Coleção pessoal de AldoTeixeira
As vezes me conforto com a infinitesimal significância que carrego como animal homem breve que sou.
Pois assim, carrego comigo a certeza do meu fim.
Ciente de que sem eu, não vai existir mais essa falta de você.
Depois, descansarei desse amor terreno
Que me lembro todos os dias.
E serei pó.
Pó que por sua vez não sofre de amor.
Fiz minha trajetória de andorinha e tombos.
Cai quando achava que voava,
E voei puxado pela gravidade da terra e suas massas.
Me vi como um casulo de traça, num hotel na beira da estrada.
Estava. No fim, estava.
Percebi, que em cima de mim, pairava uma nuvem de fumaça.
Brindei a taça de água do fundo do poço.
Coberto até o pescoço de desconfiança e desesperança.
Tinha perdido a razão e a esperança, num desses dias que a gente sai esquecendo tudo que se tem para fazer por onde passa.
E não fazemos nada.
Marquei vários encontros comigo, e faltei em todos eles.
Já tinha perdido o amor. O próprio amor.
Quando olhei bem, percebi que apesar de todas as forças que levavam para baixo, tinha forças que queriam e me querem de pé.
E foi nas minhas amizades que encontrei a fé.
Hoje estou aqui, em forma de poesia
Ciente da alegria que me traz a palavra amizade.
Meu corpo, aqui, a pensar no que será que devo acreditar.
Amanhã pela manhã qual notícia vai definir meu humor.
Os boletos que já venceram. Me venceram.
Hoje sou um monte. O jovem mais velho que já conheci.
Minha aparência é minha identidade.
Já estou passado.
Não custo mais que um mero tostão furado.
Não tenho propósitos, não carrego sonhos e nem pretendo sucesso.
O que posso fazer com essa maldita vida?
O choro mais triste que existe é um choro sem lágrimas.
Afinal, como entristecer mais um homem que não tem nem lágrimas para lubrificar o desprezo e o abandono.
A expressão da face, diante do espelho:
Não tem canteiro suficiente nesse mundo para tanta tristeza.
Essa solidão, que teimo em brindar, e achar que é brincadeira.
Compreensão fria
Numa noite quente
Quem te falta,
Na madrugada vazia?
A solidão e a saudade
Que você nega.
Mas que te pega todo dia
Deitado na cama
Ou sofá da sala.
Que fura seu peito.
Igual um menino
Que pisou
Num espinho.
Meu coração anda assim
Sentindo em cada passo.
Mancando entre as passadas.
Mas me deito
Mesmo assim.
E respeito
Que tudo nessa vida
Tem um fim.
Quaresma, peregrinação.
Quarentena, isolamento.
Reflexão e vários não para o Santanas.
Para poder renascer de novo.
Um novo momento
Ainda mais sagas.
Dar para o César o que é do César
E viver do amor, se não for pedir demais.
Renascimento!
O encontro do Tempo está no presente.
Me apresento:
Cristão, na intenção
Falho, na prática.
A palavra não é estática,
Estatística ou
Matemática.
Do pó ao pó das galáxias.
Do barro, o tempo soprou, e se fez o homem.
Tenho um pensamento rápido
Para transmitir
Antes que me peguem aqui
No expediente
Escrevendo poesia
Que já passou de hábito
Eles podem me demitir
Alegando que não cumpri
Com um sistema exigente.
Quem diria.
Eu aqui escrevendo com medo de ser pego
Pego pelo vigia do patrão
Ou pego pela minha decisão de sumir daqui
Como se eu tivesse cometendo um crime
Por não caber no regime de escravidão.
Tudo bem, vim voluntariamente
Mas a gente sempre cai nessa de estabilidade.
Quero a vida como é
Além do mercado.
