Coleção pessoal de Alasca
teu tremor
[leviano delirio]
desvia o fulgor
do teu corpo alado
- oblíquo desejo velado
te devoro aos poucos
me despeço aos prantos
o que deixo a mim
senão o teu rosto?
esvaído
me esqueço
outra vez eu morro.
pelas noites vazias me afundo
deslumbro teu estonteante sorriso
sincero, profundo
que me entorpece os sentidos.
nos sonhos tropeço
por florestas desconhecidas
eu rezo
e sozinha carrego teu cheiro
invisível como um segredo.
e o que seria de mim se
eu não pudesse
ao menos uma vez
sentir teus olhos sobre os meus?
a inevitável alquimia
dos nossos corpos
e teus suspiros ritmados
estremecem minha sanidade
eu nego
mas inteira e
completamente
me desespero.
sou escrava do teu desejo.
me encontro em pedaços
mas tua voz sussurra
no meu ouvido
sinto teu gosto
teu gosto
sua presença irresistível
tua vontade insaciável
que escorre pelo teu lábio
e pinga nos meus seios
quente
queima como uma vela
se ao menos ela iluminasse nosso delírio?
me pergunto se talvez
talvez?
e acredito que nem deus sabe
que deliciosa contradição
concluir que
tua memória
que persegue o meu juízo
seja apenas uma alucinação