Coleção pessoal de alannastefany
Lágrimas caiam de seus olhos, sussurros escapavam de seus lábios.
- Amor verdadeiro. Onde você está?
E um silêncio se fez presente. Para sempre.
Palavras. Não, não as trato como palavras, trato-as como vidas. È o meu gesticular, a minha maneira de tentar participar de alguma felicidade, ou talvez inventá-la. São metamorfoses das minhas mais alheias emoções, que passam a vida inteira procurando soluções sobre o que eu realmente escrevo. E venho a escrever cada vez mais, pois assim busco sentir a verdadeira magia que elas escondem. Eu acredito em cada ponto que se caiba, em cada pensamento entrelinha, em cada qualquer registro. Eu acredito nas palavras, somente nas palavras. E elas estão sempre a me confundir.
A música começou a tocar, e eu me peguei pensando como foi que eu te ganhei. Lembro-me bem quando você pediu a minha mão, no momento apenas para segurá-la, enquanto a pobre da rua descalça levava toda a culpa pela minha maneira desajeitada. Eu pude sentir seu nervosismo, você tentava mostrar-se firme, mas, no entanto, era na minha mania de rir de tudo que você encontrava força. Eu me senti segura, como que toda alegria do mundo estivesse concentrada somente em mim e nada fosse o bastante para quebrar aquele encanto. Mas eu me esqueci de te avisar que as coisas não são eternas, meu amor, e que o caso da gente não era exceção. Eu fui ouvindo cada vez menos, e a creditar menos. Mas amor, você sabe, amor é uma coisa estranha. Talvez eu tivesse tudo, mas nem sempre isso se torna o bastante pelos reais princípios. E eu preferi tapar meus ouvidos, tapar meus olhos, tapar meu coração, tapar essa voz louca que tenta aprisionar-me a esse desejo tão equivocado que me fazia, além de tudo, te querer. Mas fazia, e a música acabou, juntamente com o meu amor.
Sabe, eu descobri que aquele teu cheiro bom e sereno que me rodeia é flor. Flor ainda no pé, adocicada pelo quão esperado o dia em que saltar em meus braços. Flor que renegas em me dar, para que eu possa envolvê-la em minhas entranhas. Enquanto eu marchava entre peculiares jardins, encontrei uma flor com teu cheiro. Primeiro, pegei e a enrrosquei junto a meu colo, como se não fosse flor, mas o teu osco amor. Lembrei-me absolutamente de tudo que passei ao teu lado, dos seus sussurros, e do bater dos seus lábios em minhas orelhas. Descobri que a flor, no entanto, não tinha mais o teu cheiro gostoso. Suspirava-a até o ápice do que parecia ser teu cheiro, cheiro esse que sumia aos poucos. E descobri que aquilo era o falecer do nosso amor, e que flores são amores que morrer. Você deixou de ser cheiro bom a me rodear e passou a ser flor no meu jardim.
FAZ DE CONTA
Eu gostava de fazer de conta que eu era uma estrela. Ficava horas e mais horas retirando forças para fagulhar meu brilho, enquanto nenhum ser se preocupava em dar uma simples espiadela. Isso era tudo de que precisava, uma espiadela, que faria todo o sentido em minha tola existência. Em toda essa imensidão, em todas as maneiras de universos e galáxias possíveis, eu nem sequer encontrei quem me carecesse um piscar. Mas, dentre desatenções, você instintivamente brilha. E como que toda escuridão já era me feita, não pude perceber. Você insistia, não adiantava. Tentava novamente, nada. E quando eu me vi, realmente, em um ensejo, tremeluzi como se todas as forças do mundo se encontrassem em mim. Nós brilhamos juntos, como que o céu todo não fizesse sentido, e nós brilhamos juntos em extraordinária alegria. Mas, na verdade, todas as forças do mundo não se encontravam em mim, nem em você. A luz que a gente compartilhava foi enfraquecendo, mas as coisas continuavam sem sentido algum. E essa história de ser estrela não era mais tão fantástica. Ousei não desistir, essa conspiração toda que o universo fez ao nosso favor não iria se quebrar assim. Quando te mostrei meu brilho, aquele que você nunca tinha visto antes, você deu aquela simples espiadela que eu tanto precisava. E isso foi o bastante para mim. Daí, nós explodimos completamente em um amor sem fim, e o barulho ecoa até hoje em meu céu.
