Coleção pessoal de Alemaopnm
Mergulhei em fragmentos em busca de totalidade. Não me entristeci, peguei os cacos e descobri que com cada pedaço encontro um microcosmo.
Eu não tenho esperanças, eu tenho vontade.
Pra que criar expectativa? O melhor que posso fazer é esperar, planejar, tentar, falhar, errar, falhar de novo.
Não, não estou triste, não estou desolada.
Estou pensativa. Tenho vontades, tenho planos.
Não tenho oportunidades, nunca tive, sempre precisei pescar meu próprio peixe e assá-lo.
Nunca ninguém abriu as portas para eu entrar, sempre precisei chutá-las, sempre foi assim....
Depois de chutar cada uma dessas portas, eu fui chutada também.
Mas não caí, não desisti, dei um tempo aqui, um tempo ali e voltei a arrombar as portas que me cerram na cara todos os dias.
Sonhar? Como sonhar se só consigo dormir de olhos abertos?
Como ser feliz tendo que matar um leão por dia?
Como dormir com olhos abertos e a boca cheia de fel?
Não dá para sonhar mais, não dá para crer em nada, muito menos esperar.
Cansei de ser dura, nessa vida que tem sido tão dura comigo também. Só tenho vontades...
Schopenhauer talvez me compreenderia, entenderia que sem vontades eu hoje não teria nada, seria uma niilista sem teto.
Não posso ser filósofa nem ao menos poetiza, pois não me sobra nada quando chego em casa, nada. Sugam-me todas as forças, sugam-me todas as energias, sugam-me. Mas preciso me agarrar à vontade. Ou jamais poderei andar livremente pelas ruas sem ser apontada como a perfeita idiota.
Somos palavras, sozinhas não temos sentido. Nosso sentido apenas se dá dentro da linha onde estamos; nessa linha encontram-se nossos familiares e amigos mais próximos. Damos sentido à linha e ao parágrafo em que estamos inseridos - o parágrafo é nossa vida social, nosso trabalho, nossos amigos, nossos gostos pessoais. E, obviamente um parágrafo sozinho, diferente de um aforismo, não faz sentido fora de um texto. O Texto é o mundo em que nos encontramos.
Não podemos sozinhos definir nada, mas definimos aquilo que nos cerca, damos sentido às outras palavras, temos o nosso peso dentro de nossa linha e de nosso parágrafo. Sem cada uma dessas palavras, que somos nós, o texto continua lá, mas não intacto; sabendo-se que dentro de nossa linha e de nosso parágrafo somos essenciais. Quando morremos, quando deixamos essa linha e esse parágrafo, o texto continua, mas ele se modifica. A linha talvez fique com um sentido mais vago, ou até mesmo sem sentido; o parágrafo muda pouco; o texto quase nada. Somos apenas palavras...
Desconfie de tudo e de todos que tentam lhe vender uma imagem de plenitude, felicidade, amor e perfeição. Lá no fundo, esconde-se um abismo putrefato... um cadáver banhado em perfume importado! Se ainda duvidas, olha o que a televisão te vende: um mundo doce e cheio de encanto. Por outro lado, o que não está explicitamente exposta é a degeneração daqueles que manipulam, a corrupção obstinada, a exploração da alienação para fins de mercado (enriquecendo ainda mais os ricos, e empobrecendo o telespectador\consumidor de bolso e alma).
Não creias que o sorriso no rosto daquele vendedor ou daquele amigo falso possa abrandar as dores que carregas. O vendedor vai tentar preencher teu vazio com mercadorias desnecessárias, e o amigo falso vai drenar o pouco de energia que ainda te resta.
A vida não é perfeita em NADA! Pense, por exemplo, se no mundo natural existe algo perfeitamente simétrico, algo que tenha uma forma geométrica perfeita? Não há nada simétrico, pois o conceito de perfeição geométrica é uma criação do homem, que por sua vez pertence à natureza e, assim é também imperfeito.
Logo, é preciso entender: a vida não é linear, simétrica e perfeita. Temos obstáculos, criamos nossos próprios obstáculos às vezes, mas o importante é termos consciência de mudar as coisas! E principalmente, ter a capacidade de desviar de coisas ou de pessoas que roubam a nossa solidão, falam sobre amor, mas praticam a política da boa vizinhança em proveito próprio, para justamente poder sugar teu sangue, drenar tua vida e em alguns casos, levar o teu dinheiro. O difícil é chegar ao ponto de entendimento sobre tal questão, pois é mais fácil acreditar em uma bela mentira a olhar de frente a verdade, que além de horrível, exala uma fedentina quase que insuportável.