Todos esses anos foram necessários para sairmos do regime transitório. Depois da chave ter sido fechada, no instante t = 0, nós começamos elevar nossa curva do aprendizado. Nossos capacitores esquentaram, eu sei. Não foi fácil livrar das impedâncias parasitas que assombravam nossos resultados reais. Por muitas vezes o limiar de recepção era um fantasma assombrando as pessoas pelos corredores, que a gente enfrentou e venceu junto. Retiramos a redundância da nossa informação. Outrora filtramos muitas emoções atordoadas que cruzaram nosso meio. Está muito claro que a relação sinal/ruído de cada um se elevou muito. Consultem o diagrama de olho bem aberto que irão perceber o quanto estamos imunes a interferências. Hoje a gente ressona e casa. Nossa banda toca em GHz. Nosso ganho é em dB e nossa rede não possui filas. Somos portadoras por sermos portadores do conhecimento.
Nosso campo próximo foi o Inatel, agora propagamos pelo meio social e nosso sinal, por mais breve que seja no tempo, sempre será infinito na frequência. Que o bom espectro voz acompanhem, tomem cuidado com canais ruidosos e lembrem-se sempre que nós somos nós de uma rede conectada, conte comigo, pois eu conto contigo.
Toda realidade, antes, foi sonhada.
Ontem fomos sonhos, gasosos e sem forma.
Éramos.
Havia uma jornada, toda sonhada em tijolo a vista.
Em tantas parcelas a prazo.
Era sonho, devaneio.
Um objetivo e anseio.
Aventura de quem se aventura.
Mas já que tudo se transforma
E a sorte favorece os audazes.
A gente toma forma, quando se informa.
Liquefação de conteúdo,
Reforma diária.
Liquefazer-se gasta energia.
Nós oferecemos nossos Joules:
Performa.
Hoje o sonho está no estado sólido.
Realizado.
Já não é abstrato.
Se ainda restar dúvida
Olhe para o lado.
Percebe o clima a sua volta.
Percebam a realização de todos a sua volta.
Hoje é redenção.
Hoje é a consagração da mudança de estado.
Hoje é o dia da nossa formatura.
Quanto menos tempo,
Mais frequente.
Quanto mais abraça,
Mais sufoca.
Quanto tempo tenho até a próxima?
Dia após dia
Cresce o cipó.
E ao fim do dia, é pó da construção
O homem é a construção.
O monumento é o transcorrer.
A interseção entre o real e o imaginário.
Um ponto.
O homem chora por dentro,
Para dentro é dimensão.
É direção!
Faz sentido e faz sentir.
Até breve, ou até longo.
Deixo meus comprimentos á onda.
Essa pressa me sufoca!
Me coloca...
Contra a parede.
Minha expressão é de quem tem sede.
Minhas mãos são inquietas.
Eu me sinto sobrevivo.
Não há quem me de ouvidos, as vezes.
Hoje, quando parei.
Eu estava só ouvindo. O barulho era de fora.
De dentro era paz.
Havia um silêncio eminente.
O som não passa para dentro.
Nada passa, nenhum dos sentidos.
O silêncio não está no ouvido.
Poesia Social
Vejo meu reflexo
No lago social.
Eu no meu mundo
Refletido.
Eu no meu mundo
Refratado.
Projetado sobre as curvas sociais,
No transpasse.
Projetado sobre as curvas do eu,
No reflexo.
O fenômeno ocorre pela presença da luz.
Sem ela, tudo existe,
Mas não pode ser visto.
Vai poesia!
Esparrama palavras por linhas,
Com ar de sincronismo
E cheiro de observação.
Toma-me o corpo e dança,
Se assim quiser!
Venha como vier,
Tô aqui, esperando seu cheiro.
Seu gosto de viver.
Amo seu estar,
Viveria no seu céu
Até o momento derradeiro.
As vezes te reprimo,
Não te permitindo descer
E me beijar.
Me perdoa por isso.
Mas vem?
Tô meio vazio
Meus poemas querem revolução deles próprios
São duas horas da manhã
Já li todas as notícias de esportes possíveis dessa semana
Já pensei mil vezes em escrever uma poesia
Falando da guerra fria da rede social
Amanhã tenho uma prova de redes 3.
Não consigo dormir.
Tive um sonho onde eu fugia constantemente
Passando por lamas, lagos e piscinas.
Acordei sem saber para onde fugir.
