Coleção pessoal de AleneChagas
Preciso ser eu
Meu maior medo é deixar de ser quem eu sou. Sim, sou eu, aquela que tem o coração empedrado, fria igual as temperaturas que tem feito por aqui. Sensação de vinte graus abaixo de zero, congelante. Congelei no tempo. Quero seguir em frente mas o passado mais presente e tão sonhado futuro, permanece preso e amarrado a sete chaves em mim. Preciso sair, viajar, outros ares e mares, outros azuis, outros olhos e uma nova direção. Desapegar e então fugir. Liberdade, felicidade na idade. Quero tentar, pelo menos uma vez, colocar para fora os sentimentos que todos tem. Paciente igual aquela amiga que o entende em qualquer hora e situação. Apaixonada feito aquele primo que ama como criança. Estressada e boba, confesso que acho lindo o jeito que ela, a minha amiga de infância o trata; xinga e desliga o telefone na cara dura, depois atende com uma vez melosa e tudo se resolve como num passe de mágicas. Eu sou assim, tenho que ser, é impossível que não seja. Ainda não consegui ser. Ainda sou eu. Quero e não quero, crio, rabisco, imagino e logo em seguida aperto a tecla Delete e volto a ser eu, me sentindo sozinha no meio de tanta gente. Dois pensamentos, dois corações e uma razão. Prefiro ser reta e trilhar o meu esperado sucesso profissional aos vinte e cinco anos de idade do que focar no auge da idade maravilhosa, esse tal dezoitão, onde eu começaria uma vida com você, sonharia com nossa casa e uma redezinha na frente, café com bolo às cinco da tarde enquanto tocava nossa música. Ainda assim, preciso ser eu, independente, eu.
Nós
Esse ano o inverno chegou mais cedo, junto com minha crise que também resolveu dar as caras antes do combinado. Ainda não era hora de sentir saudades, nem falta, nem carência, nem nada! Tava tudo bem... até eu me sentir sozinha. Resolvi me trancar e me guardar daquele mundo agitado que estava a mil ao meu redor. Enquanto todos se preparavam para uma noite que precedia o feriado, eu, meus travesseiros e a crise íamos ficar a sós. Quarteto fantástico, nós três mais o edredom que tentava aquecer meu coração empedrado. Conversando silenciosamente com eles, discutíamos o porquê das coisas. Por quê logo eu? Por quê você? Nós? Será que existiu ou vai existir esse tal "nós"? Não sei... É, não sei mesmo. Você inteiro é um enorme ponto de interrogação escondido atrás de um quase homem que mal sabe do seu futuro. Futuro... essa palavra me faz sentir saudades do que nunca vivi. Em um momento descontrolado do meu jeito "tanto faz, tanto fez" acabei te enviando uma mensagem de texto. Pra não sair do contexto, você não respondeu. Naqueles segundos em que digitava teu nome, inúmeros pensamentos se formavam por aqui. Ah... eu sonhei!! Foi tão lindo... E por um milésimo de segundo achei que pudesse se realizar. Imaginei eu levantando daquela cama, com aquele cabelo maluco e eu mais maluca ainda gritando pela casa dizendo assim: "Nem sabe com quem eu vou sair...É ele me chamou pra gente dar uma volta" Foi o sonho de olho aberto mais incrível da minha vida até agora. Sim, eu tava realizando tudo ali, na cama com meu pijaminha rosa, mas pra mim, você estava chegando todo lisinho, com aquela cara de limpinho e o teu jeito meio envergonhado sempre quando bate na porta. E eu ia te encontrar, a gente ia sair... Conversar, rir, então você ia estacionar em um lugar qualquer e falar pra mim que estava feliz por isso. Puff!!! Foi aí que eu me dei conta que era mais difícil do que parecia. Pra início de tudo, você nem tinha respondido aquele sms e quanto mais me convidado pra sair. Não pude conter, a crise tava ali grudada em mim, então me abracei nela e chorei. Quanto mais o tempo passa, as pessoas passam, você passa... e eu ainda continuo insistindo na ideia de que um dia nós iremos ser "nós".
