Coleção pessoal de AlexandraBarcellos
Sinto sua falta
Como do ano
Que eu desejei
Que jamais tivesse terminado.
Alexandra Barcellos
Árvore Mãe
Eu deveria ter partido
Quando minha mochila não pesava
E não me restavam opções
De nada
Eu deveria ter partido
Num dia sem planos.
Alexandra Barcellos
Árvore Mãe
Só vou pegar as coisas boas que você deixou
Aquelas que você disse por raiva ou dor
Deixo para os dias mortos de maio.
Alexandra Barcellos
Árvore Mãe
Poesias
Não pense que foi fácil para mim
Eu tive que me reconstruir
Quando pedaços fizeram de mim.
Alexandra Barcellos
Árvore Mãe Poesias
Hoje é um barco
Que você não insiste mais em controlar
No mar das nossas decisões
Ondas, mergulhos, raios, medos e vontades de ser diferente
Tudo é transporte de emoções
Eu vejo teus olhos procurando horizontes
Eu também prefiro olhar para lá
Nunca seremos lemes
Somos um imenso mar.
Nunca existiu nada entre eles
Nada
Só um jeito de se olhar
Perplexo
Perdido
Perfeito
Dois prisioneiros
Unidos por olhares
E um mundo de impedimentos
Duas pessoas e vários compromissos
Nenhuma atitude possível
Somente desejos que se tornam vestígios
Olhares e olhares
Quem nunca falou só com eles?
Você não?
Desculpe-me, mas não acredito na tua versão.
Olhares - Velho Talismã
A saudade me acompanhou como uma velha amiga que nada diz por entender como ninguém o que você sente.
Cadu e as histórias de Bantu
Sou eu a cidade sem paz
As incertezas do dia a dia
Luzes
Lutos
Folhas que caem
Sou eu o milagre que nunca acontece
Só tenta
Só reza
Um dia essa dor vai terminar
Sou eu refletindo nos vidros urbanos
Correndo
Gritando
Ligando
Esperando ouvir (em meio ao caos) a voz de quem eu amo.
Cidade sem paz - Velho Talismã
A saudade é uma velha cadeira de balanço
De qualquer idade
A saudade é o pão que eu não fiz
Por você não estar aqui
A saudade é a letra da MPB
E do Jovanotti
A saudade nem nota que eu existo
Habituada em ser ausência
Nunca chega a ser dor
Ela é pior do que isso
Quando eu acordo
Sem te ver de novo.
Saudade - Peixes da Terra
Você não está aqui
Há mais de 138 dias
Mas o seu jeito sim
Ecoa pelos cantos
Mais extremos dessa cidade
Mergulha nas águas
Que antes banharam nossas árvores
Elas também perguntam
Quando irão ver você
Enquanto eu caminho
Torcendo dia e noite
Por você.
‘Eu nunca fiz isso antes’ é algo poderoso
Um portal
‘Eu nunca fiz isso’ é um voo no vácuo do espaço
Para a imensidão do viver
Um farol no breu
O antes impensado deságua sobre nós
Com a força irresistível de outras possibilidades
Um prisma infinito
Então você acredita na vida após a morte
Porque pode mergulhar de novo em si mesmo
Para nadar ao encontro desse calafrio
Agora eu faço o que eu sempre quis.
Desertos do mundo inteiro
Apossaram-se de mim
Pedras eternas mergulharam
No meu coração errado
Desencontradas elas vivem na solidão
Do que não me pertence mais
O antes do ontem jaz agora
Sob a desabada ruína
Do que um dia eu amei
Enterrado na loucura irreversível
Por eu nunca ter compreendido
A alma devastada
Que sempre habitou em você.