Coleção pessoal de Amontesfnunes

1 - 20 do total de 876 pensamentos na coleção de Amontesfnunes

NA LATA

Aquelas placas de lata
com palavras diretas... Na lata!
... Tá na placa...
Tem gente que não olha e acha,
tem inocente, que olha, vê...
Mas não acha!
Aquela placa tem a dica,
p'ra transgredir no paralelo
ou! despedaçar no velho racha.

Antonio Montes

MATÉRIA PRIMA

A matéria prima
filha da tia natureza...
Virou banco, cadeira, virou mesa.
Um dia fizeram queijo salame...
juntaram os cacos e os trapos
fizeram copos colheres e pratos.
N'outro dia fizeram...
Vitamina omelete e suco
e com tanto vuco, vuco...
Fizeram lama, fumaça e pó
desenfeitando assim, toda beleza.
A matéria prima, filha da tia,natureza
... Tinha vontade de ser rainha
mas nunca chegou à ser princesa!

Antonio Montes

LUA NA RUA

A lua andou pela rua
era bege, era gelo, era branca...
Era nossa... Era sua era minha!
Era hera de chuva, telha molhada
goteiras na casa , chuva na cozinha.

Tinha chovido água e como chuva
... A água caia, pela cidade
pelas calçadas pelos muros e casas
e os buracos da velha rua...
D'água fria se enchia.

A lua, andou pela rua
era noite, era chuva era água....
A chuva falou para a lua
_ Essas poças d'água na rua,
não são minhas!
São espelho refletindo
essa cara apaixonada sua.

Antonio Montes

EIXOS

Galgando os trechos
com esnobe apreço...
La vai os eixos!
Com quatro com cinco
com seis, sete e nove
e seu preço, muito preço!

Seus pneus pela rodagens
roncando suas borrachas
cada olhar uma miragem
com bagagens em seus rachas.

Eixos de todos os dias
na carreira na euforia
na zueira com esnobes
se sacode em alforria.

Os seixos em seus pesos
passado pela balanças
vão fixos esticados presos
dedicando confiança.

Segue no uso das rodas
rodando com militância
faz feliz e se incomoda
com a moda da bonança.

Antonio Montes

RECORDAÇÃO DRAGÃO

Quando a tarde cai e a distante saudade
entra em sena... A tristeza com suas
palmas, aborda o escuro denso da solidão
fazendo da noite... Um dragão voraz...
Com sua bocarra escancarada dragando
as migalhas do auto astral, articulando
o medo dorsal e expelindo as lagrimas frias
projetadas, ao ladrilho de um universo de...
Lamuria cálida e gemidos surdos.
Ali... Conselhos atirados ao ventos, ficou
perambulando em passado jovial...
Conselho esse, que se perdeu no tempo,
burlando a mistura de uma felicidade ilícita
e deteriorando a integridade de uma
vida integra. Ali... As hora passam com apatia
e a noite é a infinidade de sonhos com
reflexões de ensino antigos. Ensinos que,
agora perdido, voltam como flechas do
mal agouro despedaçando a coerência de um
coração traído pela intempestividade
sentimental. Agora... Ecoa pela noite
o cantar nítido do galo, cutucando os
sonhos com suas esporas pontiagudas.
A ansiedade avança pela ampulheta
da aurora, e o tempo navega para mais
um alvorecer. Renasce o dia, trazendo
com ele, um quadro com o reflexo
do sol, emoldurado a ferro, e mais uma vez
as muralhas farão parte de um horizonte
a sete chaves onde o tic-tac passa a ser
o maior sonhos do olho mágico.
Pela janela intercalada de sonhos e paixão...
a luz se faz consciente e medo acolhe o presente
... E mais uma recordação se faz dragão.
Antonio Montes

CÁLCULOS FARTOS

Lá vai os sentimentos fartos
com passos largos, aos ventos...
Assoviando um apito pelos trilhos,
e pelas margens enfeitadas de lírios!
E uns cris, cris... Desprovidos dos
atrevidos grilos.
Lá vão os sentimentos fartos...
Embalados pelos tics-tacs dos saltos
vão gastando sola, entortando costas
resecando os couros dos velhos sapatos.
Os ventos, dissipam-se pelas golas
sentimentos absoltos em sua dorsal
cálculos fartos, plano hospital
tudo tem ponto e fim, um dia...
A sua esperança,
n'outro , o amanhã de mim.
Lá vem os sentimentos inatos
trazendo cardápio, com seu preço,
gosto e gastos, todos fartos...
Assim como palavras rascunhadas
em seus frágeis guardanapos.