Tô bem cheio disso tudo
Mas ainda assim vazio.
Estou aos 45 minutos do segundo tempo
De um curso de engenharia
Ta três a zero pra mim.
Mas não to ganhando nada.
As construções de papel
Molham na primeira chuva.
Que Deus tenha pena de mim
Ando afim de falar de tristeza
Parece que não tem vez.
A felicidade opressora é em vão,
Não aceitem felicidade forçada.
Ela se fantasia de "tenho que ser feliz"
Felicidade não tem nada.
E ninguém nunca terá.
Felicidade é um estado na planografia
Um território mental
Que não se adquiri,
Se visita.
E mora, se gostar.
Mas ninguém vende.
É como algumas religiões
Que vendem falsos artefatos sagrados
Falsos.
Não compre felicidade de ninguém
É algo seu, e seus pedaços de céu.
Vê se entende,
Definitivamente,
Que felicidade não se compra
E principalmente,
Não se vende.
Eu tenho mil razões para sorrir
Só nessa manhã
Amo estar aqui
Não preciso nem do amanhã!
Estou contente!
E isso me basta.
Só do agora,
Microssegundos!
Não preciso de anos
Nem de satisfazer meus planos
Estou nesse mundo.
Estou, agora,
Consciente!
Estou, minha gente.
Isso é tão leve
Que eu subo até a poesia.
Se eu pudesse eu só estaria.
Eu posso!
Todo dia!
Em cada ato,
Da comida no prato
Ao caminhar na calçada!
Estou aqui,
Assim como você
Que só me lê, agora.
E não pensa em mais nada.
Minha vida se tornou um gol aos 45
Do segundo tempo.
Eu corro no momento.
Ouço meus eu's na arquibancada
Vendo-me marcar cada gol de placa.
Minha vida não passa,
Minha vida caminha.
Minha vida é minha!
Amo cada pinha desse mundão véio.
E o tempo, meu amigo
O tempo não tem freio!
Não sofra!
Não de ouvidos a esse pensamento ruim
Que vai te afastar de você!
Lembra que você é forte aqui dentro!
Se domina!
Não seja escravo do seu ser!
Seja!
A poesia tá sempre em primeiro lugar
Se eu tiver na rua,
No beco ou na sua,
Ela tem que chegar!
Ela não pede licença,
Mas toma bença
Da família inteira.
Ela acha um cantinho pra nascer
Sempre que dou bobeira.
Parece que quer florescer
No meio das abelhas.
Não pode ver uma roda de amigo,
Que já fala comigo
Como quem não quer nada.
Não pode ver um sorriso,
Que já vem papo de paraíso
De vida encarnada.
Anda assim com a felicidade.
Vem falar que pode tudo,
Que não há nesse mundo
Lugar melhor que essa cidade!
Idolatra todo mundo.
Diz ama até o amor.
Faz-se de vítima forçada,
Para a rima elaborada
Poder rimar com dor.
Se materializa sempre
Em tudo que se ama
A vejo claramente
Nos olhos da dona Adriana.
Na filas das escolas
Vejo ela no gol de quem joga bola.
Passa voando, as vezes, com as andorinhas.
Ou se senta para jogar dominó
Com o pessoal das pracinhas.
Até sonhei com poesia
Esses dias
Sonhei que eu podia escrever poemas
Mas no final
Era a poesia que me escrevia.
Personacidade!
Cidades se parecem pessoas!
Pessoas constroem cidades,
Cidades constroem pessoas!
Pessoas perambulam por ruas
E cidades por hábitos.
O cheiro do bueiro,
O mal hálito!
O poeta é um fingidor.
Mas não há mau em fingir.
Se não tiver liberdade poética,
Pra sobressair a ética,
Das condições do existir.
Me atire a pedra, bem mirada,
O primeiro camarada
Que nunca precisou fingir.
Alguns fingem por ambição,
Outros por educação
Pra driblar situação.
Até dor, faz-se existir.
Meu fingimento é poesia,
Finjo a dor e a alegria,
Finjo enredo, alegoria
Finjo até que outro dia,
A gente possa enfim fingir.