Coleção pessoal de alessandra_bertazzo
POEMINHA DE AMOR
Não julgues a inspiração
Do singelo poeta,
Aceita os versos de amor
Que falam o que a boca
Lhe nega.
A CHUVA CHOVE...
A chuva chove bem fininha,
Chove a chuva devagar.
A chuva chove bem mansinha
Chove a chuva sem parar...
A chuva chove lentamente,
Chove a chuva sem cessar.
A chuva chove tristemente
Chove a chuva a chorar...
A chuva chove soluçando,
Chove a chuva sem calar.
A chuva chove lamentando
Chove a chuva a se queixar...
A chuva chove em pranto
Chove a chuva a lastimar,
A chuva chove em todo canto
Chove a chuva sem parar...
SEMEADOR
O poeta semeia palavras
Como quem joga cinzas ao vento
Colhendo seus poemas
Nas entrelinhas do pensamento.
DESENCONTRO
Meu amor
É flor que desabrocha
É folha jogada ao vento
É a alta montanha rochosa
É teu nome no meu pensamento
Teu amor
É rosa que murcha
É fruta madura caída no chão
É caldeirão sem bruxa
É fogo sem paixão
Nosso amor
É um desencontro
É uma novela com dois finais
É uma reta passando em vários pontos
É um querendo pouco
E o outro querendo mais...
TEMPORAL
Se eu tivesse tido tempo
Para preparar-me à tua partida,
Para quem sabe dissuadir-te
De tal ideia estapafúrdia,
Não estaria eu agora nessa angústia,
Amaldiçoando a minha vida...
Se eu tivesse tido tempo
Para preparar-me à tua ausência,
Para quem sabe convencer-te
Do disparate de tal atitude,
Não estaria eu agora em incompletude
Abrindo as janelas da demência...
RIDÍCULA
Meu amor, eu te amo
Não como quem ama em equilíbrio
Ou como quem ama em concerto
Como quem escolhe o seu amor,
Não, amado, não te amo assim
Eu te amo diferente
De um jeito tosco,
Assim...
Particularmente
Ridiculamente,
Pateticamente...
Por que amado, o amor não é ridículo,
Mas ele nos deixa ridiculamente ridículos.
E assim, amado, eu te amo
Como quem ama a insensatez
Por fora te exibo o sorriso da dama,
Por dentro sangro a minha estupidez
Te amo como quem ama em desalinho
Por linhas tortas e dissonantes
Correndo sempre em tua direção,
Amiúde e devagarinho
Te entrego pouco a pouco
Parcos pedaços do meu coração.
“O escritor leva as palavras para o papel do mesmo modo que os pássaros levam a palha para o ninho. Lá ele as ordena e constrói seu texto. Para ambos os trabalhos é preciso algo em comum: paciência”.
“Uma dose diária de poesia faz com que a vida pareça menos dura. Todo mundo devia ler ao menos um poema por dia para se sentir melhor”.
SE VIESSES AMAR-ME, MEU BEM...
Se viesses amar-me, meu bem, à hora vadia,
Quando no peito esta dor mais se revela,
Revestida em nuances e tons de nostalgia,
Como os matizes cinzentos em aquarela...
A hora em que a noite voraz abraça o dia,
E uma lágrima de saudade o olhar dilacera...
Se viesses, meu bem amar-me nessa hora,
Quando o amor não mais cabe em espera,
Amar-me depressa, sem delonga e demora,
Devassando essa dor que a ausência gera...
Se viesses amar-me, meu bem...