Antonio Montes

AQUELA PEDRA

A pedra do caminho,
já foi topada, colossal, filosofal...
Foi tabua das leis proibitiva de Moises
Escultura de Rodin
diamantes dos seletos anéis.
Foi crack pelo mundo inteiro
nas mãos dos desgarrados...
Tarraxas de pandeiro
em noite dos mal amados!
A pedra do caminho...
Nunca esteve no fim!
Foi diamantes dentro dos vidros
foi vidros, e quedar-se nas audições
dos fuxicos...
Foi dor e, infortúnio sob rins,
cachoeiras em quedas de rios,
asneira jogadas em mim.
Pelas mãos do menino... Foi jogada
sobre lagoa, para pular, e assim chapear
pela flor d'água, como piaba saltitante!
Nas mãos dos homens...
Foi muros muralhas,
torres de castelos, e cais da beira mar.
A pedra do caminho...
Já foi totens sobre a ilha dos Rapanui...
Paginas em muros de cavernas,
iceberg sob oceanos,
plano do crânio ingênuo
brincos nas orelhas dos esnobe
marcos no meridiano.
E sonhos de muitos ciganos!
foi bancos pelas praças do mundo
angolas como roupas do cavalo zaino.
A pedra no caminho...
Foi alerta do poeta
para mentes de ray ban escuro
foi o muro do roqueiro
para o mundo cheio de furo.

Antonio Montes

SEU COLORIDO

Todo tempo é tempo...
A hora é um meio para a morte
e a morte, não leva ao norte e ainda
arrasta para o fim sucumbindo o sul.
Todo tempo é tempo...
E no trilho da vida paira um pavio
com uma pequena e frágil centelha
a qual se apagará com o primeiro
arfar do vento do universo.
Um sopro breve fará um emaranhado
nas cores do arco-íris dos céus
e pinta-te junto ao seu futuro, blue
o único colorido do seu ar.

Antonio Montes

NOSSO PRÓPRIO

Não sei p'ra onde vou, nem seu quem sou...
N'essas horas de recordações e silencio
absolto no tempo, perdido entre quatro
paredes... Cavalgo, nas minhas lembranças
e ao remexer na juventude, despenco
dessa sela mágica estatelando
n'um passado, que teima em esta presente,
cosendo, sonhos tão congruentes.
Em remelexo nesse quarto, mexo gaveta
acomodada da cômoda e me deparo
com o registro das prismas 'diafragmas '
do passado, em foco neles, quintal com pé
de limão, pilão sob oitão, corda de pular...
E a peteca para de estapear sobre o ar.
Ali na porteira um cavalo com cabresto
amarrado, do outro lado, um cachorro
magro um frango para ensopado...
Galinhas botadeiras e um pequeno pasto
com alguma cabeça de gados.
Tudo se foi, tudo ficou sobre o papel
fotografado, registrado para olhares
vindouro. Agora, tudo serve para nos
mostrar como estamos indo de
encontro ao nosso próprio matadouro.

Antonio Montes

PATETANDO

Pata, patinhas patota,
p'ra todas patacoadas...
Quinze quilos n'uma arroba
tanto peso por medida!
Tanta medida por nada.

As patas com suas passadas
passou por aqui, saiu por ai
patetando, toda pesada...
Com as patas sob a calçada,
com o bico a sorrir.

Antonio Montes

BORDA DE UM DIA

Pela borda do domingo
em um dia, já se indo...
A menina cheia de frenesia
não sabia, se além, ia...
Ou se vinha.

Batom nos lábios, Blush
quase por nada, mente cheia,
... Quem diria!
De vez em quando na calçada
... Sonhos, ouro esmeraldas
sentimentos ao vento,
sedo, tarde, meio dia.

Antonio Montes

MEIO PELO MEIO

Se no meio do deserto, desando
... Eu arredondo, arredondo
os grãos de areias com meus pés.
Se em meio ao desespero
fico, sem oásis
tudo longe, tudo incerto...
Me seguro aos desejos
os quais, desconhecem a despedida.
Não estenda as mãos, ao adeus
nem duvide do futuro da vida.

Antonio Montes

ARRASTÃO

Arrasta o pé, arrasta a poeira
noite inteira, lá do salão
arrasta morena fandangueira
p'ra conquistar seu coração.

Forro no passo e compasso
cada quadro vai na fé
abraços mulher e macho
no arrasta -pé, no pé a pé.

Arrasta o boi e a boiada
pelos trilhos do sertão...
O voar de asas da passarada
água enxurrada, ribeirão.

Ródia lenha, moringa e pote
na cabeça com seus desfechos
no interior de sul ao norte
os fracos arrastam os eixos.

Antonio Montes

CONTRA CONTA

A conta que você conta
essa matemática tonta
é uma afronta...
Uma afronta que apronta
essa conta tonta aponta
as pontas desse afronta.

Mas essa conta desbanca
a carranca e a retranca
e trespassa além da conta
na contra pela barranca.

A conta que faz de conta...
Conta, conta contra gotas
gotas brancas gotas pingam
na moringa, cacimba pote
no enfoque que nos arriba.

