Coleção pessoal de AlexanderBragan
Seja chão para quem não o tem. Não para que o pisem, mas para que tu sejas o apoio para um novo levantar.
Ao que está no começo
Resta o primeiro passo
Ainda que de avesso
Exala beleza no espaço
Amor amado, ama-me amorosamente.
Despe-me, reveste-me, ergue-me em teus braços
Até que o sol enconda-se no horizonte.
É tarde.
Em vida, grita
Seu ponto de partida
Vê a despedida
De sua outra parte
Que parte
Sem previsão de regresso
Tudo que resta é lembrança
Que mansa emana saudade.
Volte logo, meu bem
Para outra eternidade.
MARCHA FÚNEBRE PARA A LUZ
Num instante ela é vida
Noutro, já não existe.
Mas a vida ainda está lá – persiste.
Morre em meio às águas e se divide
E tudo em volta ganha cor.
Agora ela está em toda parte.
E quando o sol se põe
Seu corpo se decompõe
Num espetáculo de cores...
TRISTE FIM
Um bem
Um mal – que triste fim.
Adeus, querida
Uma a uma caem as pétalas
Da frágil margarida
Bem me quer, mal me quer...
FUTURO PENSADOR
A criança dos sonhos e das noites de céu estrelado
Do observar dos pássaros
Dos dias de sol escaldante
Dos risos intermináveis e fáceis de lembrar
Ah, aquela criança de sonhos inalcançáveis
Vivendo os dois lados da vida
Sem saber por qual deles trilhar.
Onde estás, pequeno sonhador?
Teu sorriso me confortaria
Teus segredos me seriam inspiração
Espero que retorne um dia
Futuro pensador.
Meu coração e suas constantes manias de ser constante...
Passa a lembrar do tempo que passa e não vê que o que se passa não se repara.
Quanto mais penso em ser livre, vejo que a liberdade não passa de ilusão.
É como uma nuvem, intocável e ilusória. Como uma flor que não tem perfume. Inútil pensar em coisas que não passam de meros frutos da minha imaginação.
Desconheço a dor.
O amor a adormece.
Acalenta minh'alma.
Leva-me, não hesites.
Até que não reste mais nada do meu ser.
O amor não é apenas para ser falado, escrito ou muito menos provado. Para mim, ser verdadeiro já basta.
Estou apaixonado.
Apaixonado pela suave brisa da manhã.
Pelo doce cantar dos pássaros e do teatro das sombras.
Estou apaixonado pelo som das ondas que se chocam contra os rochedos.
Apaixonado pela vida.
Apaixonado por mim mesmo.
E aquele antigo amor?
Nem sei mais por quem senti.
Que tenho eu me tornado?
Que houve com o meu antigo eu?
Devo ter me perdido no caminho até aqui.
Ou talvez ainda esteja aqui em algum lugar.
Talvez. Quem sabe.
O que sei, de fato
É que este alguém que me encara friamente no espelho
Que me segue, como sombra
Que invade os meus pensamentos
Não sou eu.
Talvez outrora eu sinta
Talvez outrora eu possua
O que hoje finjo possuir
Por mais numerosas que sejam minhas lágrimas
São incapazes de expressar tais sentimentos.
A decepção escorre pelos meus olhos
Talvez um dia ela entenda
Talvez minh'alma aprenda
Que a vida é como uma tenda
Dobrável, móvel, findável
Indefinida, fugaz e decepcionante.
As folhas dançam ciranda no chão.
Os galhos aplaudem a dança
Alegres como criança
Dança, folha, dança
Até que o vento se vá...
As pessoas devem entender que ninguém é obrigado a sentir por elas o mesmo que sentem por nós. O ser humano é uma máquina pensante. Sentimentos são relativos. Nada é certo. O amor é incerto, o rancor é incerto, a confiança é incerta.
Um dia as pessoas reconhecerão cada esforço meu.
Um dia lembrarão que fiz algo pequeno, mas fundamental para algo grande em suas vidas.
Notarão que fiz tantas coisas em tão pouco tempo.
Perceberão que eu não era perfeito, nem mesmo queria ser, pois tinha como objetivo usar cada defeito como característica única.
Um dia lembrarão que existi.
Se arrependerão de não terem me perdoado pelos meus erros.
Sentirão minha falta
E me levarão flores
No meu leito de mármore.
No mais belo horizonte
Vejo um pequeno barco.
Oscila em meio as ondas
Planando por sobre a fina lâmina de água
Guiado pelo vento
Sem destino
Entregue ao acaso
Segue o ritmo do mar
Eu sou o barco.