Coleção pessoal de alzira_willcox_de_souza
Não há mais espaço pra melancolia, pra perda ou sofrimento. A gente sofre clandestinamente, sem se sentir legitimado a sentir tal dor.
Todo mundo quer o bônus da liberdade, ninguém quer perder nada. O efeito Prozac se prolongou além das fronteiras patológicas. Todo mundo quer ser feliz rápido e sempre.
Sentimos saudade da gente mesmo. Sentimos saudade do que sentíamos naquele passado ou de como éramos. O tempo é algo inexorável, incorruptível, inegável: ele chega e te dá a noção perfeita da irreversibilidade, da irrecuperabilidade. Por isso a saudade se torna algo tão ou mais forte do que estarmos apaixonados. Trata-se de querermos a nós mesmos de volta.
Privacidade tá difícil. E porque a gente quer. É uma onda e estamos todos dentro dela, com a real sensação de que estamos descendo a onda ou dando um cutback. Quando na realidade, podemos estar nos afogando.
Geralmente, quando as pessoas estão num momento da vida em que querem encontrar alguém e se apaixonar, elas começam a desenhar internamente o que esperam e até inconscientemente buscam o perfil que elas criaram, como na busca do profissional que se encaixa melhor num determinado cargo.
Quando encontram alguém que preenche os requisitos idealizados, elas se apaixonam. Na verdade, se apaixonam por elas mesmas.
É o amor na caixa.
Sim, o medo é a vertigem da liberdade. Liberdade pra dentro da cabeça, pois sem vertigem a vida fica em preto e branco. Cor sempre, por favor.
A hipocrisia é quase fisiológica. É escudo que protege e alivia. É travesseiro macio e confortável.
Prefiro noite sem sono.
A traição da alma é mais subjetiva. É aquela que, com contato fisico ou nao, absorve nosso olhar, nossa atenção e nosso pensamento. Pra muitos essa é a mais perigosa.
Uma das piores hipocrisias para mim é aquela da fé. Eu vejo gente ir à missa, rezar, comungar e falar em nome de Jesus. Jesus, aquele cara diferenciado e firme, que pregou ações de bondade e ética "seguidas" por tantos, sabe? Pois é, usam o nome dele e agem cinicamente com preconceito e maldade. A torto e a direito.
E nesse vaivém de fantoches humanos por aí, pessoas se esbarram, ideias se encontram e o incrível muitas vezes acontece: afinidades se desdobram em projetos, cumplicidade em parceria e atração mútua muitas vezes em amor. Ou seja, basta que pessoas certas se esbarrem no game e o milagre acontece, certo?
Errado.
Não é fazendo política assistencialista (dando o peixe em vez de ensinar a pescar) que a solução está dada. Dar o peixe não transmite saber. Não é ensinamento. Quem dá o peixe continua detentor da expertise da pescaria.
Enfim, liberdade é cara e seu preço não pode ser o mesmo de uma caixa de Prozac. Se para Sartre, somos condenados a ser livres, transformemos essa condenação em algo que faça esse ônus valer o bônus. Ou vice-versa.
Persistência sempre foi um valor e tanto. Hoje é diferencial absoluto. A persistência, maior ou menor, muitas vezes determina o sucesso de quem idealiza o seu negócio. Não consigo imaginar empreendedores que cheguem onde querem sem muito insistir no que acreditam. É entender fracassos como partes do percurso e continuar andando sem cogitar parar.
Devemos lutar incessamente para combater preconceito e elitismo. Já a piada politicamente incorreta nunca vai deixar de existir, só que deve ter o seu lugar na privacidade de nossas casas, sem redes sociais, sem agressões desnecessárias.
Dar certo não é somente ganhar dinheiro e ser rico. Não é! Dar certo é se sentir feliz ao acordar de manhã e encarar o desafio do trabalho. É ter perspectiva, levar seu dia com leveza, empreender, querer mudar o mundo. Dar certo é ter mente sã, não sofrer de males que impeçam a gente de produzir, criar, pensar. Dar certo é não precisar de muita coisa material pra se realizar. Pra mim, ganhar salário mínimo e ficar contagiamente alegre, ouvindo um samba na folga, é dar muito certo. Não precisar de antidepressivos pra viver é dar certo. A lista de sucessos é enorme.
Falando de WhatsApp, vamos pro famoso “quem nunca”.Quem nunca mandou áudio pra pessoa errada? Gravou barulhos esquisitos e conversas íntimas sem querer e mandou pro primeiro da lista? Ligou pelo WhatsApp sem querer e teve que pedir desculpas? Encaminhou prensagem pra pessoa errada? Brigou feio pelo WhatsApp? Disse umas belas verdades, esclarecendo fatos e situações freneticamente no aplicativo? E muitas outras situações, inclusive desconfortáveis. Whatsapp é uma mão na roda e traz uma autossuficiência impressionante, basta que façamos bom uso dele e sejamos felizes!
Bem, querendo ou não o ego existe e é o nosso inseparável amigo de todas as horas. Ele é importante pra sermos o que somos, na nossa medida certa. Afinal, como tudo na vida, o tamanho do ego é uma questão de dosagem. Como dizia John Lennon, "Se ser um ególatra é acreditar na minha música ou arte, pode me chamar assim, pois acredito no que faço e digo mesmo".
Chegamos na fase adulta cada vez mais inseparáveis de nossos egos. Desconfiamos do quanto o ego pode nos prejudicar: É ele que faz a gente não participar, não competir, não aceitar o diferente, não perdoar, não saber perder, e até não amar livremente.
Relembremos uma joia rara do cinema, Blade Runner, e seu Rick Deckard que disse algo que jamais esqueci sobre a replicante Rachel: "Tyrell me disse que Rachel era especial, sem data pra terminar (morrer) como os demais. Não sabia quanto tempo eu teria com ela. Mas quem sabe?" Ninguém sabe bem até onde vai, qual é a sua "termination date". Mas sabemos que começar como se tivéssemos a eternidade e viver como se não houvesse amanhã pode ser uma boa ajuda para prolongar a estrada e viver mais.