Pinto um quadro feliz toda vez
Que meus olhos refletem você.
O sorriso é assim,
Meio de cantinho de boca
Pra tu não perceber
Que é festa em mim,
Quando meu coração nota você.
Conto os dias para as terças,
Ou seja lá quando for que tenha que te ver.
O fato que é mais do quê consumado
É que me perco no desenho do teu corpo,
Dos teus lábios, dos teus olhos,
Do teu ser,
E que mais do que o sentimento
Eu quero te pertencer.

Festa em mim, 2022.

Às vezes escrevemos em terceira pessoa para que não percebam que somos a primeira. É que tem coisa que só saí da gente por escrito. ⁠

⁠Me fiz inteira
Pra te deixar caber.
Me fiz e desfiz
Só pra você perceber
O quanto meu interior
Te pertence e pede,
Sente a necessidade absurda de te impender
E te eternizar
Dentro de mim.
Que do amor eu faço morada
Minha casa,
Não de passagem,
Meu lar.
Que o meu sentir sobrepõe o convexo, o sem nexo
E o certo...
Uns acreditam em sorte, no destino, nos dizeres da vida
Eu acredito no sentir
No pulsar
No intervir
De dois lábios
Dois corpos
Duas almas
Estáveis ou num movimento perfeito, ou sem jeito.
Mas sendo encaixe
De ambíguas partes.
Olhos que fixam-se neutros
Lábios que dançam com o vento
Mãos que deslizam como o correr do tempo
Respirações ávidas, eufóricas, vibrantes
Faceiras, felizes e dois deslizes...
Mãos, pernas, laços, bocas, olhos,
Duas partes inteiras
Vivendo um extraordinário
Momento.

Encaixe, Outubro de 2017

⁠Aos domingos eu existo.
Aos domingos eu reflito.
Aos domingos fico nostálgica.
Aos domingos eu insisto.
Aos domingos bebo vinho, chá, água, café
Tudo.
Parece que aos domingos eu me pertenço.
Aos domingos eu sorrio, mas também choro.
Sinto saudades do que foi e já não é...
Sinto falta de quem eu fui
E me arrependo por sentir.
Aos domingos eu penso em você,
Penso em mim.
Aos domingos eu escrevo, eu leio, eu medito.
Aos domingos eu habito.
Meu sentir fica aguçado, penetravel
Maleável.
Começo a sentir tanto, tudo e muito.
Aos domingos viro mais poeta
Do que os outros dias,
Faço rima de qualquer faísca
Fecho os olhos e lembro dos seus olhos
Aqueles que ao sorrir se fecham
Acompanhando a curvatura do riso.
Aos domingos eu deliro.
Todos os dias são dias pra gente ser,
Dias pra gente se situar e se compreender
Mas aos domingos...
Em particular aos domingos,
Eu vivo!

Sunday morning, Agosto de 2022

⁠Pra quem sente demais
Tudo é intenso
Um toque
Um olhar
Um beijo
Um instante
Um dia
Uma noite
O tempo.
Pra quem sente demais
Tudo é imenso.
As palavras
Os momentos
As ações
E outros sentimentos.
Quem sente demais,
Diversas vezes se machuca
A ponto de se partir
Por dentro.
Derramam mais lágrimas do que o normal
Expressam o que tem por dentro
De modo impactante
Severo
Gigante.
Muitas vezes
O sentir demais
Destrói aos poucos
O humano que tem intrínseco
Esse jeito.
Porque os demais
Não os compreendem
Não os entendem
Acham exagero
Mas nem por isso
Eles desistem
De ser mais alma, do quê carne
Eles não desistem
De serem imensos
Eles não desistem
De sentir
Muito e tanto
O conjunto
Que há por dentro. (amor)

(Como é ser sentimental, 30 de Setembro de 2016)

⁠Um verbo, uma rima, um traço e um rabisco, bonito mesmo é ser feliz e ver nos olhos alheios o brilho de um sorriso.

