Coleção pessoal de albertosanches
Um espaço bem grande tinha se aberto em seu coração. A solidão torna-se sua melhor opção, lagrimas viraram suas melhores amigas… Sorrisos sua maior saudade. Respirar era involuntário, sofrer tinha se tornado a mesma coisa. Drama? Não, respondia. Realismo. Era realista. Antes até se deliciava com sonhos que sempre iriam ser sonhos, hoje apenas espera, mas não por algo que sabe que não vai vim. Na verdade ela espera pelo nada… Como dizem: As vezes é melhor não esperar demais de ninguém para ter um dia a chance de se se surpreender. Mas que alguém? Ela nunca teve ninguém. Aqueles que pensava que no minimo eram alguém, não tiveram força de aguenta-lá por muito tempo… Mas quem disse que ela não entendia? Entendia perfeitamente, e até pensava as vezes em abandonar a si mesma. Seus pais da qual ela não era filha, proclamavam a frase usual. “Você se faz de vitima”. Ela se derramava em pensamentos toda vez que ouvia a frase. Vitima? De si mesma só se for… Ela vivia em estado de câimbra, sempre com dores, apertos, que iam e voltavam… Um dia chegou quase a se afogar em seu mar de incertezas, pensou até em tentar a pescar um peixe, mas quem disse que conseguiu? Um tubarão mordeu a isca. Seria o fim? Ela seria mordida? Destroçada? Pensou que não, nada poderia ficar pior do que já estava. Sentiu um aperto, sentiu todas as cores tornando-se uma só… Ouviu apenas um só, o da misericórdia. Estavam levando-a para o fim… E enfim se regozijou em um sorriso…Coitada, não fazia a menor ideia de que para eles dentro de todo fim havia um recomeço…
Eu não entendo nem me desentendo… Dormo com a esperança, mesmo sempre acordando com a amargura. Nunca vivi de verdade, mesmo sendo tão velha… Velha de pensamento, velha de viver, velha de amar. Meu tempo sempre foi meio legião urbana, constantemente perdido. Meus olhos cansaram de observar: Caminhos, pessoas e nunca compreende-las. Cansei do espelho que nunca conta mentiras, cansei do homem que nunca me conta verdades, cansei dos que me faltam com lealdade, cansei de tentar dividir os problemas e no fim sempre acabar os multiplicando… Sonhei por um instante, mas o realismo é sempre dominante… trinta anos de amargura, trinta anos de esperança, trinta anos de finais… Mas eu apenas queria um dia, porque basta um para se ter um recomeço.
Há quem diz que ela é completa… Há quem diz, que seu eterno inverno um dia já foi verão, a quem diz que, os seus dias nunca foram contados e seus desejos todos, já foram realizados… A quem diz que a garota é absurda e impulsiva, engraça e um pouco forçada… Mas nunca feliz. Atrás de seus olhares famintos por algo que complete seu vazio, existia sempre alguma qualquer outra complicação, e que se não houve-se tenho certeza que na mesma hora ela inventava. Ela se via e não se achava, muito menos se importava… Sua vida era vaga, como sempre representando seu coração. Sua mente devia ser ligada a algum nervo da dor, falava-lhe estimo para viver e deixar enfim de existir. A raiva a possuía, a solidão, a agonia. Ela não entendia o porque ser tão fria enquanto todos eram tão quentes. Ela se via, mas nunca a viam. Ela era perdida, mas nunca tentaram encontra-lá. Ela não amava, mas era algo normal para alguém que também nunca foi amado.
Aquela sensação aguda de desejo estava presente, apesar de ser considerada tão estranha, tinha a abalado… Ela ao menos o conhecia. Na unica vez que o encontrou, ele fez questão de demonstrar que a presença dela não o agradava… Mas ao mesmo tempo a olhava de um modo que ninguém nunca ousou fazer. Ela tinha que admitir a si mesma, ele havia provocado sensações que ela nunca havia ouvido falar, muito menos sentir… Era exitante, arrebatador. E por mais que ela quisesse negar, viciante. E por um pequeno momento se viu desejando para que ela nunca acabasse, mesmo que isso significa-se encontrar com ele outra vez.
Era a desgraça em pessoa, não fazia meu tipo, não me agradava, nem ao menos me fez dar uma risada alguma vez. Era o tipo de pessoa que com muita auto-confiança e esforço conseguia-se ignorar. Suas falas sempre viam acompanhadas de um singelo palavrão, suas expressões faciais sempre envolviam o maxilar trancado… Era o tipo de homem que todas as garotas queriam, o chamado “Perigo em pessoa”. Engraçado, eu nunca fui o tipo de desejar o perigo para mim. A maior parte do tempo me afastava de qualquer coisa do tipo, eu não gostava de confusão, muito menos de pessoas que atraiam-a por instinto. O fato é que depois de um tempo, quanto eu mais fugia eu mais me aproximava… Mais de suas manias entendia, mais de suas loucuras participava, mais dele eu conhecia… Nada parecia lucido quando estava ao seu lado. Por isso fugia, fugia, mas nunca a lugar algum… Corria em círculos, era um ciclo que nunca tinha fim. Ele até um dia chegou a me dizer que eu fui a unica de tantas que se importava com sua sanidade mental, bom, não era só com a dele que eu me preocupava, era com a minha também, que vinha constantemente declinando, a cada vez que ele se aproximava, a cada vez que seu cheiro se espalhava, que sua boca abria em um sorriso escondido só para mim, a cada vez que ele nada falava, apenas me observava… Eu estava ficando confusa, não entendia o que era aquilo que tínhamos, não entendia porque eu parecia estar gostando daquilo tudo que eu sempre procurei fugir. Não entendia o porque de eu ser importante para ele, o porque dele ser tão insano ao ponto de achar que sentia algo por mim. Ele nunca havia me feito sorrir, nunca havia dito que se preocupava comigo, nunca havia dito nada para mim que não viesse acompanhando de um palavrão. E por mais que eu quise-se negar, ele insistia em afirmar que havia algo, que tinhamos algo e que eu era idiota demais para perceber. Eu era o tipo que não se apaixonava, que nunca me deixava levar por nada, era a garota que tinha medo até da própria sombra, que procurou ser tudo menos a garota de alguém… Ele era impulsivo, explosivo, indiferente, a desgraça em pessoa. Ele exalava perigo, e bem, depois de um tempo eu parecia bem avontade com o fato de me arriscar só um pouquinho…
Ele me olhou, e seu olhar parecia adentrar até minha alma. E eu constantemente vinha me perguntando: ”O que será que ele via de tão especial na minha?"