TRÊS ETAPAS
Não, meu amor, as coisas não são assim. Está longe do meu contentamento contentar-se em apenas te observar, singelo a desfrutar da felicidade alheia. Meu coração sugere firmeza em sua presença, em seu verso não passa de ilusão, pura ilusão. Realmente engraçado como você não consegue ficar segundos sem meu olhar, parece engoli-los com a parte mais egoísta desse amor, desse amor que eu sei estar vivo em algum pedaço seu. Que por sua conta, em algum lugar inalcançável dessa mais perfeita existência. E nessa existência, meu desejo ecoa suave e fugaz, saciando-se nas meras lembranças que tenho do teu rosto tão ideal. Não, meu amor, as coisas estão longe de serem assim. Não vá pensando que eu pensei em tudo, porque, na verdade, eu não sei de nada. Queria queixar-se mais vezes de mim, mas parece que isso não importa, você aprendeu a acolher o que eu tenho a dar. Quem sabe nada tenho a dar. Não vá pensando que eu sei de tudo, porque, com toda verdade, ainda sou uma criança. Só preciso do seu beijo tapando a minha boca, impedindo que haja estrago mais uma vez pelo meu mau uso das palavras em formas musicais. Não, meu amor, as coisas nunca serão assim. Você foi me percebendo cada vez menos. Ter você por perto nunca foi tão doloroso quanto sempre pareceu. Acho que não existe mais aquela perfeita existência. E pela milésima vez, não fui capaz de me admitir uma chance, porque eu não tenho coragem e argumentos o bastante para isso. Isso não é uma estrela morrendo, é só o que era o nosso amor.
Uma coisa é eu dizer que te amo. Outra coisa é eu dizer que não aguento mais. Não posso permitir que você me jogue de um lado para o outro como quem nada sou. Como quem nada quero. Como quem nada sinto. Porque eu sou tão humana quanto você, e àqueles seus momentos falhos em que optei por vedar. E tudo por um pouco de amor. Nunca pensei que o mesmo fosse me requerer tanto. Mas assim aconteceu, e eu cai. É, eu cai, mas não por ser tola; eu precisava de um pouco de amor. Talvez fosse só mais uma fraquejada boba de quem quer tanto uma prova e acaba segurando qualquer ação de desespero. Então logo passa, como eu já li em algum lugar, somos feitos de fases.
E então eu acho que virei a página e tento recomeçar, colocar-me em primeiro plano e sugerir-me que amanha vai ser bem melhor. Penso no que farei pra te esquecer, listo os lugares que não devo ir, tentando não cruzar com você, com esse seu jeito todo que me faz querer que tudo mais dane-se. Você não sabe o quanto isso me assusta, e do efeito que tem sobre mim. Mas ai eu recupero o chão, pareço estar saciada. Dai vem o amanhã, eu já preciso novamente de amor.
Mas hoje eu vou partir, porque o ônibus da vida me espera a conduzir-me por cidades melhores do que você quis ser.
Eu quero mais é viver, meu bem.
Engraçado, toda vez que eu erro uma palavra quando teclo e vou reescrevê-la, eu preciso apagá-la toda para que meu eu interior fique satisfeito. Não que eu seja uma maluca cheia de neuroses ou algo do tipo, mas é que eu tenho coração até mesmo com as coisas mais bestas da vida. Penso como se eu fosse a palavra ate então equivocada, e que você seria a continuação. Mas ai eu esqueço tudo e começo novamente, porque todos merecem uma chance, principalmente você. Eu esqueço aquele meu lado egoísta de sempre e te aceito mais uma vez, só mais essa vez. Essa é a minha parte chata do nosso amor.
Lembra daquele amor que você disse ter morrido?
Como pôde ter morrido se nem ao menos existiu!
Não existe morte para o que nunca nasceu.
È incrível como até ontem tudo continuava normal. Tão normal que seria inimaginável pensar que nossos laços poderiam ser quebrados em um amanhã, e principalmente pelos nossos próprios anseios. Pedras foram impostas em nossos caminhos, tentando a qualquer custo nos destruir, mas nada adiantava. Nossos vínuculos eram maiores do que qualquer problema a nos rondar. E mesmo que isso viesse a acontecer, sempre saiamos de mãos dadas e com sorrisos no final. Mas ai o tempo veio, juntamente com as mudanças e os complementos. Sorrisos e abraços ficaram apenas nas lembranças, enquanto você partia para longe de mim. Cadê aquelas juras de uma amizade forte e impenetrável que você disse termos? E daquela que você disse nunca abandonar-me? È sempre assim, e sempre será. E é mais um passado que se foi.
As coisas nem sempre são como tem que ser, ou como queremos. Eu já cansei de escultar isso, mas parece que a gente insiste em ver uma película de esperança em um fim que não cabe existir. Por que não existe? Olhe para dentro de si e veja, veja quantas vezes eu fui dormir triste e chorosa, esperando que talvez você estivesse do mesmo jeito. Ou quantas vezes eu escorreguei em meio ao banho, descendo pela parede enquanto minhas costas e o meu coração estavam sendo arranhados e esmagados pela não autenticidade dos seus desejos. Ou mesmo quando estou lá, cruzando o seu caminho, enquanto você não faz de conta e debocha, debocha querendo mesmo. E eu, com todas as letras, palavras e textos do mundo ainda não chego nem perto do quanto ainda tenho aqui preso na garganta, e principalmente na alma.