⁠O vento soprou
A árvore dançou
O tempo fechou
E o dia nublou.
Manhãs chuvosas
Tornaram-se comuns
Nos últimos dias.
Meus dedos deslizam
Para escrita,
Meu coração
Se encontra longe
Do corpo
Minha mente vagueia
E eu mal
Raciocino direito
Meus blocos de poesia
Estão findando
Minha paciência
Se esgotando
Por que é
Que tem certos dias
Que nos sentimos
Estranhos,
Sombrios,
Num vazio agudo?
Dias bagunçados
Deslocados
Assim como cada
Erro que me
Acometi
A escrever
"Caligraficamente"
Incorreto e borrado.
O vento me balançou
E o meu coração
Voltou...
Não tão inteiro,
Não tão imenso
Com cicatrizes
E incertezas
Destes dias...
O que eu quero
É a leveza
Sem lágrimas
E sem dor.
Vou me curar,
Sim, eu vou.

(Choveu no interior, 2018)

⁠Um dia meus olhos vão me entregar. O jeito que eles te acompanham enquanto você fala, enquanto você anda, enquanto você sorri, enquanto você me olha desviando o sentido, talvez por timidez ou também por medo de ir adiante. Faço festa dentro de mim todas as vezes que você vem. Respiro. Me controlo. E sigo.. tentando controlar as barreiras que querem ser quebradas por você, dentro de mim.

⁠Hoje, depois de muitos anos
Dei uma gargalhada.
Sim, um sorriso consideravelmente aberto.
Fiz uma piada e sorri junto
Com minha mãe.
Choramos de rir.
Fazia tempo...
Já fazia alguns meses que não ria tão gostoso
Como sorri.
E pensei como nossas vidas andam hostis
A ponto de contabilizarmos os momentos felizes.
É triste.
Mas faz parte dessa parte dos tempos.
Por isso decidi aproveitar cada
Fração de momento bom.
Sorrindo mesmo
Escrevendo,
Lendo,
Amando,
Retribuindo e somando.
Sim, de fato é o que
Nos eleva e melhora.
Os motivos que nos fazem ir adiante.
A leveza do sorriso,
A família, os amigos
As realizações e a apreciação das nossas pausas.
Os amigos... Sim, os amigos.
São as coisas que fazem sentido.
Fazem a vida valer a pena.

Tomando um chá e meditando, Julho de 2022.

⁠Dos olhos que me fitam, tenho vontades encobertas. Dos olhos que me veem, tenho idealizado um milhão de poesias. Dos olhos que me atingem, desvio para não mergulhar por inteiro. Dos olhos que eu vejo, no castanho escondido, que ao reluzir do Sol, penetra nossa alma como um vendaval, eu me aqueço. O olhar não mente diante da entrega. O amor começa nos olhos, e eu estou perdida nos seus.

Agosto, 2022.

⁠Saudade...
Foi o que eu bebi
O resto da semana inteira.
Saudade.
É sempre o mal de quem fica.
Saudade...
É dor cortante por dentro.
Uma maldade
Sentir o toque,
O cheiro,
O afago
De algo distante (...)
Saudade
É ver você em todos os lugares,
Em todos os cantos
Todos os olhares.
É ouvir sua voz de longe...
O seu sorriso
Num alguém qualquer...
Saudade
Deveria ser proibida
Para sentimento humanos.
É uma dor
Que me corrói
E me destrói.
Existem sim
As saudades boas,
Gostosas,
Esperançosas.
Mas essa... especificamente
A que sinto agora
É a saudade
Da demora.

Saudade, 03 de Agosto de 2017

⁠Fazia um tempo que não escrevia...
Sentei no chão da praça
Pra ver rostos e gente
E, de repente, a inspiração nascia.
É fascinante observar passos, gestos,
Rostos, sorrisos, olhares...
As mil e uma faces da humanidade...
Os tipos, os gostos, os jeitos...
São diversos e lindos...
Ver gente é apaixonante...
De fundo, um rapaz tocava Tim
E aí minha mente flutua...
Vagueia...
Dentre mil devaneios penso
Que dentre os rostos da multidão,
A gente escolhe só um pra amar...
Só um pra se apaixonar...
Só um pra pensar.
Não é incrível?
Dentre milhões de corações,
O nosso escolhe amar só um.
De fato, amar é divino...
É inexplicável...
E por ser incabível,
Finalizo aqui, desse jeito mesmo
Vendo o entardecer..
Deixo meus versos curtos,
Leves, suaves,
Só pra preencher minha mente...
Pensando em você.

No chão do Pelourinho, 11 de Outubro de 2021