Antonio Montes

VELHO TRAPO

O velho trapo agora aposentado
só serve para cama do gato...
Gato velho sorrateiro desconfiado
esta sempre sonolento, sobre o velho trapo e
deitado. O velho trapo um dia já foi bandeira
e como tal, bandeirou o vento sobre o varal e
assinalou a direção das aeronaves da capital.
O velho trapo já foi enxugador de prato,
marcador de direção em beira de estrada,
sob encruzilhadas e também já serviu como
assombração em noite de farras sob o luar
e o silencio da escuridão.
Já bandeirou sob janela de trens e de veículos
deu recado, editou os seus versículos....
Acenou adeus flutuando sob suas lagrimas
e as retinas dos olhos meus.
Velho trapo que um dia foi mastro e bandeirinha
de futebol, já foi arrogo de um povo, fralda de
menino novo... Foi espantalho de passarinhos,
agora abandonado no canto seco e sem pranto...
Não passa de aconchego de gatos e gatinhos.
É meu velho trapo... Eu admiro o seu uso!
Que mesmo velho sob desuso...
Nunca ficou sozinho.
Antonio Montes

ESPELHO DA PIA

De manhã cedo ao acordar...
O espelho da minha pia, me espia
... Me espia mostrando-me
a pilha da minha insônia
as rugas medonha da minha idade
e a casa da minha vergonha.

Me espia, mostrando-me...
A juventude guardada na saudade
o tempo que não vejo
os segredos dos meus desejos
as mentiras inclusas da verdade.

De manhã cedo ao acordar...
Como se fosse um bedelho
o espelho da pia mostra-me...
Os sonhos velhos de festas
a planície na minha testa
os buracos do meu amanhã
a queda dos cabelos...
e as duvidas do meu divã.

Esse espelho da minha pia,
é mesmo...
O refletor da minha agonia
... A peia do meu acordar,
o chicote do meu dia.

Antonio Montes

AFRONTA DO OLHAR

Amor, vivemos tão extensivamente
que aprendi a ler as escritas teleguiadas
pelos seus olhos.
Mas juro que se soubesse que um dia
eles fossem me escrever o contrário
de você... Eu não tinha aprendido a ler.
Eu não queria, mas esse viver de carne
e unha me ensinou a te ler, e hoje sofro
Sofro por esse saber, sofro porque
leio você. Leio seus olhos e eles me dizem
tudo aquilo, que você não quer me dizer.
Seus olhos que um dia já me fizeram sorrir
dando-me amor e paixão, esboçando
alegria e felicidade, com suas frases...
Hoje eles escrevem-me poesia amarga,
dosada em meio a essa vil verdade.
Nos escritos dos seus olhos... Eu vejo o
meu amor se afastando de mim.
Meu amor, ainda ontem, eu li na poesia
dos seu olhar, que meu amor está sendo
roubado. Tenho lido que tudo que me sobra
daquela felicidade é recordação e lágrimas.
Meu amor... O silêncio que antes servia para
me fazer sonhar contigo, hoje serve apenas
para me esmagar diante da solidão.
Você agora esconde a traição em sua conta
dizendo o que seus olhos insistem em me falar,
e até repreender-me com essa dolorosa
afronta.

MANIPULAÇÃO TEMPLÁRIA

Finda o dia e a noite desce,
na casa simples tela aparece...
Olhares abobalhados param
sobre suas novelas.
Entre uma tomada e outra
tal como política, tudo se repete
... Uma mistura de roubo traição,
provoca... Felicidades e sorrisos
escapam do peito, e os olhares
marejam, suas ingênuas lagrimas.
Mas, em seus quadros como na
esperança tudo, todavia acaba bem.
As cenas servem para apimentar
os sonhos e o sono antecede o real
... O qual deturpado pelo laços do
tempo e ao cansaço da labuta,
submerge ao fundo ao esquecimento.
O sono mestre da manipulação
templária... Antecipam a matemática
dos planos e tudo se dissipa
ao amanhecer.
Antonio Montes

ÁLIBI DO AMOR

Quando você veio até à mim,
veio por vim,
e eu confesso... Não entendi!
Inverti as minhas bolas,
enforquei a minha gola...
ao receber sem você saber
um pouco do seu amor.
Sim, sim! Eu errei entendo ter errado
não era amor...
Mas quem dera!
Eu fosse, seu namorado.

Você se foi, sem nada levar
escorregou pelo meus dedos...
Não era para ficar! Mas eu fiquei aqui
curtindo sem saber, esse loco amar.
Agora você voltou...
Tão logo voltou entendeu o erro meu
arrumou um álibi
para não ver meu peito chorar
contemplando a falta de amor
desse peito seu.

Antonio Montes

PRESENTE PEIA

Morderam a fruta
e jogaram a culpa da mordida
e dos pecados da vida,
na frigida serpente.

Hoje a condenação do pecado
rasteja e serpenteia o sentimento...
Essa gente, que não sabe o que sente
esse efeito essas serpentes,
esse povo que se fazem de inocente.

... Inocentes da verdade
todavia moram na saudade
de um tempo, distante ausente
... E vivem para o futuro
com a peia no presente.

Antonio Montes