Algumas pessoas nascem para desestabilizar, para desagradar, para remexer com as circunstâncias de aparente conforto. Elas surgem e demonstram sua beleza interior, sua inteligência e capacidade de raciocínio crítico. Com isso, acabam arrumando inimigos, alguns ocultos, outros declarados. Não são mal interpretadas, são na verdade chocantes, por suas opiniões... e por onde quer que passem, essas pessoas deixam o clima desagradável, elas destróem convicções arraigadas em dogmas infundados, balançam verdades absolutas, chacoalham a mediocridade. Ferem egos que se inflam, quebram paradigmas e tiram o poder de edificação de ideologias. São pessoas odiadas, pessoas excluídas de círculos onde a trivialidade impera, são destituídas de quaisquer formas de inclusão. Geralmente introvertidas, mas com ideais ferrenhos, essas pessoas são muito criticadas e até desconsideradas, taxadas como arrogantes, convencidos, orgulhosos, pedantes, entre outros adjetivos. São simplesmente almas extemporais. Incompreendidas devido aos conceitos medíocres da sociedade a que pertencem. No entanto, suas almas são inabaláveis, suas ideias são alicerçadas e bem-fundadas, essas pessoas sabem que seu valor é inestimável, não se vendem, não trocam sua personalidade por fama ou atenção efêmeras. São essas pessoas que deixam grandes obras para a humanidade que está por vir, deixam questionamentos os quais jamais serão compreendidos por medíocres.... flores que nascem no pântano.
A maior virtude de um ser humano é ter a capacidade de trabalhar (para enriquecer seus patrões e seus governantes)
O Pior defeito do ser humano é ter tempo para o ócio (considerado preguiça, má vontade, folga. Tempo livre que proporciona ao indivíduo a oportunidade de crescer intelectualmente, de fazer leituras proveitosas e aprofundar seu autoconhecimento.
Quem está isento da maldade alheia?
A maldade está nos olhos de quem tem maldade inata, está na mente de quem aprendeu a considerá-la verdadeira. A maldade está na língua do fofoqueiro e na orelha de quem não questiona. Ela está dentro de cada um que julga sem analisar os fatos. Está no coração dos venenosos e na credibilidade de quem toma o cálice e se delicia com o líquido cheio de calúnia mordaz.
Quão pérfida pode ser a mente de um irmão, cujo corpo e a alma são compostos do mesmo princípio, cuja vida é compartilhada na mesma superfície? Quanto há de maldade em cada ser que habita esse planeta inexorável? Quanta crueldade um ser humano é capaz de cometer? Seriam todos esses seres perniciosos culpados de suas ações? Ou seriam eles apenas espíritos atordoados ou adormecidos na imensidão do vazio existencial?
Não. Não há como combater a maldade. Não há como extirpar a raiz venenosa, não existe fórmula, remédio ou emplastro que cure alguém da maldade. O segredo está na observação. Pergunte-se, como alguém que vê de longe uma determinada cena, o que pode levar a tal vileza. Observe e analise com atenção. E se tal maldade não cabe em seu coração, descarte-a. Não se envenene sem culpa, não se entregue sem crime. Procure um lugar dentro de você onde possa filtrar e neutralizar o que sofre pela maldade. É somente isso que nos resta. Consciência tranquila, paz de espírito e um gigantesco escudo contra as flechadas maldosas.
Cada ser humano tem a sua história de vida, seus limites e anseios, suas dores e superações. Não exija do outro aquilo que você acredita ser o melhor para ele, pois somente quem veste a própria pele pode se transformar, pode se superar ou pode decair. Mas esta é uma jornada individual. Não queira ser deus para mudar os outros. Se não faz bem a você, simplesmente se afaste. Ou, se você tiver uma dádiva que é a empatia, aceite e aprenda junto!
Quando olho para baixo, vejo criaturas ínfimas; olho à frente, vejo o horizonte. Quando olho para cima, vejo o infinito de possibilidades que me aguardam para desvendá-las. Precisaria de muitas vidas para entender o que está acima, e apenas alguns anos par entender tudo que está abaixo. Enquanto isso, caminho em direção ao devir.