Coleção pessoal de amandabcostta
"Se era amor? Continua sendo! Amor não acaba. Só diminui ou dá espaço para outro maior. Se acabou é porque nunca foi amor. Tudo muda ou acaba. Amor, não... Porque amor não nasce da noite pro dia. Demora a ser construído. Apesar de levar segundos para desabar, ele não acaba. Continua ali, abalado, porém firme. Amor não é aquela paixão de primavera ou aquele amor platônico pelo seu artista favorito. Amor é o que você sente por aquela pessoa que, na verdade, foi o tempo que te fez gostar dela. Você aprendeu a conviver com ela. E que já não pode mais viver sem. Isso, sim é amor. O resto... É só uma ilusão, uma mentira criada por gente que não sabe amar, ou nunca quis aprender. Por gente que nunca deu tempo, ao tempo. "
Não, eu não sou um bom amor. Não me despeço com clichês, não ligo a cada minuto para dizer que estou com saudades, não mando declarações por correio, não lembro de datas especiais como o aniversário de namoro ou algo assim, não ligo se não tiver toda a atenção. Não coloco minha melhor roupa para encontrá-lo (até porque eu não me visto bem). Sim, eu sou um péssimo amor. Não faço questão de receber presentes, não abandono quando precisa de mim, perco noites por ele, o desculpo sem pensar duas vezes, eu o coloco os sentimentos dele em primeiro lugar, não procuro chamar a atenção dos amigos dele, e nem muito menos trato mal pessoas da sua família. Não se aproxime, afinal, eu sou um estrago como amor.
Enfim, saudades. Eu sei que não devia, mas, sim, sinto sua falta. Quanta estupidez, santo Deus! Como posso eu sentir sua falta? Afinal, eu deixei você ir! Não vou mentir, acho que Já devo ter me acostumado com sua ausência. Mas, encarando a realidade, isso não me machucou tanto, eu já passei por coisas piores, bem piores. Não é de hoje que tenho o coração dilacerado, após dias tentando remontá-lo. Mas tudo bem... Não, não está tudo bem, mas vai ficar. Cedo ou tarde. Hora ou outra deixa de ocupar espaço. Afinal, eu sempre vou lembrar de você, ainda me restam as fotos, cartas, presentes, lembranças, enfim, saudades.
Eu não me dou bem com nada, sabe? E quando eu digo nada, é nada mesmo. Não sei lidar com partidas, mentiras, comigo mesma. É complicado demais. Primeiro que todo mundo entra na minha vida e vai embora, eu já devia estar acostumada mas não dá. Não dá porque... Porque sim! Ora, ninguém nunca está preparado pra perder alguém! Mentiras também são um dos meus demônios, porque eu minto demais pra mim e todo o resto das pessoas, também. É difícil. Me entenda: você cria um mundo inteiro, sua vida, em cima de uma base instável mas que, para você, parece firme, tão firme quanto o Everest e, quando você menos espera, tudo aquilo que você levou dias, meses, anos pra construir é levado ao chão em segundos... Isso acontece sempre comigo. Eu aprendi a conviver com isso. Mas o pior é ter que lidar comigo mesma. Livros de autoajuda, psicólogos, psiquiatras não ajudam em nada. Só me fazem ter mais dúvidas. Você acha que as duas guerras mundiais foram grandes e devastadoras porque não conhece a que vive em mim. A primeira e a segunda guerra tiveram fim, e a minha? Ela tá aí desde sempre. E não teve fim. Todo dia é um conflito diferente. Você pode ser a pessoa mais solitária do mundo mas pelo menos tem a você mesmo. E quanto a mim? Além de não ter ninguém, eu não tenho a mim mesma, eu sou meu pior inimigo. Todo mundo me machuca, o.k. Mas eu faço um estrago bem maior porque, afinal, eu sei de todos meus medos, de cada ponto fraco meu e eu sei atingi-los de uma vez só. É por isso que eu me isolo, sabe? Sozinha eu me entendo, me arrumo, me conserto. Apesar dos apesares. Quer dizer, até quando todo mundo vai embora, eu continuo lá, me fazendo companhia. Eu não me dou muito bem comigo mas fazer o quê? Eu só tenho a mim, mesmo não me tendo.