Ela era eu
Magricela, dona de um sorriso metálico. Na frente do computador usava óculos e, quando saía tirava, não queria parecer a Ugly Betty. Metida a sabe tudo, por fora uma casca de durona, inquebrável... Por dentro, era uma adolescente procurando e descobrindo seu caminho. Amava a noite e funcionava melhor da meia-noite até lá pelas quatro. Trabalhava e se achava independente. Independente ela era, sorria apesar de todos os problemas e preocupações, considerada uma pessoa alegre, motivadora e incentivadora de outras pessoas. Nos últimos dias, ela vem gostando dessa rotina de dona de casa. Prefere o barulho da conversa de seus pais, em uma sexta-feira quase fria, do que estar no agito da rua. Nessa função de passar praticamente o dia todo sozinha, após passar seus creminhos milagrosos, foi lavar a louça da noite. Pra variar, já era madrugada. Enquanto fazia chover em cima daquele prato sujo de lasanha, viajava em pensamentos sonhando com o futuro. Ela queria se definir, achar palavras e argumentos que explicassem quem ela era. Meia-noite e quatorze minutos, enxugou a pia, largou o guardanapo em cima da mesa... Parou. Pensei. Quem eu era? Ela era eu.
Platônico, até pode ser
Uma sensação única, confusa e ao mesmo tempo gostosa. Aquele frio na barriga, aquela vontade, estar entre o poder e o não poder, é... talvez isso descreva como se sente alguém que vive uma paixão. Dizem que a estrada para o verdadeiro amor sempre tem obstáculos, mas se a sua principal barreira for uma tela de computador? Ela te ajudou a encontrar a pessoa amada, mas também é o meio que separa vocês... De um lado, vivendo em um mundo real, com pessoas reais e do outro lado alguém que você nunca viu, mas sente saudades. Difícil definir, só quem sente sabe o que se passa lá naquele órgão vital, mais conhecido como coração. Falo por mim mesmo, não é fácil. Você pode ver a pessoa todos os dias, conversar com ela a maior parte do seu dia, e ainda continuar pensando nela nas horas vagas. Passar a madrugada inteira jogando conversa fora, apenas rindo, se sentindo feliz por ter alguém que mesmo distante esteja "presente" com você. É ter tudo e não ter nada, é se sentir completo e ao mesmo tempo esperando que aquele vazio seja preenchido. E como diz Clarice Lispector "Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida." Essa saudade, de alguém que você nunca viu mas é um dos motivos, ou até mesmo o maior deles pra você seguir em frente, vivendo um dia de cada vez, sorrindo a cada amanhecer, esperando o dia em que o virtual possa se tornar sua maior realidade.
Hoje eu queria ter alguém. Alguém que me chamasse de "minha". Alguém que me ligasse do nada e falasse: Sai aí na porta, só vim te dar um beijo. Alguém que me entendesse, me pegasse no colo e fizesse um cafuné. Alguém que me desse atenção, me fizesse rir e me tirasse desse mundo de problemas. Alguém que me convidasse pra fazer nada, alguém que ficasse me olhando e viajando em pensamentos. Alguém que olhasse no fundo dos meus olhos, e falasse que eu era o motivo da sua felicidade. Eu queria alguém. Um alguém. O alguém.
"Uma coisa que eu acho engraçado, é que todo mundo tem muito mais a reclamar do que agradecer. Se você não está satisfeito com a sua vida, comece a procurar uma mudança! Não precisa ser mudança física, mas uma mudança dentro de você. Trace novos horizontes, novas metas, tenha novas ideias. Mude. Tudo se consiste na mudança da mente e na mudança de atitude. Não dependa de nada e de ninguém pra ser feliz. Vá em frente, trilhe seu próprio caminho e seja protagonista de uma história de vida memorável. Tenha orgulho de quem você é, defenda as suas crenças. Aceite críticas, elas são ótimas e fazem você mudar. Não seja mais um mal agradecido da vida, ela é uma só, aproveite-a! Se está cansado de seus velhos problemas que parecem eternos, arranje problemas novos...afinal, todos servem como experiências. Deixe de ser mudo, fale! Não seja cego, abra os olhos e veja o que há de melhor em sua volta. Escute, aprenda com isso. Não critique, se autocritique. Se julgue. Se renove. Se mude!"